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quinta-feira, 26 de junho de 2025

NATO, Rutte e Oliveira da Figueira

 

(cartoon de Vasco Gargalo)

“No contexto atual da aposta no rearmamento desenfreado, que fará com que “a Europa pag[ue] em GRANDE, como deve” (nos termos da mensagem que o secretário-geral da NATO enviou a Trump), isto significa vender-nos “o medo como motor económico e, pior de tudo, é fazê-lo passar por uma boa ideia” (Marga Ferré, Público.es, 28.4.2025) e vendê-lo como catalisador da economia, ocultando ou relativizando o que desde o início só os mais descarados assumiram: “O Estado social europeu acabou” e, para pagar o rearmamento, haverá que cortar nas pensões de reforma, porque “não se pode pedir aos jovens que peguem em armas e [ao mesmo tempo] cuidar dos velhos num determinado estilo. Os governos terão de ser mais severos com os idosos”. Ora, como “as democracias ricas precisam de uma crise aguda para desencadear uma verdadeira mudança”, porque “é quase impossível convencer os eleitores a fazerem reformas drásticas enquanto o seu país não estiver a atravessar uma crise aguda” (Janan Ganesh, FinancialTimes, 7.3 e 2.1.2025), o que é preciso é criar essa crise.

“É aqui que entra o securitarismo. “Para criar medo, precisam de um monstro, de um Outro a odiar, de um inimigo ameaçador. Para os portadores do ódio belicista, esse Outro contra o qual se armam, esse inimigo aterrador (seja ele qual for, terrorismo fundamentalista, migrantes, Rússia, Irão, China…) tem um alcance muito vasto e é invulgarmente flexível” (M. Ferré)”.

[Manuel Loff, “Os frutos da política do medo”, in Público de 25 de Junho de 2025].

As duas frases acima transcritas, do artigo de Manuel Loff, resumem tudo o que se tem passado nos últimos dias nas chancelarias ocidentais e no politburo da União Europeia, culminando na vergonhosa bajulação a Trump na cimeira da NATO.

Por muito que nos prometam que os tão badalados gastos militares não vão corroer e destruir as estruturas do “estado social europeu”, é evidente que essa promessa é impossível de cumprir, tendo em conta a percentagem do PIB alocado à defesa. Sé em Portugal, já o sabemos, 2,1% corresponde a mil milhões de euros de gastos públicos anuais, que vão duplicar até aos 5% nos próximos anos, já se percebeu que esse valor não vai surgir do nada, vai implicar cortes, os do costume: pensões, salários, saúde, educação e  direitos sociais.

Ora, se tivermos em conta que o chamado “Estado Social Europeu” era a principal bandeira apresentada pela União Europeia que justificava a sua “superioridade civilizacional”, com a sua destruição ou enfraquecimento pouco restará desse projecto.

Sabemos que há décadas que os sectores financeiros, que dominam a burocracia europeia, procuram devorar em seu proveito o valor desse “Estado Social”, pelo menos desde os tempos da troika, projecto de “cativação” descaradamente e publicamente defendida pela actual responsável para área financeira da Comissão Europeia, a nossa bem conhecida “troikista” Maria Luís Albuquerque, coadjuvada nessa intensão por outra conhecida troikista, Christine Lagarde.

Para a mentira estar completa, também não falta outro conhecido troikista, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, a confirmar a “necessidade” de destruir o “Estado Social” :” os cidadãos dos países-membros da NATO devem "aceitar fazer sacrifícios", como cortes nas suas pensões, na saúde e nos sistemas de segurança, para aumentar as despesas com a defesa e garantir a segurança a longo prazo na Europa”[afirmação proferida por Rutte no Parlamento Europeu em 12 de Dezembro de 2024], acrescentando: "Hoje apelo ao vosso apoio, a ação é urgente. Para proteger a nossa liberdade, a nossa prosperidade e o nosso modo de vida, os vossos políticos têm de ouvir as vossas vozes. Digam-lhes que aceitam fazer sacrifícios hoje para que possamos estar seguros amanhã" (in Líder da NATO pede aos europeus que "façam sacrifícios" para aumentar despesas com a defesa, na página da Euronews de 12.12.2024).

Essas afirmações são coerentes com a acção política desse troikista, enquanto primeiro-ministro da Holanda (1), de cujo governo fazia parte o nosso conhecido Dijsselbloem, que acusava os europeus do Sul de gastarem dinheiro em “copos e mulheres”.

Não se percebe, contudo, como é que se defende “a nossa liberdade, a nossa prosperidade e o nosso “modo de vida” cortando no Estado Social Europeu, já que tem sido este o principal pilar e o garante da nossa liberdade, prosperidade e “modo de vida” Europeu. Dizem que Rutte é formado em História, mas nunca deve ter lido Churchill que, quando, em plena 2ª Guerra , vendo-se obrigado a fazer duros cortes nas despesas, quando, numa reunião do seu gabinete, “alguém sugeriu que fossem feitas reduções significativas no orçamento da Cultura, Churchill recusou. O argumento: sem cultura "por que é que estamos a lutar?" (leia-se Jornal de Negócios, 30 de Janeiro de 2013).

O mesmo podemos dizer hoje para os defensores de cortes no “Estado Social”. Sem o pilara Social Europeu para que é que vamos lutar?.

Outro lado da moeda é o discurso do medo, também muito explorado pelo mesmo Rutte.

Ainda recentemente, numa deslocação a Portugal, alertava para o perigo de os russos invadirem Lisboa e, noutra ocasião, continuando a defender cortes no Estado Social, ameaçava quem o não fizesse que teria de aprender russo.

Aliás, sobre o “papão” militar russo o discurso é contraditório. Tanto se ridiculariza esse poder, “enfraquecido pelas sanções” e incapaz de controlar a Ucrânia, como se argumenta com a possibilidade de um ataque a um país da NATO nos próximos anos.

Nada aponta para que a Rússia, a menos que seja provocada, ataque um país da NATO, pois, se nem um país enfraquecido como a Ucrânia consegue controlar, sem ser à custa de imensas baixas e custos militares, muito menos teria condições para enfrentar directamente esses países. Aliás, o próprio Putin, surpreendido com a resistência ucraniana, há muito que se deve ter arrependido dessa invasão, embora não o admita.

O que se pretende com a subida do orçamento militar é, por um lado, salvar o sector automóvel europeu, convertendo-o no fabrico de armamento, por outro financiar a industria militar norte-americana, que enfrenta uma profunda crise, com ganhos para o sector financeiro que controla o politburo de Bruxelas.

E esse aumento da despesa militar, não se iludam, só pode ser conseguido à custa do “Estado Social Europeu” e, por arrasto, à custa “da nossa liberdade, da nossa prosperidade e do nosso modo de vida”.

