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quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Quem pode explicar ao “chef” Stanisic que Portugal não é a Bósnia?


Formado na intolerância e na  violência que marcou a história recente do seu país, antigo “criança-soldado” da guerra da bósnia, o “Chef” Stanisic, quer importar esse espírito arruaceiro para Portugal.

Se dúvidas havia sobre o seu desrespeito pelas instituições democráticas, elas ficaram ontem evidente pelo modo com se dirigiu ao líder do CDS, que lhe foi demonstrar apoio pela discutível greve da fome iniciada por esse empresário e conhecida estrala da TV e da imprensa cor-de-rosa, recentemente presenteado com uma milionária transferência televisiva.

Em Março passado defendia uma posição totalmente diferente, embora do mesmo modo arruaceiro que o caracteriza, como se pode ler no excerto da notícia publicada em 16 de Março no site da revista “Evasões” do Jornal de Notícias:

“O Governo não tem tomates para fechar os restaurantes”. Durante a sua intervenção no Jornal das 8, este fim de semana na TVI, Ljubomir Stanisic pedia para que o Governo decidisse encerrar os restaurantes portugueses, de norte a sul, como medida de segurança e prevenção face à propagação do Covid-19.

“Os restaurantes que se lixem, o mais importante é a saúde pública”, defendia o chef, numa altura em que discotecas foram encerradas, os bares obrigados a fechar às 21h00, e a medida atribuída aos restaurantes se fixou na limitação dos comensais a um terço da capacidade de cada espaço.

“Há 11 anos em Lisboa, esta é a primeira vez que fechamos as portas em vez de as abrir… É uma decisão difícil mas inequívoca: não podemos, em boa consciência, continuar abertos. Sentimos que temos de fazer tudo ao nosso alcance para proteger as famílias – as nossas, as da nossa equipa, as dos nossos clientes – e o mundo! É uma decisão que tomamos sozinhos, sem apoios, sem ajudas, sem rede, com a noção de que o golpe financeiro que sofreremos poderá levar muito tempo a sarar”, explicou o chef e rosto de “Pesadelo na Cozinha”, da TVI.

Desde então, a hashtag #Tomates ganhou dimensão nas redes sociais e o apoio de outros colegas e figuras da indústria da restauração”.

Agora pede exactamente o contrário, com o apoio de alguns empresários da noite, que o acompanham na “greve da fome” frente à Assembleia da República.

Em Portugal o diálogo e a negociação faz-se através das instituições representativas, associações, ordens, sindicatos e, porque vivemos em democracia, será bom recordar ao “chefe” Stanisic, também com os partidos políticos.

A forma arrogante como ele ontem se dirigiu ao líder do CDS, um partido parlamentar, goste-se ou não do que ele representa, e eu não me identifico com ele, como todos sabem, foi reveladora das intenções arruaceiras do protesto, que, baseando-se em preocupações legítimas, recorre à chantagem emocional de uma disparatada “greve da fome.

Aliás, Francisco Rodrigues foi interrompido ao referir-se à forma oportunista como André Ventura se estava a aproveitar da iniciativa, e a partir daí as coisas “esquentaram”, com ameaças veladas proferidas pelo famoso “Chef”.

O tratamento dado ao líder do CDS contrastou com a forma como foi recebido André Ventura, presente, pouco depois nesse mesmo local, onde o líder da extrema-direita se movimentou à vontade e dando entrevistas às televisões, com os “grevistas” a assistirem serenamente.

Movimentos inorgânicos como este, tais como em tempos o dos camionistas, são o   palco privilegiado para a expansão dos Andrés Venturas deste país.

Stanisic talvez seja o líder que esses extremistas precisam, para contrabalançar com um André Ventura de “falinhas mansas”.

Ainda recentemente , numa entrevista à TVI em Dezembro de 2019, dizia-se capaz de arrancar a cabeça às pessoas "quando encontro injustiças".

Talvez fosse tempo de alguém explicar ao “chef” que Portugal não é a Jugoslávia.

(ver o momento do referido "confronto":



 ou https://tviplayer.iol.pt/imperdiveis/greve-de-fome-chicao-visita-empresarios-e-ljubomir-aconselha-o-a-ir-embora/5fc697630cf203abc5b483fd ).

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

COVID-19 – Outra Maneira de Olhar para os Números (21ª artigo)- evolução mensal [Novembro] (entre 31 de Outubro e 31 de Novembro de 2020).


Voltamos hoje à divulgação de dados sobre a evolução mensal do Covid-19 no mundo, ao longo do mês de Novembro, comparando os dados divulgados pela OMS e registados em 31 de Outubro último, com os de 30 de Novembro passado.

