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quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Entre Rio e Montenegro…venha “o diabo”…e escolha Rio!



Tudo o que se passa no interior dos partidos do centrão, aqueles que nos governam desde que temos democracia, não pode passar indiferente ao cidadão comum.

É que, umas vezes em maioria, outras em coligação, são esses dois partidos que lideram o rumo da democracia portuguesa e não se vislumbra uma alteração a essa situação na próxima década.

A disputa pela liderança desses partidos, mesmo que não nos identifiquemos com eles, como é o meu caso, é assunto que deve preocupar todos, até porque, mesmo quem não vote neles, sofrerá as consequências das decisões dessas lideranças.

É assim que, sem me identificar com o PSD, partido que, apesar de tudo, é fundamental para o funcionamento do regime democrático português, me preocupa a situação interna nesse partido.

No PSD sempre existiram várias tendências, uma mais de centro-esquerda, muito minoritária, outra mais de centro-direita e, com Cavaco, Durão e Passos Coelho, outra de direita radical, neoliberal, intolerante e populista que tem sido dominante nos últimos tempos, mas que perdeu a liderança para Rui Rio, que, tal como o presidente de República ( e, no passado, Sá Carneiro), representa uma tendência mais “centrista” (mais liberal, dialogante, democrática e com preocupações sociais).

Sabendo-se que o PS se vai desgastando no poder, é credível que o vencedor das eleições internas do PSD possa vir a tornar-se, na próxima década, o novo primeiro-ministro, por isso não pode ser indiferente, ao cidadão comum, quem vai liderar o partido nos próximos tempos, até porque,  desta vez, existe uma diferença assinalável, quer do ponto de vista ideológico, quer do ponto de vista de estilos, entre os candidatos.

Por isso, como cidadão que já sofreu na pele as consequências das lideranças do PSD, é óbvio que torço para que seja Rio a vencer a segunda volta.

Sem me identificar com a ideologia do PSD e de Rui Rio, parece-me que, apesar de tudo, ele será um líder mais tolerante e dialogante, com preocupações sociais, mais “centrista” e mais próximo de uma democracia aberta e constitucional.

Pelo contrário, Montenegro representa tudo o que de pior existe naquele partido, que, um dia no governo, vai voltar a repor as malfadadas “reformas estruturais” (leia-se, cortes salariais e nas pensões, destruição de direitos sociais, privatização maciça de serviços públicos, destruindo o pouco que resta do nosso fraco Estado Social) do cavaquismo e do passos-coelhismo.

Para além disso, Montenegro representa o lado mais negro da política, o das negociatas de bastidores, submissão ao pior dos interesses financeiros, sem esquecer a submissão aos interesses obscuros das maçonarias, Opus-Dai e Grupo de Bildberg.

Por isso, como cidadão, que sofreu na pele (e bem) as políticas do “ir além da troika” que estão por detrás da candidatura de Montenegro, só posso dizer que…entre Rio e Montenegro venha “o diabo”…mas escolha Rio!

terça-feira, 5 de novembro de 2019

SÓCRATES VAI-SE “SAFAR”!?!!!?



Que não restem dúvidas: nutro por José Sócrates e tudo o que ele representa o maior desprezo intelectual e político.

Sempre exprimi aqui tudo o que penso da “chico espertíce”, do oportunismo político e da falta de ética  que os anos da governação Sócrates representaram. Basta explorar o nosso tag “anti-Sócrates”.

Fi-lo numa época em que as suas políticas antissociais, o seu desprezo pelos professores, a sua bajulação pelo mundo da alta finança, a sua cedência aos ditames de uma União Europeia entregue às políticas de austeridade (pouco depois levadas ao limite por outra figurinha de triste memória, Passos “ir além da Troika” Coelho), eram incensadas e apoiadas com entusiasmo pela maioria dos comentadores e economistas do sistema, os mesmos que depois apoiaram com entusiasmo as medidas  desgraçadas da Troika, e que agora procuram sacudir Sócrates do “capote” .

Sócrates e Passos Coelho foram as duas faces da mesma moeda que tanto sofrimento causou neste país.

Contudo, essa “chico espertice”, esse oportunismo político e essa falta de ética e sentido de Estado na forma de fazer política, não só não são crime, como foram a base do cavaquismo, surgido nos anos de 1980, atitude que tanto fascinou e modelou toda uma geração de políticos formados nas “jotinhas” do centrão.

Contudo, sempre torci o nariz ao modo como foi conduzido o processo de acusação contra José Sócrates, a “Operação Marquês”.

Não porque tenha qualquer dúvida sobre os seus processos de actuação desonestos eticamente reprováveis, já revelados pelo próprio noutras circunstâncias, na forma como, junto de autarquias da Beira Interior, ainda antes de ser conhecido, deu cobertura a verdadeiras aberrações urbanísticas, ou no caso Freeport, nunca devidamente esclarecido.

O que me levantou dúvidas foi todo o modo como o processo foi conduzido, com uma prisão em directo na comunicação social, com o juiz que conduziu todo o processo até há pouco tempo mais interessado em comportar-se como uma estrela dos media e como comentador político, do que em fazer uma investigação célere e eficaz sobre as trafulhices de Sócrates, sem esquecer as fugas constantes de informação sobre o processo, que muito devem envergonhar o nosso sistema judicial, ao mesmo tempo que queimavam a validade das provas.

Mais preocupado em dar  espectáculo e dirigir um processo político, o herói da nossa extrema-direita, o juiz Carlos Alexandre, acabou por contaminar todo o processo, e agora, pelo que parece, Sócrates já pode sorrir.

O nosso Ministério Público devia ter aprendido com a forma como prenderam Al Capone.

Este não foi preso pelos seus crimes ou roubos, mas por fuga aos impostos.

Ou seja, um  criminoso inteligente, como o é José Sócrates, não deixou provas dos seus crimes financeiros e das suas obscuras negociatas, mas terá deixado rasto nos pequenos pormenores.

Infelizmente em vez de um Eliot Ness tivemos um Juiz Carlos Alexandre.

