Parece que o que está na moda na política já não é debater projectos e ideias, mas sim ver quem grita mais alto ou diz o maior disparate ou a maior alarvidade.
É isso que dá direito a comentários nas redes socias ou a aparecer em
programas de reality show e nos debates televisivos, para aumentar audiências e ganhar votos.
Suzana Garcia, a candidata à Câmara da Amadora do PSD, é a prova mais
recente do grau zero a que chegou o debate político.
Confesso que não me recordo, nas últimas décadas, de ouvir alguém em
Portugal, candidato num partido com representação parlamentar, ou mesmo
noutros, defender a “exterminação” de adversários políticos.
Foi isso que a candidata afirmou, numa entrevista a um programa de
reality show: “Eu espero mesmo que o Bloco de Esquerda seja EXTREMINADO”.
Depois, questionada pelo entrevistador sobre se defendia o mesmo para o
CHEGA, acabou por dar a resposta “politicamente correcta”, para parecer
independente : “Também”.
Confesso que, desde o nazismo, não me lembro de alguém defender em
público a “exterminação” de adversários ou de quem quer que fosse (o que não
quer dizer que não se tenha feito, mas raramente assumindo).
O nível arruaceiro a que já estamos habituados no meio futebolista,
como tivemos ocasião de assistir ainda na última semana, parece ter agora
descido de vez ao mundo da política, tanto mais que não estamos a falar de uma
candidata de um qualquer grupo marginal, da direita ou da esquerda, mas da
candidata de um partido responsável, fundador da democracia.
Estranho também é o silêncio das redes socias, sempre tão indignadas
quando o disparate vem da esquerda, revelando o grau de infiltração e
influência, nesse meio, do extremismo de direita, de onde é oriunda a boçal
Suzana Garcia.
A arruaça, dominante nos debates das redes sociais, parece estra agora
preparada para tomar conta do poder do debate político.
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