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terça-feira, 15 de setembro de 2009

Domingos Lopes rompe definitivamente com o PCP

(Fotografia do Público/ Rui Gaudêncio)
É mais um histórico que abandona o Partido Comunista.
Domingos Lopes foi um dos militantes mais destacados do PCP, sendo um dos responsáveis, até aos finais dos anos 90, pelo departamento internacional daquele partido, e já tinha entrado em ruptura com o partido em 2000, quando se demitiu do Comité Central em protesto contra a suspensão de Carlos Brito e a expulsão de outros militantes críticos.
Podemo-nos interrogar sobre a oportunidade da divulgação pública das suas críticas neste momento ou sobre o que as motivou, ao que parece o facto de não ter sido convidado para integrar as listas da CDU para as próximas eleições autárquicas.
Mas as críticas de Domingos Lopes são pertinentes e identificam-se com aquilo que afasta muita gente desse partido.
A saber:
- o Centralismo “Democrático” que tem sido usado para asfixiar qualquer debate interno sério , usado como "um modo mais ou menos expedito de controlo da linha política por si definida e da promoção dos quadros que com ela se identifiquem";
- a postura Internacional do partido, que “continua a ser o único partido no mundo que mantém o apoio à invasão da Checoslováquia, em 1969, pelas tropas do Pacto de Varsóvia, ao golpe militar da Polónia que levou Jaruzelsky ao poder, à invasão do Afeganistão pelas tropas da URSS", considerando ainda a direcção desse partido “que países como Coreia do Norte e China se orientam para o socialismo, quando o primeiro não passa de uma ditadura familiar brutal que abusivamente se apoderou do simbolismo do socialismo para o ridicularizar" e a China "emerge como uma ditadura do aparelho do partido e do aparelho militar com vista à implantação do capitalismo com o mínimo de sobressaltos sociais”, mantendo ainda uma posição pouco clara em relação à integração europeia. Claro que aqui, mais uma vez, a “descoberta” de Domingos Lopes pecará por tardia, já que teve responsabilidades nas posições internacionais do partido até depois da queda do muro.
O drama de muita gente de esquerda, neste momento, é que, não se revê no neo-liberalismo cínico do PS de Sócrates, no atabalhoado programa eleitoral do Bloco de Esquerda, agravado pela desastrada prestação de Louçã nos debates televisivos, nem na postura do PCP, acima identificada por Domingos Lopes.
A abstenção, o voto nulo ou em branco é inconsequente e é dar a outros o meu voto, contribuindo para reforçar eleitoralmente o partido mais votado.
Votar em Sócrates é impossível a qualquer professor e homem de esquerda como eu.
O Bloco de Esquerda, em quem tenho votado desde que existe, deu nos últimos tempos um mau sinal com os casos Sá Fernandes e Joana Amaral Dias, situação que se agravou com as prestações de Louçã nos debates televisivos.
Provavelmente terei de fazer, no próximo acto eleitoral, aquilo que Álvaro Cunhal recomendou uma vez aos militantes do seu partido em relação a Mário Soares, que é fechar os olhos e engolir um sapo vivo votando na CDU, que ainda é, apesar de tudo, o único Partido que, no Parlamento, defende quem trabalha e o Estado Social, mesmo que muitas vezes da forma errada e, será o único em condições de respeitar acordos pontuais com um PS sem maioria absoluta.
(Fonte: edição on-line do Público , trabalho da jornalista São José Almeida)

1 comentário:

Joaquim Moedas Duarte disse...

O que me impressiona é a reacção dos antigos camaradas. É sempre a mesma: quando alguém está no PCP isso significa que é a melhor pessoa do mundo. Mas se ela sai, torna-se de imediato um pulha, mau carácter, oportunista, "rachado". É ver os comentários que sobre D Lopes aparecem no blogue do Cantigueiro, ele próprio de um grande sectarismo , adoçado de bonomia e humor.

Para mim o grande defeito do PCP é a incapacidade para lidar com as ideias dos outros, se elas são diferentes. Quem não pensa como eles é porque está ao serviço do " grande capital", é um crápula. Isto é trágico porquanto a ideia original apontava para um mundo diferente, mais justo e feliz. Mas eles não hesitam em fundar a sua justiça e felicidade sobre a destruição de todos os que pensam diferentemente. Toda a História dos regimes comunistas confirmam isso.
Por isso, eu que fui militante do PCP entre 1975 e 1985, serei incapaz de votar neles maisl alguma vez. Também fui chamado de "rachado" e não suporto o ar de igreja que tudo aquilo tem, com as suas beatas ( as mulheres/companheiras), as suas peregrinações à festa do Avante, os seus padres do Comité Central, as suas excomunhões e a sua inquisição permanente...