Nos próximos tempos o nosso espaço político, público e comunicacional vai ser invadido por muitos candidatos a “Oliveiras da Figueira”, para nos vender e convencer a comprar toda a tralha armamentista.


(1)O “elucidativo” “currículo” de Rutte, segundo o perfil publicado na Wikipedia:

“Os seus principais objectivos [do governo holandês]  eram cortar a despesa pública, especialmente nos cuidados de saúde, e isentar as grandes empresas de um imposto sobre dividendos, mas mais tarde abandonou-o. Declarou também que "não haverá mais dinheiro para a Grécia" e comprometeu-se a descriminalizar a negação do Holocausto, embora também tenha renunciado a isso.

No contexto da pandemia de COVID-19, opôs-se a que a UE organizasse ajuda financeira aos países mais afectados, antes de aderir sob pressão dos seus aliados europeus.

O seu governo foi criticado em 2020 num relatório parlamentar, num escândalo de bem-estar. Determinados a combater possíveis fraudes, os serviços estatais retiraram benefícios às famílias que a eles tinham direito, enquanto que etnicamente traçavam o perfil dos beneficiários. Cerca de 26.000 famílias perderam injustamente estes benefícios entre 2011 e 2019, de acordo com o relatório, e em alguns casos tiveram de reembolsar os montantes recebidos. Enquanto a esquerda radical e os ambientalistas, alarmados pelos apelos dos pais, apelaram sem êxito a uma investigação já em 2014, os partidos no poder há muito que ignoram a questão. Políticos seniores, incluindo vários ministros em exercício, são acusados de terem optado por fazer vista grossa a disfunções de que tinham conhecimento”.

segunda-feira, 16 de junho de 2025

Rússia e Israel , Guerra e Paz, Paralelos e ...absurdos !!!???


A Rússia ataca a Ucrânia. É uma Grave violação do Direito Internacional.

Israel, depois de já ter atacado a Síria e o Líbano, ataca o Irão. Estão a “defender a Democracia”.

A Rússia desculpa-se pela invasão com a presença de grupos neonazi que dominam o poder da Ucrânia, situação comprovada por fontes independentes,  e perseguem, desde 2014, as populações de origem russa, cometendo crimes de guerra contra essas populações (cerca de 10 mil em 8 anos), como aconteceu em Odessa.

Israel desculpa-se, para bombardear o Irão, com o apoio do regime dos aiatolas a grupos terroristas como o Hamas e outros que atacam Israel.

A Rússia, onde estão proibidos vários partidos políticos, assassina adversários políticos e mantém em prisão muitos outros é uma ditadura.

A Ucrânia que proibiu mais de uma dezena de partidos com a desculpa de serem pró russos, que persegue e assassina populações russófona e opositores desde 2014, é uma “democracia”.

O Irão, que persegue mulheres e opositores em nome da religião há anos, é uma autocracia religiosa.

Israel que pratica apartheid contra os palestinianos, obrigados, há décadas, a abandonar as suas terras e casas, enviado para ghettos, sem liberdade de circulação na sua própria terra, com grandes limitações para usufruírem dos mesmos direitos dos israelitas é a “única democracia do região”.

Os russos bombardeiam a Ucrânia, atingindo hospitais, escolas e edifícios civis, raramente matando mais de uma dezena de civis por dia, praticam crimes de guerra.

Os israelitas bombardeiam Gaza, atingindo deliberadamente hospitais, escolas e edifícios civis, raramente matando menos de uma centena de civis, estão a "defender a democracia" e a defender-se dos terroristas.

Os ucranianos recebem do ocidente ajuda militar para enfrentar a invasão russa. Quem vier com “conversas pacifistas” é um “apoiante de Putin”.

Os palestinianos não recebem ajuda humanitária porque esta “beneficia o Hamas” e se alguém falar em armar os palestinianos para se defenderem da agressão de décadas por parte de Israel, estão a “defender o terrorismo”.

O Batalhão Azov e outros grupos extremistas estão em roda livre, desde 2014, na Ucrânia, infiltrados nas forças armadas e de segurança e na maior parte dos partidos legais  que dominam o parlamento, em muitos caso em cargos de liderança. São “heróis”.

O Hamas, cujo crescimento e acção foram facilitados por Israel para “tramar” a autoridade palestiniana, assim como outros grupos jihadistas que combatem Israel, são considerados, e bem, grupos terroristas (Sabe-se entretanto que  Israel está a apoiar grupos jhiaditas, rivais do Hamas, para combater estes, grupos esses tão terroristas como o Hamas).

A Rússia, quando efectou bombardeamentos e ataques perto de centrais nucleares ucranianas, foi um “escabeche” danado, um alarmismo desmedido, entre as lideranças ocidentais e os comentadores de serviço.

Agora que Israel bombardeia directamente centrais nucleares iranianas, é o silêncio, a desvalorização e/ou a procura de justificações esfarrapadas por parte do “ocidente” e dos mesmos comentadores. Se calhar a vida das populações em risco com essas acções tem valor diferente. Um Europeu e um “cristão” “radioactivo” vale mais que mil muçulmanos, árabes ou persas, "radioactivos".

No meio de tudo isto, a Ucrânia continua a apoiar, no mínimo pela abstenção, as acções criminosas de Israel, o que não deixa de ser tristemente irónico. Mais um prego na credibilidade da liderança ucraniana.

Resumindo e concluindo: as lideranças europeias e os seus proxies na nossa comunicação social, estão em força a branquear o governo criminoso de Israel, usando argumentos que são exactamente os opostos que usam para a guerra na Ucrânia.

Quem perde? Para além da verdade, o povo palestiniano, os judeus, que perdem toda a credibilidade que ganharam como vítimas do Holocausto e séculos de perseguição, e não vão ter paz nas próximas décadas, o causa ucraniana, porque fica evidente para todos o mundo os dois pesos e duas medidas usados pelas lideranças ocidentais. Perde a ONU, e todas as organizações humanitárias, cada vez mais isoladas na sua acção.

Quem ganha? A liderança criminosa de Israel, que desvia a atenção dos crimes cometidos em Gaza, os yatolas radicais do Irão, que vão aumentar a sua força na defesa do Irão e o próprio Hamas que ganha "razão" para o seu ódio a Israel, e outro criminoso, Putin , que surge como "defensor da paz" e do "direito internacional" (!!??).

Perdem também os pacifistas, olhados agora, com os argumentos falaciosos do costume, como “sionistas” e “apoiantes” do Hamas ou de Putin,.

Pois! também ganham os negociantes de armas,  as petrolíferas e o sector financeiro que está na base de tudo isto.

quarta-feira, 28 de maio de 2025

Um Cartoon Censurado pelo facebook (ao serviço do governo genocida de Israel)


Provávelmente ente post também vai ser censurado.

