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domingo, 13 de setembro de 2009

Um Balanço Sobre os Debates Pré-eleitorais

Terminou hoje, com o debate televisivo entre Sócrates e Ferreira Leite, um importante capítulo pré-eleitoral .
Pela primeira vez, em muitos anos, não sei se devido a grave situação político-social do País, se ao bom trabalho de divulgação por parte da comunicação social, se a ambas, viu-se uma enorme expectativa, por parte dos eleitores e da população em geral, em acompanhar tais debates.
Penso que o modelo escolhido contribuiu igualmente para esse interesse, ao permitir uma maior clarificação das ideias apresentadas por cada candidato, com menos atropelos e menos cacofonia.
José Sócrates confirmou os seus dotes oratórios convincentes, roçando a demagogia bem estudada, conseguindo disfarçar a sua genuína arrogância, mas duvido que tenha conseguido convencer mais do que aqueles que já o estavam à partida.
Manuela Ferreira Leite revelou-se mais credível do que aquilo que se esperava inicialmente e, mesmo a sua dificuldade de comunicação e os seus lapsos só contribuíram para reforçar a genuinidade da sua personalidade. Revelou contudo alguma insegurança na defesa do programa eleitoral com que se apresenta.
Jerónimo de Sousa foi uma surpresa pela positiva, revelando-se um político afável e humilde, alterando muito a imagem que se tem do tradicional líder político do PCP.
Paulo Portas revelou-se talvez o líder mais bem preparado, embora as suas intervenções rocem muitas vezes a demagogia populista em que ele é mestre. Foi um dos que mais credibilidade ganhou com estes debates.
Francisco Louçã foi a maior decepção destes debates. A sua postura roçou por vezes a arrogância, não soube explicar convincentemente as propostas do Bloco de Esquerda, revelou ideias desastrosas a nível das suas propostas fiscais, deixou-se cilindrar pela oratória demagógica de José Sócrates.
Não sei se estes debates mudaram a tendência de voto de alguém. Pessoalmente mudou, e de que maneira. Mas disto falarei em próxima oportunidade.
Quanto ao debate de hoje, José Sócrates foi desastrado na tentativa de colar Ferreira Leite ao passado e ao neo-liberalismo. Era preciso que ele não fosse o responsável pelas políticas anti-sociais dos últimos quatro anos para se poder acreditar na sua postura de cordeirinho defensor dos fracos e ofendidos. Fugiu às questões colocadas sobre as consequências das suas reformas na segurança social e sobre a atitude do seu governo para com os professores. Continuou a defender a continuidade das suas políticas, sem reconhecer erros significativos, assumindo uma teimosia que pode a vir a ser desastrosa para o país. Talvez devesse ouvir e reflectir sobre as palavras de Mário Soares que um dia afirmou, citando alguém, que só os burros é que não mudam de ideias.
Infelizmente Manuela Ferreira Leite revelou uma grande falta de poder de comunicação, não conseguindo desmontar a vacuidade do discurso de José Sócrates, todo cheio de ideias feitas e construídas para o marketing político. Resvalou ainda para um desastroso nacionalismo de pacotilha anti-espanhol.
Depois dos debates, e como o revelam as sondagens, tudo continua em aberto, sendo estas as eleições mais disputadas e imprevisíveis dos últimos trinta anos.

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