O recente desfecho de
alguns casos de tribunal, que envolvem figuras da vida politica nacional, é um
mau prenuncio do estado da justiça portuguesa, mas também do estado da
comunicação social e da classe politica, e representa uma grave machadada na
credibilidade democrática.
Como cidadão, não me
sinto convencido nem devidamente esclarecido sobre esses desfechos.
Mas algumas conclusões posso tirar dessa onda de absolvições de casos mediáticos:
- aquilo que qualquer
cidadão normal, que vive do seu trabalho, considera eticamente reprovável,
afinal não é corrupção…porque é legal. Dá para perceber que quem faz as leis as
faz para fomentar o que é reprovável eticamente e, em muitos casos, para
proteger o que é perceptível como corrupção. Percebe-se assim a misturada entre
escritórios de advogados , classe politica e grandes empresários…;
- o Ministério
Público acusa antes de ter provas sólidas e, por incompetência ou conivência, ou
ambas, antes de conseguir essas provas, prefere fomentar fugas de informação
selectivas, que minam a credibilidade da justiça, contaminando a investigação e
as provas e condenando na praça pública
antes de se chegar a julgamento, agindo conforme a conveniência política do
momento: “ora agora acusamos políticos do PSD, ora agora acusamos políticos do
PS”!!!;
- a comunicação
social faz o servicinho sujo de toda essa gente, mais preocupada com audiências
do que em investigar por conta própria os casos de que tem conhecimento,
misturando,no mesmo saco, falsas suspeitas, muitas vezes por mera vingança
politica e pessoal, dos verdadeiros casos de corrupção, sem separar o que é
corrupção ética do que é legalmente condenável.
Apesar de toda essa
areia atirada aos olhos do incauto cidadão, apesar da incompetência da justiça, há uma
forma simples de perceber se os absolvidos são de facto criminosos ou não,
mesmo que a lei os proteja:
- se eles, após serem
absolvidos, processarem a comunicação social e a própria justiça e se baterem
até ao fim por pedidos públicos de desculpa e pelas indemnizações devidas, de
forma frontal e aberta, é porque de facto são inocentes. Não era isso que
qualquer cidadão injustamente acusado faria?
- se, pelo contrário,
se remeterem ao silêncio, então é porque têm mesmo alguma coisa a esconder e
preferem não fazer ondas e contentar-se com a forma como se safaram de prestar
contas à justiça, jogando com todos os sobre-refúgios de leis, criadas à medida
pelos escritórios de advogados que lhe fornecem os mesmo advogados que os safam…
Situações como essas,
pouco claras, sem certezas, que não convencem ninguém, só contribuem para minar
o Estado de Direito e a Democracia e fomentar a demagogia das redes sociais e dos
“coletes amarelos”.
Depois não se admirem
se, um dia destes, um qualquer Bolsonaro bater à porta da democracia portuguesa!!
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