Com dez candidatos à corrida, as presidenciais que se realizam no final
deste mês correm o risco de serem as mais previsíveis e enfadonhas de sempre.
Mais de metade dos candidatos vem da área do PS e a direita neoliberal,
que nos governou neste últimos anos, não apresenta candidato próprio e vai
correr a engolir um sapo vivo que representa tudo aquilo que ela andou a
destruir no seu seio, a “social-democracia” e a democracia cristã.
Por sua vez, a felicidade da maioria dos portugueses em verem-se livre
de Cavaco, o pior presidente da história da democracia, quiçá de toda a
República, leva-os a encarar com indiferença quem o possa substituir, na
certeza de que qualquer um dos dez
concorrentes vai facilmente fazer melhor, mesmo o Tino de Rans, o que mais se
aproxima do estilo de Cavaco.
Há os candidatos credíveis, mas que, aritmeticamente, têm poucas
hipóteses de disputar uma possível segunda volta, e que apenas existem para
marcar território e combater a abstenção.
São os casos de Marisa Matias, uma
excelente deputada europeia do Bloco de Esquerda, que pode contribuir para
travar a abstenção nessa área política, de Edgar Silva, um antigo padre, hoje
militante do PCP, homem de coragem e cuja candidatura explica o carácter
popular e único desse partido no seio da história do comunismo mundial, de Paulo Morais, rosto público do discurso contra a corrupção dos
políticos, capaz de contribuir para travar a abstenção no eleitorado mais
céptico e de captar votos à esquerda e à direita, e também de Henrique
Neto, um dos poucos empresários credíveis neste país, igualmente em condições
de captar votos no centro.
Depois há os candidatos credíveis e os únicos que, se não houver imprevistos, estão em condições
de ganhar as eleições.
São os casos de Marcelo Rebelo de Sousa, figura
mediática e que anda em campanha há anos, o sapo que a direita tem de engolir e
que pode captar votos no centro e na esquerda, de Maria de Belém, genuína
representante do aparelho partidário do PS, representante da facção “segurista”
e que seria a candidata “natural” desse partido se ele não estivesse tão
dividido e desorientado pelo caso “Sócrates”, e de Sampaio da Nóvoa, este o
único que pode representar alguma inovação, criatividade e novidade no cargo
presidencial.
Depois de "apresentados", revelaremos em próxima crónica o “nosso”
candidato.
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