Até lá fica a informação sobre um acto de censura promovido pelo facebook, ao serviço do governo criminoso de Israel e do assassino Natanyahu.

Ontem coloquei na minha página do facebook uma reprodução de um cartoon do autor português Vasco Gargalo, retirado da net, penso que da página da revista Sábado (?), e

que podem ver abaixo.

Acompanhava esse cartoon com um comentário meu : "Com o "alto patrocínio" da União Europeia.

Para surpresa minha, ao abrir hoje o facebook, deparei-me com a remoção desse post com a seguinte desculpa dada pelo facebook : "É possível que a publicação contenha símbolos, glorificação a pessoas e  organizações consideradas perigosas".

Para que não restem dúvidas, aqui reproduzo o texto que me enviaram para justificar o acto:

"28/05/2025
Removemos a tua publicação
Por que motivo aconteceu isto
É possível que a publicação contenha símbolos, glorificações ou apoio a pessoas e organizações que consideramos perigosas.

Venerando Aspra de Matos
27/05/2025
Com o "alto patrocínio" da União Europeia: (reproduzindo o cartoon)
Partilhaste isto no teu perfil
Isto desrespeita os nossos Padrões da Comunidade relativos a pessoas e organizações perigosas.

E quais são esses padrões que foram "desrespeitados" pelo dito Cartoon?
De acordo com o censor foram os seguintes :

 "Pessoas e organizações perigosas
Não permitimos que as pessoas partilhem ou enviem símbolos, glorificações ou apoio a pessoas e organizações que consideramos perigosas.
Exemplos de coisas que não permitimos
Glorificar um ataque terrorista
Apoiar a violência contra um grupo de pessoas específico
Apoiar ou promover atividades criminais prejudiciais, tais como tráfico de pessoas"

Está explicado:

Ao reproduzirmos a cara do assassino Natanyahu estávamos a promover um líder, promotor de ataques terroristas em Gaza e na Cisjordânia, apoiante da violência contra "grupos de pessoas específicas" (os Palestinianos) e o tráfico de pessoas, obrigando milhares de pessoas a deslocarem-se dentro de Gaza.

Entretanto, aconselhados por um amigo a quem aconteceu o mesmo, constestámos a situação ao facebook.  Responderam assim:  "Olá, Venerando. Revimos novamente a tua publicação.Confirmámos que desrespeita os nossos Padrões da Comunidade relativos a pessoas e organizações perigosas.Sabemos que isto é dececionante, mas queremos manter o Facebook seguro e acolhedor para todos. 

Sem comentários!!

                                          

NOTA FINAL: Este caso teve novos desenvolvimentos. Ontem, dia 28 de Maio, por volta das 22 horas, voltei a postar no facebook esse mesmo cartoon, com o seguinte comentário:

"Mesmo correndo o risco de já ter uma fotografia minha com um alvo na testa a ser distribuida pelos agentes terroristas da MOSSAD em Portugal, e mesmo sabendo que este cartoon vai voltar a ser censurado, aqui o volto a reproduzir. Aproveitem para o partilhar e copiar antes que os censores do facebook voltem ao ataque (cartoon de Vasco Gargalo)":

E de facto, quando voltei a visitar a minha página, por volta da meia-noite, o cartoon tinha sido retirado, como os mesmos argumentos da primeira vez.

Publiquei então o seguinte comentário:

"Como já devem ter reparado, o Facebook voltou a censurar o cartoon de Vasco Gargalo que já tinha sido censurado ontem. Ficamos assim a saber quais são as opções políticas dessa plataforma. Pelos vistos o Sr Netanyahu é um criminoso "respeitável" para os censores do Facebook. A plataforma de cartoonistas Cartoon Movement, a revista Charlie Hebdo e outros cartoonistas independentes que se cuidem perante a caça às bruxas e a falta de sentido de humor desses assanhados censores, que, com essa atitude, são coniventes e cúmplices dos crimes de Israel na Palestina"

Ao mesmo tempo voltei a contestar a decisão.

Para meu espanto, desta vez voltaram atrás com a decisão, dando-me a seguinte resposta:

"28/05/2025

Restaurámos a tua foto

Olá, Venerando

Chegámos à conclusão de que a nossa equipa de revisão cometeu um erro ao remover a tua foto.

Agradecemos o tempo que dispensaste a pedir uma revisão e a ajudar-nos a melhorar os nossos sistemas. A nossa prioridade é manter a segurança e o respeito na comunidade. Por isso, às vezes temos de tomar precauções".

Tal mudança de atitude só pode ser explicada por uma ou várias das seguintes razões:

1 - o meu apelo para reproduzirem e partilharem o cartoon, antes de voltara ser censurado foi seguido por muitos amigos, aumentando a visibilidade desse acto de censura;

2 - O meu protesto envergonhou os censores:

3 - O censor que estava de serviço a esta hora era outro, mais benevolente, do que aquele que censurou o cartoon da primeira vez.

Contudo, o primeiro post não foi reposto e sei que algumas pessoas que partilharam esse cartoon, também alvos de censura, não viram o seu post reposto.


quarta-feira, 14 de maio de 2025

Morreu Mujica, uma das últimas referências credíveis da esquerda


Vivemos uma época em que a esquerda vive uma das suas maiores crises, em grande parte por culpa própria.

Hoje o mundo é dominado por líderes medíocres, onde, até, há pouco, apenas se destacavam três vozes credíveis.

Uma era António Guterres, socialista, com formação católica, a liderar a ONU, mas sem poderes face ao boicote das grandes superpotências, como os Estados Unidos, desde o fim da guerra fria e a Rússia desde Putin.

Outra voz credível era o Papa Francisco, cujas ideias se situavam mais à esquerda do que à direita, na defesa do pacifismo, dos mais fracos, dos imigrantes, dos perseguidos e na critica ao actual modelo capitalista de economia. Essas posições levaram a que muitos , como li por aqui nas redes sociais, o apelidassem de “papa comunista”, uma falácia eivada de má fé e ignorância. Apesar de tudo e da influência que a sua voz podia ter, o seu poder para travar a actual situação mundial, era… nenhum!.

Uma terceira voz, também já sem poder, uma referência moral à esquerda, comparável a Mandela, era José Alberto Mujica Cordano , conhecido popularmente como Pepe Mujica, falecido ontem.

Ao longo do seu mandato como presidente do Uruguai, entre 2010 e 2015, o peso da despesa social na despesa pública total passou de 60,9% para 75,5%. “Durante este período, a taxa de desemprego caiu de 13% para 7%, a taxa de pobreza nacional de 40% para 11% e o salário-mínimo foi aumentado em 250%”. Durante esse período o Uruguai tornou-se o país mais avançado da América em termos de respeito pelos "direitos fundamentais do trabalho, em particular a liberdade de associação, o direito à negociação coletiva e o direito à greve".

