Se dúvidas houvesse sobre a forma como a presidência de Cavaco Silva
contribuiu para o desprestígio do cargo presidencial, a forma morna e desinteressante
como decorre a campanha presidencial aí está para o provar.
Já aqui o dissemos que, depois de Cavaco Silva, qualquer candidato
serve e até o Tino de Rans daria um “bom” presidente.
Mas, se subirmos a fasquia, isto é, se usarmos como comparação os três
presidentes eleitos antes de Cavaco, isto é, Ramalho Eanes, Mário Soares e
Jorge Sampaio, então o leque de candidatos com qualidades reduz-se imenso e,
quanto a nós, apenas quatro estão em condições de se compararem com esses três.
São eles, Sampaio da Nóvoa, Marcelo Rebelo de Sousa, Marisa Matias e
Maria de Belém.
Nesta primeira semana de campanha, Marcelo Rebelo de Sousa mostrou-se
igual a si próprio, popularucho quanto baste, procurando fazer esquecer que é o
candidato da direita neoliberal
revanchista, que, ao votar nele, engole ao mesmo tampo um grande sapo, e,
se dúvidas houvesse, Passos Coelho apareceu a recordar em quem vai votar.
Maria de Belém foi a grande desilusão. Mostrou-se pouco credível, muito
“aparelhista”, sem convicção, mais preocupada nos ataques pessoais a Sampaio da Nóvoa do que em apresentar ideias
novas.
A grande revelação, pela positiva, foi a candidata Marisa Matias, com
intervenções de grande qualidade, humilde quanto baste, incisiva e credível, mostrando que o Bloco de
Esquerda é o partido que produz os candidatos mais inovadores para o futuro do
país. Contudo, não me parece que seja a candidata em melhor posição para bater
o candidato da direita na segunda volta.
Por último, o candidato em quem vamos votar, Sampaio da Nóvoa, tem vindo
a fazer uma campanha em crescendo, ganhando a visibilidade que lhe faltava e
mostrando que é um candidato credível que, sendo de esquerda, é capaz de
dialogar e lançar pontes ao centro e ao centro-direita, sendo assim melhor
candidato para disputar a segunda volta contra Marcelo.
Entre os restantes candidatos, Edgar Silva tem sido outro candidato que
tem desiludido, não sendo de estranhar que nem o eleitorado tradicional do PCP
ele venha a conseguir garantir, enquanto Tino de Rans se destaca pela sua genuinidade.
O resto é paisagem…
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