Se o juíz Carlos Alexandre, quisesse mesmo fazer justiça, em vez de exibir o espectáculo da sua vaidade pessoal, tinha construído um processo mais sólido , menos complicado, indo directo às acusações que podia provar, avançando logo para tribunal, em vez de criar um mega processos, onde se misturam acusações  fáceis de provar, com situações, talvez as mais mediáticas, difíceis de provar legalmente.

Primeiro reuniam-se as provas e depois prendia-se. O que se fez com Sócrates foi o contrário. Primeiro prendeu-se, com base em suspeitas previsíveis, iguais às que se podem apontar  a muito do políticos da “geração centrão”, e depois foi à procura de provas, atrás do “disse que disse” de uma comunicação social ávida de escândalos.

O resultado só podia ser desastroso, queimando a investigação nas labaredas dos títulos sensacionalistas do “Correio da Manhã”.

E assim  chegámos à situação actual.

Espero estar enganado, mas pelo que se vai sabendo, Sócrates vai safar-se desta e até se pode dar ao luxo de processar quem o acusa de falta de ética.

Perdem a democracia, a justiça e  os valores éticos.

sexta-feira, 5 de julho de 2019

O Saco de Cavaco.


Para quem acreditava que “Cavaco Silva” e “Corupção” não podiam aparecer numa mesma frase, aí está a reportagem da revista Sábado desta semana para desmontar essa crença.

Pessoalmente só me surpreende que tal nunca tivesse vindo à luz do dia até hoje, até porque, casos como o do BPN, já demonstravam que havia algum fumo por detrás da aparente sorte de Cavaco  se ter escapado ao colapso do Banco dos seus amigos.

Agora o caso envolve o extinto BES, e um esquema de corrupção para financiar as candidaturas de Cavaco.

Só se surpreende com  a notícia quem nunca percebeu que o próprio “cavaquismo” é o “sistema” que está por detrás dos imensos esquemas de corrupção que envolvem conhecidos políticos do “centrão”, sendo Sócrates o elo mais fraco, “mera”  ponta do iceberg.

Desde os tempos de Cavaco que foi uma festança com fundos europeus, negociatas na construção civil, esquemas de compadrio nas privatizações, pornográfica mistura entre o mundo da alta finança e o mundo da politica, com o resultado que está à vista.

Só se espera que, mais uma vez, Cavaco não consiga escapar entre os pingos da chuva da corrupção que conduziu os portugueses à situação actual.

Aguardam-se cenas dos próximos capítulos.

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Por favor, salvem o PSD!



Não, não me converti ao PSD.

Não, não simpatizo com um partido que se diz popular e tem sido apoiante e executor de medidas antipopulares, como aconteceu com o “ir além da troika”.

Também não simpatizo com um partido que anda por  aí a enganar toda a gente a dizer-se “social-democrata”, mas tudo o que tem feito é apoucar o nosso já de si débil Estado Social e a retirar direitos a quem trabalha.

Muito menos simpatizo com o mal disfarçado neoliberalismo que é a matriz actual desse partido.

Sim, simpatizei, mantendo-me à distância, com a coragem de Sá Carneiro que disse e escreveu coisas sobre Portugal, tanto antes como depois do 25 de Abril,  que hoje seriam consideradas, pela maior parte dos seus actuais militantes e simpatizantes, como sendo de “extrema-esquerda” ou “venezuelanas” (acham que estou a exagerar? Então leiam o que ele escreveu, ele que era, de facto, um social-democrata).

Mas, apesar das distâncias e das divergências, penso que esse partido é fundamental para o funcionamento da democracia portuguesa, nem que seja para travar o avanço do populismo de extrema-direita.

O PSD tem um papel pedagógico na direita portuguesa, canalizando para a democracia os órfãos do Estado Novo salazarista e as novas gerações populistas da direita e neoliberais.

Se esse partido se desboroar, abre-se espaço em Portugal para a extrema-direita e esse é, para mim, o maior perigo que a democracia portuguesa vai ter de enfrentar nos próximos tempos.

Por isso apelo às pessoas de bom senso e democráticas que, dentro do PSD, sobreviveram ao cavaquismo e ao passos-coelhismo, para não deixarem morrer o PSD e o salvem da confusão que os está a devastar.

E, não, não estou a ironizar.

Eu sou de esquerda, não desejo que o PSD volte ao poder nos próximos tempos, mas também sei que não há democracia sem um forte partido democrático de direita. O PSD  (e o CDS…mas isso é outra história..) ainda é esse partido.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Ecologia, transportes, Macron e ..."cavaquismo"!



Aparentemente, nada tem a haver com nada e tudo tem a haver com tudo!

Mas, hoje em França, Ecologia, Transportes e Macron tem tudo a haver com tudo!

Vamos por partes:

Em 1976 foi editado em Portugal o livro “Ecologia e politica” de  Michel Bosquet, hoje considerado precursor na defesa da ecologia.

O que retive da leitura desse livro, mais ou menos por essa altura, foi a sua denuncia do papel das grandes empresas petrolíferas no agravamento das condições de vida das populações, quer nos territórios de onde o ouro negro era extraído, principalmente no Médio Oriente, quer no agravamento das condições ambientais a nível global, pela promoção do transporte automóvel movido com derivados do petróleo.

Já então, os piores conflitos mundiais e as piores situações de miséria estavam associadas aos interesses financeiro e económicos ligados ao petróleo e ao sector energético.

Infelizmente, o tempo mostrou que, por um lado Bosquet tinha razão, por outros toda a geração de políticos que governaram o mundo nas décadas seguintes pouco se preocupou com a questão, ou revelou apenas uma preocupação retórica.

O neoliberalismo, que se tornou dominante como prática e pensamento económico a partir dos anos 80, agravou a situação, gerando a ilusão de um capitalismo popular, com convite a que se usufruísse do transporte individual em detrimento do transporte público.

Quem não caiu nessa armadilha que atire a primeira pedra.