Além disso foi um exemplo de humildade no exercício do cargo e um exemplo de apego à democracia, e desapego pelo poder, que abandonou sem problemas.

Mujica era bastante critico da acção de Maduro na Venezuela, que representa o outro lado da moeda da chamada “esquerda”. A acção de Maduro na Venezuela é, aliás, uma das causas da má imagem que a “esquerda” tem vindo a semear nas últimas décadas.

Quando a “esquerda” se enredou em soluções autoritárias, em corrupção, no apoio à guerra, abraçando também soluções do capitalismo ultraliberal quando no poder, é bom manter viva a chama de Mujica com raro referente moral do que é ser de esquerda, isto é, defensor da democracia, dos direitos humanos, dos direitos sociais, do pacifismo, do combate à pobreza e ao capitalismo selvagem, doe emigrantes e do ambiente.

Como afirma António Scurati (Fascismo e Populismo – Mussolini Hoje, ed. Asa, 2025), a grande diferença entre a esquerda e a direita, principalmente a extremista hoje dominante nessa área, deve ser que a primeira deve transportar um desejo de esperança e mudança para melhorar as condições sociais, enquanto a direita extremista e populista assenta apenas no discurso do medo e do ódio.

Infelizmente a esquerda só vai conseguir passar a sua mensagem se o fizer através de gente integra, o que infelizmente não tem acontecido muito neste últimos tempo.

Daí a falta que nos faz uma figura como Mujica.

Que cresçam muitos Mujicas para que a esperança num mundo de democracia, direitos sociais e humanos, pacifismo, igualdade e de defesa do ambiente floresça.

 

terça-feira, 6 de maio de 2025

Eu e os Papas


Não sou católico praticante, mas, tendo sido baptizado, sou “oficialmente” cristão.

Criado e educado num país de maioria cristã  e tendo frequentado uma escola onde os ditos “valores” do cristianismo eram impostos por um regime que tinha o catolicismo conservador como um dos seus pilares, a minha educação não foi indiferente aos valores cristãos.

Aí começou a minha contradição, pois, alinhando com valores que me habituei a associar com o cristianismo, como os da solidariedade, da defesa dos mais fracos, do pacifismo, do combate às desigualdades, do respeito pelo próximo, não era isso que via ser praticado por muitos “ditos” católicos que conhecia, nem por um regime que se dizia de base católica, nem pela hierarquia da Igreja.

Apesar de dever muito do meu entusiasmo e respeito pela natureza, pelo património e pela história local às aulas de Religião e Moral do saudoso padre Joaquim, as contradições que acima referi nunca me fizeram repensar a minha atitude em relação à Igreja.

Deve-se referir que o padre Joaquim era uma excepção, não só nas aulas, onde em vez de nos impingir o livro único do catolicismo oficial e conservador, imposto por uma hierarquia dominada pelo Cardeal Cerejeira, um dos braços direitos do ditador Salazar, pelo contrário, nos tirava da sala de aula e levava a visitar o património e conhecer o ambiente natural, ou ocupava as aulas com recurso a meios audiovisuais, uma raridade pedagógica na altura, mas também como fundador e director do jornal “Badaladas”, abrindo as suas páginas ao debate e à colaboração de conhecidos oposicionistas, sendo por isso alvo do aparelho repressivo do Estado Novo, pela censura e pela vigilância da PIDE, como descobri em futuras investigações nos arquivos.

Percebi mais tarde que o padre Joaquim era diferente do clericalismo então dominante porque tinha estado ligado à Juventude Operária Católica e era um seguidor da abertura do Concílio Vaticano II, uma iniciativa do Papa João XXIII.

O meu pai, que tinha deixado de acreditar na Igreja ainda na infância, como reacção ao cinismo e hipocrisia da hierarquia da altura, revelava, pelo contrário uma grande admiração pelo papa João XXIII e pelas suas encíclicas, que na altura representaram uma ruptura com uma Igreja que por cá era cúmplice de uma ditadura e com o seu antecessor, o papa Pio XII que governou a Igreja entre 1939 e 1958, foi conivente como o fascismo e o nazismo, por muito que recentemente alguns tentem branquear a sua acção.

Infelizmente o papa João XXIII governou a Igreja por pouco tempo, entre 1958 e 1963. Mas a sua acção deixou marcas que os seus sucessores não conseguiram travar. Recorde-se que o papa Paulo IV (1963-1978) conseguiu irritar as autoridades do Estado Novo, primeiro quando, em visita a Fátima em 1967, se recusou ir a Lisboa encontrar-se com Salazar que, contrariado, teve de ser ele a deslocar-se a Fátima para estar com o papa, depois quando, em 1970, recebeu no Vaticano os líderes  dos movimento de libertação que combatiam em África, acontecimento que foi abafado pela censura.

Houve uma nova esperança de abertura com a eleição do papa João Paulo I, mas que viveu e governou poucos dias, e cuja morte foi tema de muitas teorias da conspiração, que, aliás, estiveram na origem da temática do último filme da série “O Padrinho”.

Foi então nomeado, pela primeira vez em muito tempo, um papa não italiano, João Paulo II, que esteve na origem de um dos pontificados mais longos, entre 1978 e 2005. Popular no seu contacto com os fiéis, manteve e reforçou o conservadorismo e imobilismo nos valores e princípios da Igreja. Sucedeu-lhe Bento XVI, um retrocesso na aparente abertura populista do anterior papa,  e que, incapaz de lidar com os escândalos financeiros e da pedofilia no seio da Igreja, tomou a decisão de, pela primeira vez em séculos, abdicar em 2013.

Foi então que o mundo foi surpreendido com a eleição do papa Francisco, o primeiro papa não europeu. A sua acção agitou as águas de um clericalismo conservador e bolorento, assumindo a defesa coerente dos valores que associamos à vida de Cristo, como os da critica aos poderosos, a defesa na natureza, o pacifismo, a defesa dos desvalidos, não apena pela retórica, como era o máximo que faziam os seus antecessores, mas pela prática.

Isto custou-lhe muita inimizades no seio da hierarquia e de muitos católicos conservadores e, pelo contrário, granjeou admiração mesmo fora da Igreja e entre ateus.

Foi um papa que assumiu de forma coerente os valores que associo a Cristo, ao contrário do que ainda hoje acontece com muitos ditos católicos.

A hipocrisia dominou a presença de líderes mundiais no seu funeral, mas Francisco, mesmo na morte, deu a volta aos poderosos que não puderam estar presente em Santa Maria Maior, lugar que ele escolheu para o seu túmulo, uma escolha também por si com um grande simbolismo, já que esta se situa num lugar muito frequentado por sem-abrigo e imigrantes.