 Os dados relativos ao total de países da União Europeia (Europa dos 27 + Grã-Bretanha), referentes a 30 de Novembro, foram retirados do site do Centro Europeu para Controle e Prevenção de Doenças (ECDPS).

 Tal com anteriormente, continuamos a ter por base o registo de dados de um grupo de 35 de países.

 (Podem clicar AQUI para poderem consultar os 20 post’s anteriores).

 Como veremos, este foi um mês bastante trágico, pelo menos no continente Europeu.

 Começamos, como é habitual, pela lista do número de mortos registados até à data de 30 de Novembro, embora os dados possam ter um atraso de um ou dois dias:

 

TOTAL DE MORTOS POR COVID-19 em todo o MUNDO – 1 456 687 (1 182 747 no mês anterior).

União Europeia [27+RU] – 321 998 (subiu 1 lugar);

Estados Unidos – 263 946;

Brasil – 172 561;

Índia – 137 139;

Reino Unido – 58 245;

Itália – 54 904;

França – 51 965;

Irão – 47 875 (subiu 1 lugar);

Espanha – 44 668;

Rússia – 39 895;

África do Sul – 21 477;

Bélgica – 16 547;

Alemanha – 16 248;

Turquia – 13 558;

Canadá – 11 976;

Holanda – 9 336;

República Checa – 8 138 (subiu 2 lugares e ultrapassou a média mundial);

 MÉDIA MUNDIAL POR PAÍS – 7 470 (6 065 no mês anterior); 

 Suécia – 6 681;

China – 4 750;

 PORTUGAL – 4 427 (2 428 há um mês) (subiu 1 lugar);

 Suíça – 4 236 (subiu 1 lugar);

Áustria –  2 904 (subiu 3 lugares);

Israel – 2 831;

Grécia – 2 321 (subiu 4 lugares);

Japão – 2 119 (subiu 1 lugar);

Irlanda – 2 052;

Austrália – 907 (= ao mês anterior);

Dinamarca – 829;

Palestina – 807;

Coreia do Sul – 526;

Finlândia – 393;

Angola – 346 (subiu 1 lugar);

Noruega – 328;

Cuba – 134;

Islândia – 26 (subiu 1 lugar).

Nova Zelândia – 25 (= ao mês anterior);

A Vermelho assinalamos os países que registaram uma subida de posição no trágico “ranking” da mortalidade. Assinale-se o caso da União Europeia que ultrapassou o número de mortos dos Estados Unidos, com mais de 100 mil mortos ao longo do mês de Novembro. A situação de agravamento foi acompanhada por vários países europeus, com destaque para a República Checa, a Áustria e a Grécia, países que ainda há poucos meses eram indicados como “exemplares” ou “inteligentes” Portugal acompanhou essa tendência, quase duplicando o número de votos ao longo do último mês.

 Não se registaram óbitos ao longo do mês de Novembro na Austrália e na Nova Zelândia.

 O número acumulado de mortos não nos permite, só por si, observar o ritmo de crescimento da mortalidade.

 Em baixo registamos o crescimento percentual de mortes registadas ao longo deste mês, podendo observar os países onde esse crescimento é maior, mais rápido e mais preocupantes e aqueles que registam um maior abrandamento (entre parênteses, velocidade de crescimento no anterior mês de Setembro).

 A vermelho assinalamos os países que passaram para um patamar pior do que aquele em que estavam no mês anterior, e a verde os que desaceleraram, descendo de patamar. A preto os que se mantiveram no mesmo patamar do mês anterior. A sublinhado os que subiram na posição relativa.

 No geral houve um acelerar no crescimento da mortalidade

 Situação “descontrolada”

(crescimento mensal da mortalidade acima dos 50%):

Grécia- 277,39 (60,57);

República Checa – 184, 34 (363, 10);

Áustria – 172,93 (34,68);

Islândia – 116,66 (20 ) (subiu 9 patamares, embora partindo de uma base muito baixa, passando de 12 para 26 óbitos);

Suíça – 113,50 (68,27);

PORTUGAL – 82,33 (24,06) (subiu 5 patamares);

Alemanha – 57,02 (9,97);

 

Velocidade de crescimento “preocupante”

(entre 20% e 50%):

UNIÃO EUROPEIA – 46,87;

Bélgica – 46,33 (13,27);

Palestina –  45,93 (51,09);

França – 45,48 (13,00);

Rússia – 44,25 (34,61);

Itália – 44,02 (6,33);

Irão – 38,85 (32,67);

Turquia- 34,25 (25,26);

Holanda – 28,63 (13,92);

Reino Unido – 26,74 (9,41);