Hoje, quando já começa a ser tarde para alterar o desastre ambiental para onde caminhamos, a situação agrava-se, com o mundo governado por políticos cada vez mais incompetentes e com a chegada ao poder, nos países decisivos para o ambiente, de ignorantes e arrogantes que põem em causa, não só o que os cientistas dizem sobre o clima, como o que os cidadãos já começam a percepcionar, no seu dia a dia, sobre o agravamento das condições de sobrevivência.

Em Portugal, o paradigma desse capitalismo popular, que levou os cidadãos a investir nos transportes privados em detrimento dos transportes público foi o chamado “cavaquismo”, que contaminou toda a população e toda a classe politica, promovendo a idéia de um enriquecimento rápido, à custa dos fundos europeus e da corrupção politica generalizada, à custa de grandes obras públicas que promoviam o uso do automóvel em detrimento do comboio e do transporte público.

Aliás, promoveu-se igualmente a idéia que o transporte público e o comboio era coisa de gente pobre e atrasada, de gente que não tinha aproveitado as “oportunidades” e que não era “competitiva” ou “empreendedora” e o uso do automóvel passou a ser uma questão de estatuto social e exibição.

Com isso agravaram-se as contas públicas, com a importação em massa de automóveis (beneficiando alemães e franceses) e  com o aumento da nossa dependência energética face aos grandes interesse petrolíferos que geraram esquemas de corrupção politica em larga escala, com ligações suspeitas a grupos angolanos, brasileiros e venezuelanos, situação ainda hoje mal esclarecida.

Hoje percebe-se que destruir, não só o sector produtivo nacional em nome dos fundos europeus e dos interesses financeiros dos países que dominam a Europa (França e Alemanha), mas também todo o sector de transportes públicos, em especial o ferroviário, foi um erro catastrófico, quer do ponto de vista ambiental, quer do ponto de vista financeiro, que vamos pagar durante décadas.

A aposta nos transportes públicos, mais eficientes do ponto de vista energético, ambiental, económico e em rapidez, é a única com futuro na Europa.

Alguns países já perceberam isso e investiram em força no TGV e nas energias alternativas para o transporte automóvel.

Anuncia-se, por exemplo, que o Luxemburgo vai tornar gratuito o transporte público.

Infelizmente, as medidas radicais na área dos transportes que são necessárias tomar para travar o desastre ambiental, pecam por tardias e por falta de alternativas credíveis.

Depois de décadas a empurrar os cidadãos para o uso do transporte individual, agora é difícil convencer esses mesmos cidadãos a mudar de rumo.

Para os convencer era necessário tomar as decisões há muito tempo adiadas, como a radical substituição da gasolina e do gasóleo por energias limpas, situação que é tecnicamente viável, mas que tem sido travada pelos grandes interesses da industria automóvel e, principalmente, da industria petrolífera, ou a criação de uma rede de transportes públicos viáveis, capaz até de concorrer com o transporte aeronáutico.

Foi isso que, atabalhoadamente, Macron tentou fazer em França, aumentando os impostos sobre o gasóleo e o uso do automóvel, mas esquecendo-se de antes, por um lado criar alternativas viáveis, como, por exemplo, a que vai ser seguida no Luxemburgo, e, por outro lado, saber fazer pedagogia em defesa do ambiente.

Ao lançar um fósforo ( o aumento do imposto sobre o gasóleo) sobre a “gasolina” ( o descontentamento crescente pelas suas medidas antissociais para agradar ao sector financeiro que domina em Bruxelas) Macron, não só comprometeu o seu futuro politico ( e provavelmente o da Europa), como “queimou” uma medida justa, que é a de limitar o uso do transporte privado e dos derivados do petróleo.

Aliás, Macron só cedeu naquilo em que não podia ceder, o imposto sobre energias poluentes, e com isso já perdeu.

Os políticos e o sector financeiro podem adiar decisões urgentes, mas o ambiente não vai esperar.

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Para que servem os livros de memórias de Cavaco?



Sinceramente, ainda não percebi para que servem os livros de memórias de Cavaco.

Será que esses livros chegam aos top’s das livrarias?

E quem os compra, consegue lê-los até ao fim?

Tenho milhares de livros dos quais, confesso, ainda só consegui ler largas centenas.

Compro livros porque me interessam e vou lê-los rapidamente, ou porque “um dia pode ser que o leia” , ou porque trata de um tema que um dia destes vou investigar, ou apenas para ler um capítulo que me interessa, ou porque é um documento histórico que um dia vai ser interessante tratar, ou para ler na diagonal para me fixar numa ou outra idéia.

Não tenho um género preferido, posso ler policiais ou de ficção cientifica, clássicos da literatura universal ou Banda desenhada ( cada vez mais interessante a que se publica),livros de fotografia, sobre cinema, livros de História, por “defeito profissional”, principalmente a portuguesa ,a contemporânea e a local, biografias e, claro, memórias.

Nas memórias leio e/ou compro as memórias históricas, gosto muito das memórias de viagem, de gente que andou por Portugal noutras épocas, memórias de gente interessante, que sabe escrever, que viveu situações interessantes, mas nunca, mesmo nunca, me passaria pela cabeça comprar ou ler as memórias de Cavaco Silva.

O homem que desbaratou os fundos europeus em autoestradas e construção civil, que entregou a economia do país a corruptos (lembram-se do BPN ?) , que destrui a produção nacional porque queria ser o menino bem comportado da Europa, que, como presidente, foi um desastre ainda maior, que em vez de falar grulhe e fala por meias palavras, não me parece que tenha algo de interessante para nos dizer, e eu não perco o meu precioso e  parco tempo de leitura com inutilidades.

O homem até podia ser  um péssimo politico, mas podia ser uma figura interessante noutros domínios, com uma experiência de vida interessante, com uma escrita interessante, e então era capaz de comprar essas memórias (sim, porque compro e leio memórias de gente da área politica de Cavaco, ou mesmo mais à direita).

Mas, pelo que conheço dessas “obras”, por aquilo que a imprensa transcreve, não passam de um desfilar nojento de pequenas vinganças pessoais de um ressabiado que tem umas noções mecanicistas de economia e que é incapaz de ir além dos chavões habituais do “economês” e que, enquanto professor, foi uma autentica nulidade.