No Conclave que agora se inicia confrontam-se várias tendências, a dos que querem por um ponto final às reformas iniciadas por João XXIII e aceleradas por Francisco, a dos que querem continuar a acção de Francisco, mas mantendo pontes para evitar a ruptura com os conservadores, e a dos que querem continuar e acelerar as mudanças anunciadas por Francisco, custe o que custar.

No primeiro grupo estão a maior parte dos cardeais norte-americanos (com destaque para Joseph Tobin ou o trumpista Raymond Burke), alemães (como o tenebroso Gerhard Muller), holandeses, paradoxalmente parte dos africanos (não todos), e o pior de todos, o Hungaro Péter Erdo.

A maioria está algures entre o segundo e o terceiro grupo

No segundo grupo destaca-se Pitro Parolin e vários cardeais italianos, parte dos cardeais portuguese, um cardeal suíço e um espanhol, o africano, do Gana, Peter Turkson, ou o maltês Mario Grech.

No terceiro grupo está a maior parte dos cardeais franceses, o espanhol Cristóbal Romero, o filipino Luis Tagle, o italiano Matteo Zuppi e o nosso Tolentino de Mendonça.

Mas pode acontecer sempre uma surpresa e não ser escolhido nenhum destes nomes.

Pela nossa parte, já tendo por aqui dito que só havia dois líderes credíveis a nível mundial, António Guterres e o papa Francisco, esperamos que a sucessão deste último não isole ainda mais o Secretário Geral da ONU e seja escolhido alguém que seja continuador da luta de Francisco contra as desigualdades e defensor do pacifismo.

quarta-feira, 30 de abril de 2025

Apagão e Fake News


Nos primeiros minutos depois do apagão, uma das primeiras notícias que li, divulgada aparentemente por um orgão de comunicação espanhol, posteriormente reproduzida por outros orgão de comunicação e pela rádio era que, na origem desse acontecimento, estava um incêncio no sudoeste da França que teria danificado cabos de alta tensão, afastando assim a hipótese de um cyberataque.

Entretanto foram surgindo outras versões, identificando-se  origem do apagão em Espanha, cujas cauasas foram atribuidas a um fenómeno atmosférico raro.

Contudo, também essa versão ainda não é certa.

A melhor forma de não espalhar fake news é não serem as próprias autoridades a lancarem suspeitas infundadas. 

Por cá, a primeira comunicação de um membro do governo foi colocar a hipótese de um cyberataque, e o Sanchez, em Espanha, foi pelo mesmo caminho durante o dia de ontem.

Nada disso contribuiu para acalmar a população. Felizmente as pessoas souberam comportar-se e estar à altura das circunstâncias. 

Até agora, todos os verdadeiros técnicos que tenho ouvido até ao momento (e não os "tudistas" do costume, nem os antigos ministros do ambiente ou gestores de empresas energéticas, por nomeação política, estes são tão crediveis como os "tudistas") apontam para uma falha técnica, embora ainda não identificada.

E já agora, qual é essa do Zelensky se vir meter ao barulho (notícia de rodapé que estava ontem a correr na CNNPortugal [ou na SIC notícias, já não me lembro])? Está maluco, já manda nisto tudo, ou é apenas oportunista? [a noticia dizia mais ou menos isto: Zelensky oferece ajuda a Portugal e Espanha (??!!!)].

Parece-me que, neste momento, alguns políticos, dentro e fora da Europa, procuram adiar a divulgação dos factos com o objecticvo de retirar dividendos políticos. Para eles tudo teria sido mais fácil se este apagão fosse mesmo um cyberataque, justificando a sua deriva belicista.

É também bom recordar que estão em jogo, e podem ser explorados demagogicamente, opções energéticas, cada uma ligada a lobbies poderosos.

Por tudo isto, é urgente que se divulgue rapidamente a origem deste apagão, para não deixar espalhar os vários oportunismos que se escondem por detrás das fake news que por aí circulam.

terça-feira, 29 de abril de 2025

O DIA DA RÁDIO, ou, “Onde estavas no 28 de Abril?”


Sou fã da rádio como meio de comunicação, desde que me lembro.

Foi a ouvir rádio que descobri que havia mundo para além da minha casa.

Um gosto minoritário, mas que ontem se tornou “viral”, como agora se diz.

Ficou provado que, no tão apregoado “Kit de sobrevivência”,  só interessa recorrer ao analógico, desde o rádio de pilhas, às pilhas, passando pelo fogão a gaz, fogareiros e lamparinas  a petróleo (como os velhos candeeiro Hipólito), velas, fósforos e isqueiros, máquinas fotográficas de rolo…e já agora algum dinheiro “vivo” no bolso.

Ligados ao mundo por um velho rádio a pilhas, veio-nos à memória outros momentos em que a rádio era o único meio de seguir acontecimentos em directo, como aconteceu no 25 de Abril.

Acrescente-se a isto o jornalismo de excelência da estatal Antena 1.

Quem só agora descobriu esse canal radiofónico, aconselho a segui-lo ao longo do dia, descobrindo aí não só a reportagem, o directo e a opinião que, fugindo à cassete dos “grandes” canais televisivos, é exemplo de liberdade de informação, de  rigor informativo e pluralismo.

As gerações mais novas não se vão esquecer tão cedo deste dia e, principalmente, do conforto que foi seguir nesse meio “antiquado” e várias vezes acusado de “absoleto” no mundo da “alta tecnologia” digital que nos domina, as únicas notícias lhe chegavam.

Quando um dia lhes perguntarem, “onde estavas no 28 de Abril”, provavelmente a primeira resposta que lhes vai ocorrer é “ a seguir as notícias pelo velho rádio a pilhas do meu pai (ou avô)”.

Ontem foi mais um extraordinário DIA DA RÁDIO.

quinta-feira, 20 de março de 2025

O Novo "nazifascismo"


Não deixa de ser curioso.

Os Estados Unidos e a Rússia (herdeira da antiga União Soviética, que então incluía a Ucrânia), foram os principais responsáveis pela derrota do nazi-fascismo no século XX.

Os judeus,  os povos do leste e da antiga União Soviética foram os que mais sofreram como a violência do nazismo.

Os judeus fundaram Israel como consequência da violência que sobre eles se abateu com o Holocausto.

E o que vemos hoje?

Estados Unidos,  Rússia, Ucrânia e Israel,  nesse passado “antifascista” os principais combatentes ou vitimas do nazi-fascismo, são hoje os responsáveis pela disseminação, a nível mundial, dos ideais da extrema-direita, um novo "Nazismo", com várias vertentes e variantes, nalguns casos combatendo-se entre si, adaptado aos dias de hoje (a Rússia de Putin, algumas milícias e batalhões  ucranianos, os Estados Unidos de Trump e Israel de Nethanyhu).

