Não, não me converti ao PSD.
Não, não simpatizo com um partido que se diz popular e tem sido
apoiante e executor de medidas antipopulares, como aconteceu com o “ir além da
troika”.
Também não simpatizo com um partido que anda por aí a enganar toda a gente a dizer-se “social-democrata”,
mas tudo o que tem feito é apoucar o nosso já de si débil Estado Social e a
retirar direitos a quem trabalha.
Muito menos simpatizo com o mal disfarçado neoliberalismo que é a matriz actual
desse partido.
Sim, simpatizei, mantendo-me à distância, com a coragem de Sá Carneiro
que disse e escreveu coisas sobre Portugal, tanto antes como depois do 25 de
Abril, que hoje seriam consideradas,
pela maior parte dos seus actuais militantes e simpatizantes, como sendo de “extrema-esquerda”
ou “venezuelanas” (acham que estou a exagerar? Então leiam o que ele escreveu,
ele que era, de facto, um social-democrata).
Mas, apesar das distâncias e das divergências, penso que esse partido é
fundamental para o funcionamento da democracia portuguesa, nem que seja para
travar o avanço do populismo de extrema-direita.
O PSD tem um papel pedagógico na direita portuguesa, canalizando para a
democracia os órfãos do Estado Novo salazarista e as novas gerações populistas
da direita e neoliberais.
Se esse partido se desboroar, abre-se espaço em Portugal para a
extrema-direita e esse é, para mim, o maior perigo que a democracia portuguesa
vai ter de enfrentar nos próximos tempos.
Por isso apelo às pessoas de bom senso e democráticas que, dentro do
PSD, sobreviveram ao cavaquismo e ao passos-coelhismo, para não deixarem morrer
o PSD e o salvem da confusão que os está a devastar.
E, não, não estou a ironizar.
Eu sou de esquerda, não desejo que o PSD volte ao poder nos próximos
tempos, mas também sei que não há democracia sem um forte partido democrático de
direita. O PSD (e o CDS…mas isso é outra
história..) ainda é esse partido.
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