Por isso, continuo sem perceber para que servem as os livros de memórias de Cavaco.

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

CP : “crime” ou “desastre”?



O descalabro do transporte ferroviário em Portugal foi um dos temas em destaque este verão.

Que alguns só agora tenham acordado para o tema, não é mera coincidência.

Uns procuram esconder as suas responsabilidades politicas no desastre (como os cavaquistas e o CDS, com “agentes” seus nas sucessivas administrações da “coisa”).Outros, ao serviço do poder financeiro, como acontece com muitos jornalistas e comentadores, só agora se lembraram de uma triste realidade, que vem de longe.

Com raras e honrosas excepções (como a do jornalista do Público Carlos Cipriano que há longos anos denuncia a situação), esta é a sua forma de prestar o seu “servicinho” para justificar a anunciada privatização dos serviços ligados à CP.

Pode ser que ganhem um lugar de assessores de comunicação numa das “futuras” empresas privadas que se acotovelam para tomar de assalto a gestão dos transportes ferroviários (ficando o lucro para eles e os custos para os contribuintes e utentes, como tem sido prática nesta coisa das privatizações...).

O “crime” e o “desastre” da CP não é de agora. Vem de muito longe.

Pessoalmente, fui durante muitos anos utente regular da CP na linha do Oeste.

Ainda sou do tempo dos horários regulares e dos intercidades, que nos punham, aqui de Torres Vedras, a cerca de 1 hora do centro de Lisboa, quando a maior parte dos comboios terminavam o seu percurso no Rossio (hoje, com autoestrada e de automóvel, raramente alguém consegue chegar ao Rossio uma hora depois de sair de Torres, sem esquecer os gastos com portagens, gasolina e estacionamento…).

Fui assistindo, ao longo do tempo, à longa agonia da linha do Oeste e dos transportes ferroviários em geral, situação que se acentuou com a entrada de “fundos europeus” em barda e das autoestradas cavaquistas.

Ao mesmo tempo a empresa foi sendo dividida às fatias, criando-se várias empresas, uma para o transporte de passageiros, outra para a manutenção das linhas, outa para o transporte de mercadorias, etc, etc...Apenas se beneficiou o aumento de lugares nas administrações para os vários "boys"...

Resisti quase até à ultima, mas o fim das ligações directas com o centro de Lisboa, a redução do número de combóis em circulação e os horários cada vez mais absurdos, acabaram por me “empurrar” para a carta de condução, que tirei já depois dos 40 anos.

Toda a estratégia cavaquista de desinvestir nos transportes públicos visou apenas beneficiar os patrões de Paris e Berlim, os únicos a beneficiar pelo facto de terem quase o monopólio da industria automóvel na Europa. Outro dos grandes beneficiados foi o sector petrolífero, hoje cada vez mais enredado nos mais obscuros negócios financeiros e centro de emprego para ex-governantes. Muito do nosso deficit e da nossa divida tem origem nessa opção.

Tudo isto, claro, em nome de uma pretensa “modernização” do país. Ainda me lembro da argumentação de comentadores, políticos e economistas: o “comboio” era coisa do passado, de países subdesenvolvidos.

Muitos portugueses engoliram essa retórica. Eu próprio quase acreditei nessa mentira e só percebi o logro quando comecei a viajar mais vezes para fora do país, inclusive no “centro” da Europa. 

Aí descobri que o comboio é um meio de transporte muito popular, pelo preço, pelo conforto, pela rapidez, pela frequência e pelos horários, com ligações para quase todo o lado.

Hoje começa a ser evidente, até pelas razões ambientais, que o transporte automóvel, pelo menos como o conhecemos, está condenado a prazo.

Por outro lado, estamos também a perder o “comboio” do TGV, que neste momento se torna um concorrente sério à aviação, outro meio de transporte condenado a prazo, também por razões ambientais e até pelo aumento de tempo que se perde nos aeroportos e nas ligações.

Claro que o país não precisava de tanto TGV como se chegou a aventar. Bastava uma boa ligação de TGV entre Lisboa/Sines e Badajoz e entre o Porto e Vigo, melhorando os serviços do alfa pendular entre Lisboa e Porto.

É inconcebível que, tal como há 50 anos, a ligação ferroviária entre Lisboa e Madrid e Lisboa e Paris tenha o mesmo horário e se faça à mesma velocidade.

A aposta até teria custos reduzidos, já que era possível aproveitas o trabalho feito pelos homens do século XIX, que construíram as vias existentes , sendo possível, com as tecnologias de hoje, recupera-las rapidamente. E já agora, até podiam recuperar a industria de construção ferroviária (já tivemos industria que fabricava carruagens e maquinas de comboios, tudo destruído na voragem cavaquista…).

Para as mentalidade “ahistóricas”, e “presentistas” que dominam os nosso economistas, os nossos políticos e os nossos jornalistas, não me parece que seja credível que, de uma vez por todas, apostem forte no  investimento nos transporte públicos, e, em especial, nos transportes  ferroviários.

Assim, o “crime” e o “desastre” está cada vez mais à vista com a privatização da CP, mais uma negociata para alguns, com custos a prazo para todos nós e para os nossos filhos!

Esperemos que o que resta de "cidadania" não se tenha esgotado nos "futebois" e ainda se tenha força para travar o desastre, obrigando a que se aposte, de forma séria, no transporte ferroviário. 

quinta-feira, 10 de maio de 2018

A “Origem”



Quando é que começou esta onda de corrupção envolvendo políticos do “centrão” (ou do “arco do poder”)?

Vão lá atrás, às privatizações da banca e dos grandes sectores de actividade, feitas à pressa, em troca de favores (“eu dou-te o banco, tu dás-me um lugar para mim ou para um boy meu”). Investiguem os envolvidos, os grandes accionistas, os responsáveis pelas leis favoráveis feitas à medida, os “conselhos de administração” (havia um ministro de um governo PSD, hoje responsável por uma grande empresa de comunicações, que se gabava de administrar….13 empresas!!!!).