Uma total e preocupante inversão e desrespeito pelo  passado histórico dessas nações e povos.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

BOAS FESTAS


 DESEJO UMAS  BOAS FESTAS PARA TODOS OS AMIGOS...e sigam a estrela certa!!!

Quando o Governo de Portugal adopta a táctica da “pesca de arrasto” de Israel.


Parece que a táctica do governo de Israel de “pesca de arrasto”, para apanhar presumíveis terroristas, está a servir de modelo para acções policias do governo português.

A táctica Israelita é a seguinte: presume-se que um presumível “terrorista”, assim classificado pelo governo israelita, vive num determinado bairro, então bombardeia-se o bairro e fica-se com a certeza que se eliminou o dito “terrorista”, de preferência junto com toda a família, pais, filhos, esposa, primos e tios, e já agora todos os moradores do bairro, transformados em “danos colaterais” .

Ao que parece, a moda está a pegar por cá, adoptada em acções policias de “combate ao crime”.

Não há mortes, embora por vezes as coisas não corram bem, como já aconteceu pontualmente em certos bairros ditos problemáticos, mas há humilhação e ameaças a habitantes de bairros inteiros, onde vivem alguns presumíveis  criminosos suspeitos.

Mais grave ainda, alinha-se no preconceito semeado pela extrema-direita em relação aos “estrangeiros” (não todos, se forem oligarcas de leste, especuladores financeiros em lavagem de dinheiro e especulação imobiliária ou  mafiosos ocidentais, as acções, se existem, são discretas, sem incomodar muito os bairros chiques onde essa gente vive), e escolhem-se os bairros onde esses “estrangeiros” vivem.

Depois, com estrondo e aparato, encostam-se todos os habitantes e pessoas que ali circulam, com ar de estrangeiro, à parede, e revistam-se, e pode ser que a táctica da pesca por arrasto dê alguns frutos.

Azarito!! “Apanharam” um pequeno traficante como umas gramitas e uma arma ilegal, e está justificado o aparato da operação. Azarito ainda maior, afinal o “perigoso” criminoso, apanhado por acaso, não é emigrante, é português!!!???

Provávelmente teriam mais êxito se usassem o mesmo método em certos bairros chiques de Lisboa, em ruas de bares frequentados por nómadas digitais ou por “jovens liberais”.

Experimentem o mesmo método nas festas da cidade, nos desfiles e festas de Carnaval e verão a surpresa que vão ter!!!

Pelo resultado, percebe-se que o objectivo não é apanhar criminosos mas, pura e simplesmente, intimidar e humilhar comunidades inteiras, fazendo um servicinho à extrema-direita xenófoba, talvez acreditando que tiram daí dividendos políticos, retirando argumentos a essa mesma extrema-dirieta.

Tenho uma má notícia. Quem tentou fazê-los por outras bandas só contribuiu para “normalizar” essa ideologia e dar-lhes “razão”, contribuindo para o seu crescimento eleitoral.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Comunicado dos Curdos da Síria (em espanhol)

                                     

DAANES: Sentando las bases de una Siria Democrática ( ENG)

Siria se encuentra en una encrucijada histórica. El colapso del régimen dictatorial Baaz de Bashar-al Assad ofrece una oportunidad única para redefinir el futuro de la nación. Ahora, más que nunca, hay una urgente necesidad de crear una nueva Siria, una Siria que abrace su diversidad nacional, religiosa y de identidad cultural mientras promueve la democracia, la justicia, y la igualdad para todos sus pueblos.

Desde 2012, la Administración Autónoma del Norte y Este de Siria (DAANES) ha estado trabajando en el terreno por esta visión de una Siria Democrática. En esta región mujeres, grupos étnicos diversos y comunidades religiosas se han unido para luchar contra el llamado Estado Islámico (ISIS) y otros grupos yihadistas, y han construido un modelo de autogobierno que da voz a todos sus pueblos. A través de este viaje la DAANES ha enfatizado consistentemente su compromiso de ser una parte integral de Siria.

Este modelo democrático, construido con el esfuerzo colectivo de kurdos, árabes, armenios, asirios, turcomanos, circasianos, suníes, chiíes, alauitas, cristianos, drusos, yazidíes y otros sirios, ha enfrentado constantes ataques del estado turco. Incluso mientras los sirios celebran la liberación del régimen de Al Assad, el estado turco explota la inestabilidad de la nación para atacar la DAANES. Las agresiones turcas, incluyendo ataques aéreos, así como la movilización de sus milicias yihadistas praxis supone una severa amenaza para los avances alcanzados por la 

AANES, para el futuro de toda Siria y para la seguridad de todo Oriente Medio.

Mientras varios partidos dentro de Siria y en todo el mundo están hablando de una solución política para el país, el estado turco ha intensificado su guerra contra la DAANES porque no quiere promover la estabilidad ni la coexistencia en Siria. Inmediatamente después de la caída del régimen Baaz, el ejército tuco, en coordinación con sus milicias proxis, ha lanzado un ataque contra la ciudad multiétnica de Manbij en el noreste sirio.

Una Siria verdaderamente democrática debe defender los derechos de las mujeres, un valor central de la DAANES. Reportes de mujeres kurdas, incluyendo miembros de las Unidades de Protección de la Mujer (YPJ), siendo secuestradas por las milicias pro turcas en la región de Shahba remarcan la urgente necesidad de acción internacional. Muchas de estas mujeres están aún en paradero desconocido, mientras los civiles kurdos siguen sufriendo secuestros, torturas, y desplazamientos forzados a manos de las milicias pro turcas. Las Naciones Unidas deben investigar inmediatamente estas atrocidades. 

Nuestras demandas:
A la luz de los recientes acontecimientos y la crítica situación en Siria, llamamos a la comunidad internacional, incluyendo UN, US, y EU, a tomar una acción decisiva:

1. Detener la agresión turca: Adoptar medidas inmediatas para detener las acciones militares de Turquía, incluyendo tanto los ataques aéreos y bombardeos del ejército turco, como, las acciones llevadas a cabo por sus milicias proxis, y mostrarse en contra de la ocupación militar turca en Siria.

2. Reconocer la DAANES: Promover de un reconocimiento formal a la DAANES y asegurarse de que esta es incluida en todas las decisiones políticas y administrativas relativas al futuro de Siria. Los kurdos deben ser incluidos en todos los debates y discusiones sobre el futuro de Siria. Los desafíos que enfrenta Siria no pueden ser afrontados sin la participación de la comunidad kurda siria

3. Proporcionar ayuda humanitaria: Distribuir ayuda humanitaria urgente en colaboración con las instituciones de la DAANES para afrontar las necesidades de las personas desplazadas.

