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sexta-feira, 9 de abril de 2021

Calma! Sócrates ainda não se safou! (...antes pelo contrário...ou ...aprendendo com Al Capone!)


Não tendo seguido em pormenor a sessão de hoje da leitura do  processo contra José Sócrates, houve duas ou três coisas que, mesmo assim, percebi e ficaram evidentes:

- a total incompetência do Ministério Público pela  forma como investiga os crimes de corrupção de colarinho branco. Já tinha sido assim como BPN e com o caso dos “Submarinos”, aconteceu agora com a “operação marquês”;

- a total incompetência do juiz Carlos Alexandre na forma como conduziu a acusação, acusando primeiro e procurando as provas depois e deixando escapar partes do processo para a comunicação social, que é o contrário do que uma investigação competente deve fazer. Claro que ia dar buraco, como ficou hoje evidente;

- Ivo Rosa fez aquilo que era possível fazer para salvar ainda alguma coisa do processo, que foi eliminar o que é impossível provar ou estava contaminado pela incompetência do Ministério Público e de Carlos Alexandre, mantendo as acusações com fundamento, mesmo que menos espectaculares. Foi assim que os Estados Unidos conseguiram apanhar Al Capone;

- Sendo quase impossível provar crimes de corrupção, Ivo Rosa, de forma inteligente, manteve a suspeita social desses crimes cometidos por José Sócrates, o que, aliás muito irritou o suspeito. Com isso, retirou a Sócrates qualquer hipótese de sair “limpo” e voltar à vida política. Desta forma, com subtileza, Ivo Rosa prestou um grande serviço ao país;

- Ficou provada a existência de crimes graves cometidos pelo arguido, mas que já prescreveram, devido, mais uma vez, à incompetência do Ministério Público e do juiz Carlos Alexandre, pela forma com este conduziu o processo, mas também devido a esse absurdo princípio da “prescrição”, usado por quem pode pagar a advogados astutos para arrastar processos. Neste campo, algo de urgente tem de mudar na justiça, se querem preservar a sua credibilidade.

Ao contrário do que uma opinião apressada e sectária pode julgar, José Sócrates não se safou e agora, perante a solidez da acusação, mesmo que seja menos espectacular e mais restrita, vai ter mais dificuldade em escapar à justiça.

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