Vão lá atrás, ao início da chegada em “barda” dos fundos europeus, usados por “empresas” criadas à pressa por quem controlava o poder politico (o “cavaquista” logo à partida…mas outros se seguiram, culminando no “socratismo”…) e distribuído de acordo com leis feitas à medida, elaborada por conhecidos escritórios de advogados, onde trabalhavam ( e trabalham) conhecidas figuras da politica do “centrão”.

Vão lá atrás, às concessões de pontes e auto-estradas, às concessões Público-privadas, aos grandes eventos que desbarataram fundos europeus, vejam quem lucrou, quem administrou e geriu….

Vão lá atrás, ao mundo do futebol, a grande máquina de lavar dinheiro, onde circulam em promiscuidade conhecidos políticos, jornalistas, autarcas, dirigentes de associações profissionais….

Vão lá atrás, ao vasto mundo das autarquias, das empresas municipais, dos concursos feitos à medida de boys e girls, esse autêntico “centrão dos pequeninos”…

Vão lá atrás, aos boys e girls nomeados para as administrações públicas,  com salários e condições com que os verdadeiros funcionários públicos nem sonham…

Vão lá atrás, à história das universidade privadas e dos politécnicos, muitas delas feitas para empregar políticos no desempego, outras para “ajeitar” currículos de “jotinhas” candidatos à carreira politica...

Depois cruzem todos esses dados, todas as histórias de vida dessa gente, e talvez descubram que Sócrates é “apenas” uma gota no oceano.

Recentemente um estudo da CGTP mostrava que o salário mínimo em Portugal, se tivesse em conta a inflação e a produtividade, com base na realidade de 1974, devia estar hoje nos 1400 euros.

A diferença entre os 585 actuais e os 1400 onde devia estar, vão encontra-la no bolso daquela gente…

segunda-feira, 30 de abril de 2018

Manuel Pinho, entre "promotor" do populismo e "coveiro" da democracia


Manuel Pinho é mais um que tem muito que explicar, (ver AQUI reportagem da Visão), contribuindo com mais um prego para o caixão da democracia e para promover o populismo, com o seu oportunismo e falta de vergonha cívica...é caso para dizer...com "amigos" destes o sistema democrático não precisa de inimigos...

Mas Manuel Pinho e o governo que o promoveu não são os únicos que devem uma explicação ao "povinho" (já para não falar no que terá de responder em tribunal) .

Ele é fruto dos tempos do “centrão” que “produziu”, primeiro à sombra do cavaquismo e depois do socratismo, casos como o BPN, o BPP,o BES, Caixa Geral de Depósitos, Tecnoforma, e tantos outros que nos conduziram à bancarrota e abriram caminho ao oportunismo populista do “ir além da Troika” do “passos-coelhismo”.

Deve-se a Pinho uma das frases mais escabrosas da história da democracia, quando, numa visita de negócios à China, apontou como uma das “vantagens” para se investir em Portugal a nossa “mão-de-obra barata”.

O tempo das negociatas entre banqueiros e políticos, e dos jogos de influência entre grandes empresários e ministros, que circulam do poder politico para o poder económico e vice-versa, com uma perninha como “visitor teacher” numa qualquer universidade, a quem devem favores e que forma as elites financeiras que nos conduziram à situação actual, deve ser definitivamente enterrado, para bem da democracia e para enterrar de vez o oportunismo populismo que se espalha como um vírus à sombra destes casos que, mais do que de politica, são casos de policia.

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Basta gritar “corrupto” para ser corrupto?



As redes sociais proliferam de acusações de Corrupção e de debates sobre quem é mais ou menos corrupto, com frases pequenas, cheias de insinuações e insultos, esquecendo-se de um pormenor: a presunção de inocência.

Mas para os demagogos que proliferam nas redes sociais pouco interessa a verdade ou a mentira e muito menos a discussão serena.

Uma comunicação social sensacionalista, misturada com uma classe politica despida de valores éticos e uma ignorância generalizada são o terreno fértil para a proliferação de demagogos e populistas.

Claro que foi uma geração de políticos, formados nas “jotas” e na manipulação de fundos europeus, oportunistas de carreira, exibindo a vaidade para disfarçar o vazio de ideias e sempre prontos a fazer favores a qualquer negociante engravatado a nadar em dinheiro, que deu o mote aos demagogos que dominam as redes sociais.

Claro que a corrupção é um grave problema nas democracias actuais. É mesmo um perigo, a prazo, para a própria sobrevivência da democracia.

Claro que não existe uma “corrupção de direita” e uma “corrupção de esquerda”, nem a corrupção do meu “amigo” é melhor que a do meu “inimigo”.

Os “gritadores” das redes socias, “impolutos”, sempre prontos a apontar  a “corrupção do vizinho” e a desculpar a “corrupção lá de casa” dividem-se em  grupos:

-aqueles que confundem campanhas de desinformação com verdade dos factos. Antes de alguém ser julgado, encontra escarrapachado todo o processo nas primeiras páginas dos jornais sensacionalistas. Apesar de dar uma má imagem da justiça portuguesa e dos jornalismo que assim actua, tudo vale para vender jornais e para um qualquer juiz ganhar protagonismo mediático. Mesmo que se venha a ser provada a inocência, o visado acaba ali a sua vida pessoal;

-aqueles que nivelam igualitariamente o presidente  da junta que faz um favor a um amigo, o vereador que passa por cima da burocracia  para acelerar uma obra necessária, um ministro que desvia fundos públicos ou toma decisões para favorecer uma empresa para onde vai trabalhar quando abandona a politica, até ao burocrata de Bruxelas que toma decisões que prejudicam os cidadãos para salvar bancos corruptos. Tudo isto é condenável, mas nem tudo pode ser colocado ao mesmo nível;

- aqueles que confundem “corrupção” com o que é eticamente condenável. Uma situação pode ser eticamente condenável, mas pode ser legal. Toda a austeridade que sofremos para salvar bancos e banqueiros “corruptos” era eticamente reprovável…mas era legal. O problema aqui reside muitas vezes na ambiguidade da lei, que protege o grande corrupto, que tem dinheiro para arrastar processos até à sua prescrição e para pagar a bons advogados que o “safem”, enquanto o “pequeno” corrupto acaba desfeito nas malhas da lei;