Es imperativo que la comunidad internacional actúe inmediatamente para ayudar a la DAANES y proteger su modelo democrático e inclusivo en estos momentos decisivos.


Consejo Ejecutivo del Congreso Nacional de Kurdistan  KNK
9 Diciembre 2024

Declaración a la Opinión Pública  - 08.12.2024

En la ocasión de la caída del tiránico régimen Baaz en Siria.
A los pueblos libres de Siria: kurdos, árabes, siriacos, asirios, musulmanes, cristianos y yazidíes.

Hoy pasamos una negra página en la historia moderna de Siria con la caída del tiránico régimen Baaz que ha gobernado el país con represión y mano de hierro durante décadas.

Nuestro pueblo ha sufrido la marginalización, opresión y división implementada por el régimen para destruir el tejido social y consolidar su poder. Pero la voluntad del pueblo es más fuerte que cualquier régimen tiránico, y aquí estamos contemplando un giro histórico hacia la libertad y la dignidad.

En este momento crítico llamamos a todos los componentes del norte y este de Siria a proteger los logros de la administración autónoma y agruparnos alrededor de las Fuerzas Democráticas Sirias (FDS) como garante de la seguridad y estabilidad en las áreas liberadas.

Las FDS han demostrado ser una fuerza unificadora nacional que ha trabajado para proteger al pueblo en todos sus componentes y que cree en el pluralismo y la democracia como bases para construir el futuro de Siria.
Nosotros, los partidos y fuerzas que firmamos esta declaración, mientras felicitamos a nuestra gente por la caída del régimen de opresión y tiranía, afirmamos que recae en nosotros la responsabilidad de abrir una nueva etapa para:

1-Garantizar la seguridad y la estabilidad a través de la cooperación con las fuerzas nacionales en el terreno previniendo cualquier intento de sembrar el caos o volver atrás.

2-Promoviendo un dialogo nacional entre todos los componentes del pueblo sirio sin discriminación ni exclusión para crear los fundamentos de una nueva Siria.

3-Construir una Siria plural, democrática y descentralizada donde cada componente tenga derecho a manejar sus propios asuntos, donde los derechos humanos sean respetados, y donde la justicia y la equidad se preserven para todos.

Asimismo, llamamos a nuestra gente a estar alerta y ser responsable pues la nueva etapa está llena de desafíos, pero también cargada de esperanza para construir una patria democrática donde la paz y la justicia prevalezcan.
Trabajemos por una Siria democrática, plural y descentralizada.
Gloria a los mártires de la libertad.

Partidos y fuerzas firmantes de la declaración :
* -Congreso Nacional del Kurdistán (KNK)
1- Partido de la Unión Democrática.
2- Partido Democrático Verde.
3- Partido de la Paz y la Democracia de Kurdistán.
4- Partido Liberal de Kurdistán.
5- Partido Comunista de Kurdistán.
6- Partido Democrático de Kurdistán.-Siria
7- Partido Democrático Sirio Kurdo.
8- Partido de Izquierda Kurda en Siria.
9- Partido de la Izquierda Democrática Kurda en Siria.
10- Partido del Futuro de Siria.
11- Partido del Cambio Democrático de Kurdistán.
12- Partido de la Renovación de Kurdistán.
13- Unión de Trabajadores de Kurdistán.
14- Autoridad Nacional Árabe.
15- Partido de la Modernidad y la Democracia para Siria.
16- Partido Sirio Kurdo del Acuerdo Democrático.
17 – Movimiento de la Reforma Siria.
18 – Partido democrático Asirio.
19 – Partido de la hermandad de Kurdistán.
20 – Partido Democrático kurdo en Siria Roj.
21 – Movimiento de la Sociedad Democrática.
22 – Kongra Star- Congreso del Movimiento de Mujeres.
23 – Partido Conservador.
24 – Partido de la Lucha Democrática.
25 – Movimiento del Futuro de Kurdistán.
26 – Partido Democrático de Kurdistán -Kurdistán Occidental.
27 – Cuerpo de Coordinación Nacional. Movimiento del Cambio Democrático.
28 – Partido de la Unión Siriaca.
29 – Partido del Encuentro Nacional Kurdo.
30 – Partido Democrático Kurdo en Siria.
31 – Partido de la Unidad Democrática en Siria.
32 – Corriente Revolucionaria de Izquierda en Siria.
33 – Partido de Siria.
34 – Partido de la Patria Siria.


--
Kurdistan National Congress - KNK
Rue Jean Stas 41
1060 Brussels

Tel:  +32 2467 3084
Website: http://knk-kurdistan.com
Email: kongrakurdistan@gmail.com
X: #kongrakurdistan
Skype: kongrakurdistan

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

O RESPIGO DA SEMANA : "O que se está a comemorar não é o 25 de Novembro...", por José Pacheco Pereira

 

"A mistificação histórica e política do 25 de Novembro apouca-o, porque o seu significado real justificava uma comemoração digna nos seus 50 anos, em 2025, mais aquilo que traduz esta capa do Diabo, a ideia de que a liberdade e a democracia nasceram impolutas apenas no 25 de Novembro de 1975. O 25 de Abril não dera aos portugueses a “verdadeira liberdade”.

Era isto que, em 1974 e 1975, diziam, afirmavam e em função disto actuavam os partidários da ditadura que, de 1926 a 1974, oprimia os portugueses. Estas frases têm implícitas várias afirmações. Uma é de que não falo de “saudosistas” da ditadura, porque a palavra é mole. Eram muito mais que “saudosistas”. E digo oprimir porque, durante 48 anos, os portugueses não mandavam no seu país, naquela que foi a mais longa ditadura da Europa no século XX, com excepção da URSS. Não é pouco, é muito, e a capa do Diabo glorifica esse muito, mistificando o que aconteceu no 25 de Novembro de 1975 para atacar o 25 de Abril.

Há quem vá dizer que uma coisa é o Diabo, outra o “espírito” do 25 de Novembro, que seria o que presidiria às comemorações da Assembleia da República. Infelizmente para a nossa democracia não é verdade.

Começo por perguntar por que razão o 25 de Novembro é comemorado aos 49 anos, quando o 25 de Abril foi aos 50. As datas de comemoração normalmente correspondem a números redondos, e não se percebe a pressa de antecipar um ano a comemoração do 25 de Novembro, a não ser para o colocar no mesmo plano do 25 de Abril, ou, pior ainda, considerar que se pode comparar o seu significado histórico. Está-se a um passo de materializar a posição que está por detrás da capa do Diabo. O resto da capa, o “escapar à ditadura comunista”, também não tem qualquer fundamento histórico.

