Pesquisar neste blogue

Mostrar mensagens com a etiqueta Que se Lixe a Troika. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Que se Lixe a Troika. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A Crónica de Daniel Oliveira: Manifestação de amanhã ainda há vida fora das redes sociais?

É já amanhã que se realiza a manifestação organizada pelo colectivo "QUE SE LIXE A TROIKA", que tem início às 15 horas, partindo do Rossio até à Assembleia (o percurso pode ser visto em baixo).

Entretanto sugerimos a leitura AQUI do blog do grupo, onde pode encontrar depoimentos bastantes interessantes, bem como a crónica de Daniel Oliveira, que pode ser lida clicando em baixo:



terça-feira, 22 de outubro de 2013

“Obrigado Troika”…uma manifestação que só podia ser mesmo a gozar..




Afinal a manifestação de apoio à troika, convocada por um hipotético grupo auto-intitulado “Obrigado Troika”,não passou de uma original e irónica brincadeira organizada pelos promotores da manifestação do próximo fim-de-semana, o grupo “Que se lixe a Troika!”.

Talvez por isso, e porque se deixaram enganar de forma indecente, os órgãos de comunicação social procuraram disfarçar o ridículo em que caíram silenciando maioritariamente esse “não acontecimento”.

Eu próprio acreditei na iniciativa, pois julgo que, infelizmente, até existirá espaço para uma iniciativa a sério de apoio à troika, pois há muitos que estão a ganhar com esta crise, basta olhar à nossa volta…

Já estava a imaginar uma manifestação liderada por Poiares Maduro, em representação do governo, ombreando como o funcionário da União Europeia em Portugal que redigiu o conhecido vergonhoso documento de chantagem e ataque às instituições democráticas portuguesas, acompanhados por representantes das embaixadas da Alemanha, Holanda, Finlândia e, porque não, de Angola e da China, empunhando megafones de onde debitavam as palavras de ordem da manifestação:

“Portugueses trabalhadores e qualificados fora de Portugal, Já!”;

“Trabalho com direitos Não! Precaridade Sim!”;

“Nem mais um português com Pão, Saúde, Educação e Habitação!”;

“Os funcionários públicos e os pensionistas que paguem a crise!”;

“Sindicalistas? Vamos a eles, carago!”;

“Tribunal Constitucional para a Rua, já!”;

“Constituição? Só por cima do meu caixão!”;

“O povo não aguenta? Ai aguenta, aguenta!!!”;

“Salários, impostos, desempregados e reformados? Não pagamos! Não pagamos! Não pagamos! Não pagamos…”;

“Estado Social? Querias…contenta-te com a sopa dos pobres!”.

Logo atrás, um grupo de banqueiros e grandes empresários, liderado por Eduardo Catroga,  Fernando Ulrich e Ricardo Salgado, marchava à frente de milhares de especuladores bolsistas e de accionistas de grandes empresas, onde estavam representados todos os membros das empresas do PSI 20 que colocaram os seus impostos nos paraísos fiscais, agradecidos pelos sucessivos perdões fiscais e pelo dinheiro do empréstimo da troika, pagos por todos nós, que vieram salvaguardar o seu estilo de vida . Podiam-se ver ainda muitos antigos gestores e accionistas do BPN.

Seguia-se uma ala liderada por Camilo Lourenço, César das Neves, Vitor Bento, e Ricardo Arroja, formada por cerca de 500 manifestantes, que incluíam os comentadores, economistas e jornalistas que circulam revezadamente por jornais e televisões, a tropa de choque da propaganda em favor do memorando e que nos tenta impingir o caminho único, massacrar-nos a convencer-nos da nossa culpa por vivermos “acima das nossas possibilidades”, isto é, vivendo com mais de 600 euros, ou ainda justificando-nos todos os cortes com a “falta de dinheiro” (..mas…o dinheiro não foi queimado, não depende da meteorologia e, se existe na Alemanha, país com a mesma moeda e fazendo parte do mesmo espaço económico comum, porque é que não pode existir em Portugal ou na Grécia???...).

