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sexta-feira, 23 de abril de 2021

Mais um “servicinho” do Expresso ao Chega


Este é mais um daqueles títulos falaciosos e tendenciosos, à “correio da manhã”,  a que o Expresso nos tem vindo a habituar nas últimas duas décadas.

Está feito para dar força à voz daqueles que não acreditam no regime democrático e que procuram todos os argumentos para o denegrir.

O título não é inocente, serve para alimentar o comentário fácil de cinco tipos de gente que convive mal com a democracia e os seus defeitos:

- os saudosos da “democracia orgânica” do Estado Novo;

- os saudosos das “democracias populares” de triste memória;

- os ultra neoliberais  que acham que a “verdadeira democracia” só existe com a total privatização da economia e sem direitos sociais;

- os defensores de uma “IV República” para os “portugueses de bem”;

- os anarcas de todas as tendências, estes talvez os únicos bem intencionados.

Para todos esses, por razões diferentes, não havendo uma “democracia plena”, então a democracia em que vivemos não merece ser defendida.

Contudo, olhando com atenção para os dados da sondagem em causa, os resultados não são exactamente aqueles que o título falacioso do Expresso pretende.

De facto, se me colocassem a  questão, eu responderia aquela que foi, de facto, a opção mais votada: “Portugal é uma democracia…apesar de ter pequenos defeitos” (47% dos inquiridos).

Não foi idêntica a essa a reposta de Churchill,  uma das figuras mítica da democracia liberal?

Aliás, não deixa também de ser estranho que o dito inquérito não inclua a possibilidade de uma resposta intermédia, entre o de a democracia “ter pequenos defeitos” e o de a democracia ter “muitos defeitos”.

Para mim, a mais correcto era, exactamente, a resposta intermédia, inexistente nesse inquérito algo tendencioso : “Portugal é uma democracia com ALGUNS defeitos”, e por isso é preciso lutar todos os dias por melhorá-la, em vez a denegrir.

O título correcto, se não houvesse intensão de  manipular a informação, era " 57% acreditam que Portugal é uma democracia plena ou com pequenos defeitos".

Mas isso pouco interessa aos responsáveis pelo tendencioso título do Expresso, mais um bom contributo para a “causa” do Chega e afins.

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