-aqueles que acham que a culpa é da democracia e que “antigamente” (leia-se, por cá, no tempo de Salazar) é que era bom. Esquecem-se que muito daquilo que é condenável em democracia, não o era em ditadura. Salazar construi o seu domínio alimentando uma oligarquia financeira e económica por meios que, à luz das leis actuais, seriam crime de corrupção, desculpando ou silenciando a corrupção dos seus apaniguados e impondo-se aos tribunais que, em qualquer ditadura, seja qual for a sua cor politica, não são independentes da decisão dos ditadores.
E se, mesmo assim, o “caso” se tornasse público, lá estavam a Censura e a PIDE prontas a actuar para silenciar o “escândalo”. Na ditadura, ao contrário da democracia, “não existe” corrupção, nem pobreza, nem crime, porque tudo isso era proibido de divulgar, principalmente se, em causa, estivessem partidários da ditadura, na Salazarista ou noutra qualquer. A diferença é que, apesar de tudo, em democracia os tribunais, apesar de todas as pressões, ainda são independentes e não existe censura e tudo, mesmo o que pode ser mentira ou não provado, acaba no conhecimento público.
Mesmo aqueles que defendem que o ditador nunca foi rico, esquecem-se de que este, para além de proteger os corruptos do regime, não se tinha de preocupar com o dinheiro para pagar as suas contas, alguém pagava por ele. Aliás o ditador preocupava-se mais com a manutenção do poder do que com o dinheiro. E que maior acto de corrupção existe do que aquele que o manteve no poder, sem controle democrático, construindo leis e uma Constituição para o perpetuar no poder e ao seu regime, e que submeteu o país à miséria mais abjecta, um país que apresentava níveis de saúde e educação do terceiro-mundo e obrigou o país a uma guerra sem fim e desgastante, situações que ainda hoje todos estamos a pagar?

No Portugal democrático a corrupção não tem cor politica, embora atinja mais as formações politicas que estão próximas do poder, o chamado centrão.

A grande corrupção politica no Portugal democrático começou com o cavaquismo e a forma como foram geridos os fundos europeus que então chegaram em “barda” a Portugal. Não por acaso, quase todos os ministros desse tempo acabaram envolvidos nos grandes processos de corrupção (o BPN foi apenas a ponta do iceberg), embora se tenham “safo” quase todos graças à demora dos tribunais e à influência que exerceram sobre o poder judicial.

A grande corrupção politica agravou-se no tempo de Sócrates, estando ainda a decorrer processos sobre a actuação desse politico.
A mim não me surpreendeu a situação judicial de Sócrates. Não tenho grandes dúvidas sobre a sua falta de ética e sobre os crimes de que é acusado. O que me surpreende é como, usando os mesmos critérios para criminalizar esse antigo primeiro-ministro, não existem outros políticos do centrão  a contas com a justiça. Neste caso parece que estamos perante um caso de justiça selectiva. Outros aspecto estranho neste caso é a demora em levar esse politico à barra do tribunal, pois aquilo que veio a público já tinha dado vários processos. Aqui parece-me que o interesse não é fazer justiça mas usar um processo para fazer politica partidária. E não me venham falar na independência da procuradora, Joana Vidal. Desde que a vi “desfilar”, em pleno passos-coelhismo, numa Universidade (?) de Verão da JSD, que ficou tudo dito sobre a sua independência!!!

O governo de Passos Coelho não melhorou a situação. Além do constante espezinhar ilegal da Constituição para agradar aos “mercados” do corrupto poder financeiro, também têm vindo a público vários processos que o envolvem ou a ministros seus, mas que têm sido silenciados ou acabando prescritos, como o caso dos “submarinos” (este vindo do tempo de Durão Barroso), o caso dos vistos Gold, o “apagão” das finanças ou os esquecidos casos dos “Panama Papers” e da  Tecnoforma!!!!

Mas, muitas vezes, os grandes corruptos nem são os rostos mais conhecidos. Estes mantem-se muitas vezes no anonimato, manipulando a politica, as finanças e a economia. Basta consultar as listas de grandes devedores ao fisco ou dos que recorrem aos paraísos fiscais, onde proliferam os ilustres desconhecidos, alguns deles, acredito, testas-de-ferro de gente mais conhecida.

A corrupção existe, é o grande cancro da democracia, mas não se resolve com gritaria histérica, com sectarismo ou, ainda menos, com uma ditadura.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

A “noite de cristal” da direita Portuguesa.

(Cartoon de Vasco Gargalo)

Ontem foi um dia “mágico” para direita portuguesa ou, parafraseando o título de uma notícia do Público de hoje, a Direita “inchou” com o “ralhete de Marcelo ao Governo”.

O dia começou com todos os jornais exibindo, a toda a largura da primeira página, fotografias do presidente, com frases descontextualizadas da sua intervenção, ameaçando o governo, como se estivéssemos perante um golpe de Estado.

Pouco tempo depois foi anunciada a demissão da Ministra da Administração Interna.

Veio-se a saber durante o dia que a maior parte dos jornalistas já sabia da demissão da ministra ainda antes da intervenção de Marcelo, mas retiveram a notícia,  para dar a idéia que aquela demissão era uma consequência directa da intervenção do presidente, até porque, perante essa notícia, seriam obrigados a alterar a primeira página, retirando impacto à abusiva interpretação que quiseram fazer do discurso do presidente.

Menos de uma hora depois de se saber da demissão da ministra, caia a notícia de que as armas de Tancos tinham aparecido, sabendo-se, mais tarde, que a Policia Judiciária , que investigava o caso, só foi informada daquela descoberta depois das armas terem sido retiradas do local onde estavam, e depositadas novamente em Tancos.

Essa foi uma notícia que também era conveniente que só se conhecesse depois da demissão da ministra!

Mas o dia perfeito para a direita portuguesa não se ficou por aqui.