Vinham depois todos aqueles, mais alguns milhares, que conseguiram ludibriar o fisco, e continuam alegremente a exibir os seus sinais  exteriores de riqueza, prova de que é injusto acusar a troika de empobrecer o país. Estes chegaram ligeiramente atrasados, por dificuldade em estacionar os Ferraris, Jaguares , Porches e topos de gama, ainda a cheirar a fresco..

Seguia-se uma impressionante ala de milhares de secretários de Estado, gestores de institutos, fundações e empresas públicas, assessores, representantes de conhecidos escritórios de advogados, representando o empreendedorismo que a troika preserva.

Logo atrás milhares de anónimos militantes do PSD e  do CDS que ainda acreditam no pai Natal nas benesses do estado, na esperança de serem rapidamente promovidos a “boys” para os muitos “jobs” que a troika vai criar com a sua política de “desenvolvimento”.

A encerrar a manifestação, liderados pela srª Isabel Jonet,  os milhares de pobrezinhos que o Paulo Porta citou, que não participam em manifestações da CGTP , mas que marcaram a sua presença nesta grande manifestação, na esperança de poderem partilhar a boda aos pobres prometida para o final.

Chagados ao Largo Jean Monet, juntos da representação da Comissão Europeia em Portugal, foram lida mensagens  de Durão Barroso, de Olli Rehn,  Angela Merkel, srª Lagarde e de, a partir de um sitio qualquer da América Latina, de Cavaco Silva e Passos Coelho (Paulo Portas estava em lugar incerto), de incentivo na luta contra a Constituição, contra  o Tribunal Constitucional, contra os Sindicatos e toda a oposição, contra os direitos sociais e contra os piegas de toda a espécie, e de apoio caloroso ao grande trabalho de empobrecimento colectivo e de salvação dos mercados financeiros, levados a cabo pela nobre acção da troika e dos seus executantes em Portugal .

Terminada a manifestação, instalou-se a confusão à entrada do Gambrinos e do Tavares Rico, aberto até altas horas da madrugada, até esgotar todas as reservas de marisco e o whisky.
Como se vê, uma manifestação como aquela, levada a “sério” até que podia reunir alguns milhares de manifestantes e estar bem compostinha…os 5% dos portugueses que escapam ou beneficiam da crise acentuada pela acção da troika, até podiam encher uma avenida ou … (sem malícia…) o  Campo Pequeno…

sexta-feira, 1 de março de 2013

2 de Março: Pelo Direito à Indignação




À medida que se aproxima a data da manifestação convocada para 2 de Março do movimento “Que Se Lixe a Troika”, e depois de mais de uma semana marcada por forte contestação a membros do governo, aumenta o nervosismo de certos comentadores instalados no sistema do “centrão”.

Os seus argumentos vão subindo de tom, ora criticando e diabolizando, ora desvalorizando os motivos que vão levar os portugueses à rua no próximo Sábado.

Para uns a rua é contrária ao exercício da democracia, esquecendo-se que a rua tem crescido como palco da contestação nos últimos tempos exactamente porque a dita “legitimidade democrática” não tem funcionado.

Quando os tribunais deixam prescrever ou  arrastam processos de criminalidade política, nunca chegando, nem a um cabal esclarecimento dos vários casos de corrupção que envolvem políticos, nem à condenação dos criminosos engravatados, são eles que deslegitimam a justiça como pilar de uma sociedade democrática saudável.

Quando temos um presidente da República que se limita a mandar umas bocas e nunca reage em conformidade, deixando passar muita coisa que este governo impõe ao país, mesmo quando viola preceitos constitucionais, é ele que deslegitima o cerne das suas funções de “defender e fazer cumprir a Constituição”.