O 25 de Novembro pode e deve ser comemorado, mas é como ele foi, “como ele foi” foi sem dúvida importante no processo que, do 25 de Abril à plena democracia, teve várias etapas. O nascimento da nossa democracia, a partir da conquista da liberdade em 25 de Abril, demorou mais ou menos dez anos. Esses anos foram convulsivos, conflituais, mas o que é que se esperava da queda de uma ditadura, que conduzia uma Guerra Colonial, com censura todos os dias, com uma polícia política sem lei, com prisões e repressão, com altas taxas de analfabetismo, emigração em massa e enorme pobreza? Queriam que essa transição fosse “higiénica”, sem pecado? Muito bem, ajudassem a derrubar a ditadura mais cedo, a acabar com a guerra, pagando as consequências, e para isso

Por que razão o 25 de Novembro é comemorado aos 49 anos?

Muitos dos que se queixam do tumulto do pós-25 de Abril, com efeitos trágicos em particular nas colónias, não mexeram uma palha. O nascimento da democracia teve avanços e recuos e várias etapas que se estendem desde a revolução à derrota do 11 de Março (silêncio), às eleições para a Assembleia Constituinte, à vitória do 25 de Novembro, à vitória da AD, ao fim da tutela militar da democracia e, por fim, à eleição do primeiro Presidente civil.

Nesses avanços e recuos, o 25 de Novembro foi crucial para travar não uma “ditadura comunista” — o PCP continuou no governo e algumas das mais importantes nacionalizações são posteriores a Novembro —, mas sim o risco de um confronto entre fracções militares que se podia transformar numa guerra civil. Aliás, quando se confronta os defensores da versão “diabólica” do 25 de Novembro com as provas da participação comunista num golpe, não passam da “entrevista” de Cunhal a Oriana Fallaci, que qualquer pessoa que conheça o pensamento de Cunhal, com o que se sabe da estratégia do PCP nesses meses e da posição da URSS, sabe que ele não poderia ter dado aquelas respostas. Acresce que, quando confrontada com os desmentidos à sua “entrevista”, Fallaci prometeu divulgar as gravações, o que nunca aconteceu. O PCP tem muitas culpas no cartório no PREC, mas esta não tem.

Na verdade, os derrotados do 25 de Novembro são, a 25, a ala esquerdista ligada ao Copcon, que por razões intrinsecamente militares e corporativas sai à rua, ficando isolada e derrotada. A 26, os derrotados são outros, todos aqueles que queriam ilegalizar o PCP.

A mistificação histórica e política do 25 de Novembro apouca-o, porque o seu significado real justificava uma comemoração digna nos seus 50 anos, em 2025. O problema é que as pessoas a serem homenageadas seriam, com excepção de Jaime Neves — o herói solitário das comemorações “fake” de 2024 —, o Presidente general Costa Gomes, os militares do Grupo dos Nove, que são os mesmos que hoje se recusam a ir a estas comemorações, os seus vivos como Vasco Lourenço ou Sousa e Castro — demasiado “esquerdistas” para os propugnadores das comemorações “diabólicas” —, Ramalho Eanes e, no plano civil, Mário Soares, os seus companheiros da luta da Fonte Luminosa e os homens do PPD, Sá Carneiro e Emídio Guerreiro.

Ou seja, tudo gente que merecia a “verdadeira” homenagem, e não a que tem na sua propositura na Assembleia um destacado membro da resistência armada ao 25 de Abril e os membros da direita radical no CDS e no PSD. Vão todos participar numa mistificação histórica, que é ao mesmo tempo uma menorização do valor do 25 de Novembro. Mas os tempos estão para estas coisas, que a prazo se pagam caro."

José Pacheco Pereira (Historiador).

In Público - Edição Lisboa, 23 Nov 2024

O cartoon da Semana

 


sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Democracia e (ou?) Trumpismo!


Mais de 73 milhões de norte-americanos, pouco acima de 50% dos votantes, numa população de mais de 330 milhões, votaram em Trump e deram-lhe a vitória.

Com capacidade eleitoral estavam cerca de 240 milhões, tendo votado pouco mais de 140 milhões, dos quais cerca de 3 milhões votaram noutros candidatos que não os dois principais.

É assim a democracia, onde uma “grande minoria” de 22% (em relação à população total) ou de 30 % (em relação aos que têm capacidade eleitoral) pode obter o poder absoluto.

Contudo, quanto mais conhecemos a forma como funciona o sistema eleitoral norte-americano e o seu financiamento, mais perplexos ficamos sobre a verdadeira “democracia” e a “justiça” desse sistema, onde só dois partidos têm oportunidade de vencer, não possibilitando qualquer representatividade de minorias.

Claro que em França e na Grã-Bretanha, como vimos recentemente, a situação não é muito diferente.

É o problema dos sistemas de círculos eleitorais muito restritos, como nestes países europeus, ou do voto indirecto para um colégio eleitoral, como nos Estados Unidos, onde quem tem mais votos, mesmo pela diferença de um único voto, arrecada toda a representividade, dequilibrando a balança da equidade democrática.

Se juntarmos a isso o poder cada vez maior do sistema financeiro sobre os órgãos de comunicação social desse país, outro dos pilares que geralmente se lhe associa, o da “liberdade de expressão”, nos deixa cada vez mais perplexo.

Também por causa disso, nas democracias mais sólidas, existe todo um sistema de contrapesos que impede que uma "imensa minoria" se transforme em poder absoluto. 

Geralmente o que permite algum contrapeso no sistema norte-americano é a separação de poderes, mas alguns desses, como o judicial, estão cada vez mais dependentes do poder político e financeiro, só assim se explicando que Trump nunca tenha sido preso, pelos vários crimes de que é acusado.

Sobra alguma independência dos vários Estados Federais e o forte peso do tradicional associativismo de cidadania, sem esquecer que mais de 70% dos norte-americanos não estiveram com Trump.

Se a tudo isso associarmos o facto de o partido de Trump controlar todos os órgãos políticos (o senado e o congresso), e que esse candidato assumir a ruptura com todo o sistema político democrático norte-americano, a sua vitória, se bem que democrática, não deixa de ser preocupante para quem acredita nos valores de uma democracia saudável, da liberdade, do humanismo, da igualdade e do equilíbrio económico-social.

É a democracia a funcionar, sim senhor, mas também foi a democracia que levou Hitler ao poder, sem esquecer que foram “democracias”, algumas até menos viciadas que a norte-americana, que levaram ao poder Putin, Milei, Bolsonaro ou Órban, e que vai ser a democracia que está à beira de levar ao poder uma Le Pen…

Tempos complicado se avizinham.

Mas, como dizia um amigo meu, já desaparecido, quando os resultados eleitorais não nos agradavam, “não te preocupes, muitos dos que votaram neles [em Trump neste caso] vão sofre mais as consequências nrgativas das sua políticas que tu ou eu”.