Pouco depois, começou a ganhar impacto, nas redes sociais, uma convocatória feita no dia anterior para uma manifestação de uma “maioria silenciosa” “contra os incêndios”, que já tinha sido ensaiada na noite anterior.

Contudo, sabe-se que essa convocatória não é tão inocente como isso. O Próprio Público, na sua edição de ontem, referia, numa noticia convenientemente “escondida” numa pequena caixa de texto, que, por detrás da manifestação da noite anterior estava um site não identificado e outro ligado a gente do PSD próxima de Passos Coelho. Ao longo do dia soube-se mais sobre quem está por detrás da convocação dessa manifestação, marcada para o próximo Sábado: figuras ligadas a Passos Coelho.

Para além da sessão parlamentar de ontem, onde a direita, com todo o oportunismo e falta de vergonha que a tem caracterizado nos últimos tempos, aproveitou para desancar no governo e anunciar formalmente a apresentação de uma moção de censura, deu-se a aparição de um Passo Coelho rejuvenescido, desaparecido de circulação desde que anunciou que não se recandidatava à liderança do partido, mas agora em posse de quem não está de partida. A partir de ontem é caso para dizer a Santana Lopes e Rui Rio   que se cuidem.

Na minha opinião, esta foi a ocasião esperada por Passos Coelho para criar uma “vaga de fundo” que o reconduza à liderança do PSD….a ver vamos!!

Mas também, no meio da sua euforia, a direita deu alguns  tiros nos pés, pois forçou muita gente a investigar, descobrir e recordar  leis, medidas politicas na área do ordenamento florestal  e do território que conduziram ao desastre ambiental que potenciou a tragédia a que assistimos no Domingo, leis e medidas essas assinadas , entre outras, pelo próprio Passos Coelho e por Assunção Cristas (ver AQUI e AQUI).

Além disso, o momento eufórico em que vive a direita, põe em causa a desejada conciliação nacional e acordo de regime, defendidas pelo Presidente, para levar para a frente as necessárias e verdadeiras reformas estruturais nas áreas da prevenção e combate a incêndios e um profundo e urgente ordenamento florestal e do território.

Tudo isto contribui para fazer esquecer quem esteve por detrás dos “atentados terroristas” de Domingo, bem como passou para segundo plano a descoberta do envolvimento de gente próxima de Passos Coelho na “operação marquês”, noticia também conhecida ontem.

António Costa está a passar a sua verdadeira prova de fogo, e terá de agir rapidamente, pondo em prática as reformas propostas pelas comissões que analisaram os incêndios deste ano e encontrando a melhor forma de as financiar.

A direita, essa, já ameaçou que vai continuar a boicotar a acção do governo e a aproveitar todas as tragédias que venham a acontecer, mesmo que muitas delas sejam a consequência lógica de anos de cavaquismo e de políticas de austeridade.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Operação Marquês- a justiça fica-lhes tão bem.

(Cartoon de Vasco Gargalo - Revista Sábado)

Depois de 4 anos de investigação chegou-se finalmente à acusação.

Agora, o que todos os cidadãos devem exigir, é que a justiça seja célere e clara, não deixando escapar ninguém, não deixando qualquer dúvida sobre inocência ou culpabilidade.

A mim, o que me espantou não foi a “qualidade” da gente envolvida, mas o facto de nunca se ter ido tão longe noutros casos de corrupção politica, como no caso BPN.

As ligações quase mafiosas entre o poder financeiro e o poder político, envolvendo também empresários, e gozando da conivência de alguma comunicação social (o próprio BES chegou a financiar “féria de sonho” a dezenas de jornalistas da área económica, como se soube AQUI), eram de há muito conhecidas e ganharam dimensão com a afluência a Portugal de milhões em fundos estruturais e europeus, aliando-se a um certo espírito “novo-riquista” de uma classe politica, alojada no chamado “centrão” e à sombra do maná desses fundos.

Todo o percurso biográfico de Sócrates encaixa perfeitamente nesse novo tipo de políticos formados no “centrão” e no cavaquismo, que gerou dezenas de casos nas últimas décadas, muitos dos quais ficando-se pela superfície ( casos BPP e BPN), outros nem sequer avançando (tecnoforma), mas que eram o resultado lógico desse “nova mentalidade”, políticos esses que colocavam no topo da sua vaidade um qualquer título académico forjado ou  comendas distribuídas entre amigos em solenes cerimónias (leia-se, aproposito, o que AQUI escrevi em 2014 e AQUI em 2016).

Além disso, casos como o de Sócrates revelam-se exemplares, mesmo na Europa, pois não são muito diferentes de muitos outros mal esclarecidos envolvendo, só para citar alguns de memória, um Tony Blair, um Juncker ou um Rajoy, com a diferença de que estes morreram no ovo de uma justiça muito dependente do poder politico e financeiro.

Esperemos que este caso e o seu consequente julgamento faça escola, não só na história da justiça portuguesa, mas como modelo a seguir numa Europa que se deseja renovada.

Nós, os cidadãos, que pagámos para a festa, não vos largaremos, nem um momento, até que seja feita justiça, uma justiça que deve ser também pedagógica, para que todos os novos candidatos a Sócrates, em Portugal ou por essa Europa fora, saibam que não estão acima da lei.

Que se faça justiça, e de forma célere!


quinta-feira, 14 de setembro de 2017

“Universidade de Verão”


Tivemos hà dias uma “Universidade” de Verão  de um partido do regime que foi profícua em intervenções idiotas e estapafúrdias.

Não deixou de ser curioso que a nossa imprensa de referência se tenha referido a essa “Universidade”, sem aspas e muitas vezes em maiúsculas, e sem se rir ou publicar a notícia numa página humorística.

Chamar “Universidade” àquilo é, no mínimo, uma ofensa à Universidade.