Quando temos um governo que foi eleito com base em promessas e garantias, rapidamente violadas logo a seguir à sua posse e que, em vez de defender os cidadãos dos malefícios de um memorando assinado à pressa pelo governo anterior, procura aproveitar-se da grave situação financeira para impor a sua agenda neoliberal ,intenção que escondeu dos eleitores durante a campanha eleitoral, governando para o empobrecimento dos cidadãos e para a perda de direitos sociais de quem produz e trabalha, em prol de obscuros interesse financeiros, que governa em prol dos “mercados” contra os cidadãos e que é incapaz de defender os interesse nacionais junto das instâncias internacionais, aceitando sem pestanejar as malfeitorias impostas pela Comissão Europeia, pelo BCE e pelo FMI e, ainda por cima, falha todas as metas que “justificavam” a sua atitude, é o próprio governo que deslegitima a sua existência e a sua legitimidade democrática.

Quando temos umas finanças que tratam cada cidadão como criminoso, que montam um esquema de controle sobre os pequenos e médios empresários e sobre os cidadãos em geral que envergonharia qualquer regime stalinista, mas deixa de fora o combate à grande fraude fiscal, perdoando os que de facto prevaricam,(os grandes sectores financeiros que colocam os seus lucros em paraísos fiscais, recorrem a sofisticadas engenharias fiscais para não pagar à mesma proporção dos cidadãos normais e beneficiam legalmente de taxas fiscais muito generosas, comparativamente com aquelas a que os trabalhadores e os pequenos e médios empresários estão sujeitos) é o próprio sistema que se deslegitima a si próprio, ao governar contra os cidadãos, a favor do sector financeiro que é o principal responsável pela grave crise que estamos a viver.

Quando temos uma comunicação social que, com rara e honrosas excepções (só me lembro da Antena 1, do jornal Público e da revista Visão....) , se deixa manipular pelos grandes interesses financeiros, que a alimentam, e nos debitam até à nausea a ideologia do poder financeiro com as frases feitas dos portugueses "que andaram a viver acima das suas possibilidades", como se todos fossemos culpados por igual, confundindo direitos com "privilégios" e defendendo o pensamento único deste modelo neoliberal, ela deixa de ser o espaço de liberdade, informação e debate que devia ser, para se transformar em mera caixa de ressonância dos poderosos, o novo "Ministério da Propaganda". É sintomático que um jornal de "referência" se vanglorie de "fazer opinião" e que uma televisão privada se gabe de "criar a noticia"!!!!

A rua torna-se assim a  forma legitima dos cidadãos manifestarem todo o seu descontentamento e revolta contra o actual estado de coisas.

Mas outros comentadores, ou os mesmos referidos acima, usam igualmente outro argumento contra a rua que é o das alternativas e do “programa” dessa mesma rua.

Pensam a rua ainda como a rua do tempo em que muitos deles militavam no radicalismo totalitário e pensam na rua como uma qualquer tomada da bastilha ou do palácio de inverno. Mas a rua de hoje é muito mais heterogénea, e por isso consegue ser mais democrática do que os “democratas” que nos governam com os preconceitos do pensamento único neoliberal. 

A rua não tem que oferecer uma alternativa de poder mas deve servir de aviso aos partidos políticos, principalmente aos do “arco do poder” para a necessidade de se aproximarem dos cidadãos, de  inovarem a sua cartilha ideológica, de serem de facto uma alternativa entre si e de respeitarem as suas promessas eleitorais e os anseios dos cidadãos. 

De uma vez por todas devem ouvir os anseios da rua, em vez da a olharem com o desdém arrogante do costume, devem perceber que a rua está dar-lhes uma oportunidade para fazerem   e defenderem uma outra política, a verdadeira política, que é aquela que é feita para e pelos cidadãos, e não aquela que continuam a fazer que tem como único objectivo gerirem carreiras pessoais ou cumprir agendas escondidas impostas por obscuros interesse financeiros.

A rua é o último recurso dos que, de facto, ainda acreditam na democracia e na política.

A rua, esta rua, na sua maioria esmagadora, não quer “tomar o poder”, mas quer avisar os poderes, o financeiro, o político e o da comunicação social, que nos devem deixar em paz, nos devem devolver a esperança e as nossas vidas, nos devem deixar cumprir os nossos sonhos e os nossos projectos.

A rua só quer exigir respeito e dignidade.