E o que é que vimos nessa “Universidade”? enxurradas de mera propaganda política, uma espécie de lavagem ao cérebro a jotazinhos, candidatos a futuros cargos políticos, com intervenções que não foram mais longe que a mera boçalidade, armada em “lição” mal preparada, para encher as aberturas de telejornais, como aconteceu com um Paulo Rangel enraivecido e a espalhar ódio por todo o lado, insinuando que o actual governo e os seus cortes cegos (???)  seriam responsáveis por todas as mortes ocorridas em Portugal e arredores nos últimos dois anos!!! (claro que estou a caricaturar a própria caricatura dessa miserável intervenção), um vergonhoso aproveitamento politico da tragédia de Pedrogão Grande.

Outro momento “alto” foi o regresso de Cavaco Silva, numa intervenção ressabiada cheia de trocadilhos armado ao engraçado, misturada com graçolas baratas, no meio de pios e “contra-pios”, enfim, um Cavaco no seu pior!!!!

Cada partido é livre de iniciar os seus seguidores na narrativa e nos valores que o caracterizam, é livre de realizar acções de formação politica junto de militantes e de fazer a propaganda dos seus objectivos.

O que não pode é aviltar as instituições, como o fez com a Universidade, chamando àquilo “Universidade de Verão”.

Só faltou mesmo o Relvas a distribuir diplomas no fim!!!

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

O Regresso da "Múmia"!


Pensava que o Cavaco já se tinha reformado de vez e nos deixasse em paz com as suas intriguices.

Mas não, o homem está de volta, com um livro intitulado “Quinta-feira e Outros Dias”, aparentemente um título original de mais para o habitual cinzentismo do personagem.

Um leitor do jornal Público, no passado dia 14 de Fevereiro, explica-nos a origem de tão “original” título: o livro de poemas “Quinta-Feira e Outros Poemas”, de Miguel Franco (dramaturgo que viveu entre 1918 e 1988)

Numa nova versão do “nunca me engano e raramente tenho dúvidas , Cavaco explica ter desenvolvido um método de registo de “intervenções e conversas”, recorrendo a um bloco azul de folhas A5, desenvolvido nos seus “tempos de estudante universitátio” que “lhe permite (…) relatar fielmente o que se passou” (Público 12 de Fevereiro 2017).

Talvez por isso, como se interroga ironicamente o citado leitor do Público (Ademar da Costa da Póvoa do Varzim), talvez tenha sido aquele método que levou Cavaco a memorizar o título do livro de poemas que plagiou para o título da sua nova obra.

Enfim, mais um caso de mal disfarçado de plágio a que os políticos portugueses nos vão habituando.

Seja como for, eu, que gosto muito de livros, que, enquanto tive algum poder de compra, os adquiria vorazmente, houve, contudo,  sempre um tipo de livro, dos quais, mesmo oferecidos,  fugi como o diabo da cruz, memórias de gente cinzenta, principalmente se têm por autor nomes como “Cavaco Silva”.

 Por isso não vou dedicar à “obra” mais do que um ou dois cometários baseados nalguns “digest” filtrado pela imprensa.

Ao que parece a “obra” ,que será hoje editada,  debruça-se sobre os tempos da sua relação com José Sócrates.

É fácil, agora, bater no “morto”. Mas Cavaco nunca foi conhecido pela coragem, mas, pelo contrário,  como “alimentador” de tabus, movendo-se fantasmagoricamente pelos corredores do poder.

Recorda-nos o jornal Público de hoje alguns momentos da sua relação com o governo Sócrates, como os elogios que o pior presidente da nossa democracia teceu ao “ímpeto reformista de Sócrates”, durante o primeiro governo deste, o tal “ímpeto reformista” que teve como principais alvos os professores e os funcionários públicos e as negociatas que arruinaram o país.

Mais tarde, quando o barco já de afundava fez o que se espera sempre de personagens como Cavaco, tira o tapete a um Sócrates fragilizado e afirma, no discurso de tomada de posse do segundo governo de Sócrates, em 9 de Março de 2011, que não havia mais condições para sacrifícios.

Viu-se a sua “coerência” ,sobre essa afirmação, durante os anos seguintes, os do governo de Passos Coelho, quando assinou por baixo todas as “reformas estruturais” que nos sacrificaram  todos, isto é, o monstruoso aumento de impostos sobre a classe média, os cortes no ordenados e nas pensões, a destruição do já de si irrisório “Estado Social” português, o corte em direitos sociais  e a total submissão à Troika, deixando mesmo que se fosse “além da Troika”.

Espero que, depois de descer á cidade para lançar o seu lixo intelectual e debitar mais algumas alfinetadas cheias de lugares comuns, regresse calmamente ao seu covil para gozar a sua “merecida” reforma.

 

 

 

 

quinta-feira, 10 de março de 2016

O Primeiro Dia sem Cavaco


Este é o primeiro dia sem Cavaco, motivo de regozijo para quem, como eu, acha que, primeiro como governante, depois como presidente, Cavaco Silva contribuiu para conduzir o país ao beco sem saída em que nos encontramos.

Como Primeiro-Ministro muito contribui para destruir a produção nacional, a agricultura, a industria e as pescas, em troca de uma ilusória abastança à custa de fundos estruturais europeus, usados nas negociatas financeiras do próprio e dos amigos e na construção de uma idéia de desenvolvimento alicerçada num vago “capitalismo popular”, em obras faraônicas e num consumo desenfreado.

Depois, como Presidente, quando nos apresentaram a conta do desvario, portou-se como um autêntico líder de quadrilha, apoiando o governo anterior no assalto aos direitos e ao bolso dos portugueses para salvar ao amigos da finanças e das negociatas.


O cavaquismo e os seus estragos vão perdurar ainda por muito tempo, até porque deixou muitos fiéis seguidores, na politica, na comunicação social e no mundo das negociatas, mas ontem foi um dia de esperança.

Pelo menos temos a garantia que Cavaco Silva já não vai voltar a fazer estragos.

Em sua “homenagem” aqui deixamos uma “quadra popular”, baseada numa “música” dos santos populares:

O CAVACO JÁ SE ACABOU.
O COELHO ESTÁ-SE A ACABAR
PAULO PORTAS, PAULO PORTAS, PAULO PORTAS
ENTRA NO SUBMARINO

P’RA NÂO MAIS VOLTARES…