Angola – 25,81 (56,25 );

Espanha- 25,33 (14,11);

 “Velocidade” média MUNDIAL – 23,16 (17,86);

 Japão – 20,74 (12,21);

 

Evolução “lenta”, mas ainda perigosa

(entre 10 e 20%):

Canadá- 18,88 (8,57);

Noruega – 16,72 (2,55);

Estados Unidos – 16,18 (11,43);

Dinamarca – 15,78 (10,32);

Coreia do Sul –13,36 (12,34);

Israel – 12,96 (73,30);

Índia – 12,74 (24,76);

Suécia – 12,58 (0,91);

África do Sul – 12,06 (15,64);

Finlândia – 11,01 (2,60);

 

Ritmo aceitável, mas ainda não controlado (crescimento entre 5 e 10%):

Irlanda –7,88 (5,54);

Brasil – 5,98 (11,90);

 

A caminho da “extinção” (abaixo de 5%):

Cuba – 4,68 (4,91);

China – 0,08 (0);

Austrália – 0 (2,83);

Nova Zelândia – 0 (0);

 A mortalidade a nível mundial continua preocupante, com uma acentuada aceleração.

 Foram muitos os países que viram a sua situação a piorar, registando acelerações significativas, como foi o caso de  Portugal que subiu para o pior de todos os patamares, embora “bem acompanhado” por países como a Áustria e a Alemanha.

 O crescimento de infectados também conheceu uma acentuada aceleração ao longo do mês de Novembro.

 Registamos aqui o ritmo de crescimento percentual de novos casos ao longo deste último (entre parêntesis, a velocidade de propagação registada no mês anterior).

 A vermelho registamos os países com um crescimento superior a 100% e/ou que subiram de patamar e a verde os que desceram de patamar:

 Crescimento Descontrolado

(crescimento mensal de infectados acima dos 50%):

Grécia- 193,46 (100,54);

Áustria – 189,17 (119,20);

Itália – 157,08 (98,03);

Suíça- 119,30 (175,20);

PORTUGAL – 112,29 (79,14);

Alemanha – 110,90 (73,85);

Suécia- 100,65 (33,26);

UNIÃO EUROPEIA – 83,22

Noruega – 82,24 (39,18);

Dinamarca -80,20 (62,65);

França – 74,26 (141,15);

República Checa- 67,61 (370,06);

Reino Unido – 67,53 (119,98);

Canadá – 59,62 (47,16);

Finlândia- 58,22 (59,91);

Holanda- 56,93 (188,63);

Irão- 56,82 (33,35);

 Crescimento Preocupante

(entre 20 e 50% num mês):

Palestina – 49,50 (29,19);

Rússia – 48,10 (37,00);

Estados Unidos – 47,78 (25,09);

Angola – 47,07 (114,07);

Bélgica – 47,00 (240,24);

Espanha- 40,35 (61,91);

Ritmo de crescimento Mundial – 38,15 (34,98);

Turquia – 33,30 (17,40);

Japão- 31,59 (14,06);

Coreia do Sul – 29,00 (11,33);

Cuba- 21,05 (22,96);

 Crescimento ainda não controlado

(entre os 10 e os 20%)

Irlanda – 19,80 (70,43);

Índia – 15,90 (30,67);

Brasil – 14,48 (15,78);

Islândia – 14,02 (77,20);

 Em desaceleração

(entre os 5 e os 10%):

África do Sul – 9,13 (7,45);

Israel – 6,22 (36,65);

Nova Zelândia – 6,18 (8,17);

 Praticamente extinto

 (abaixo dos 5%)

China –1,71 (0,93);

Austrália – 1,12 (1,91);

 É de registar a quantidade de países a vermelho e de países com um ritmo de crescimento mensal superior a 100%.

Em Portugal a situação continuou a agravar-se, registando uma aceleração mensal superior aos 100% e ocupando o 5º pior lugar.

 Outro modo de analisar a situação é  observar a percentagem de falecidos em relação ao total de infectados, que pode ser revelador da melhor ou da pior resposta do Sistema de Saúde de cada país, da melhor ou pior actuação das autoridades, sem esquecer ainda outros factores que podem interferir, como a capacidades imunológicas da população, hábitos, envelhecimento, clima ou genética.

 Situação “negativa e trágica”

(mortalidade acima dos 10% dos infectados):

(nenhum dos países observados está, por agora, nesta situação).

 Situação “preocupante”

(entre os 5 e os 10%):

Irão – 5,04% de mortos em relação ao número de infectados registados;

China – 5,08;

 Situação “aceitável” (entre 5 e 2,5%) :

Reino Unido – 3,60;

Itália – 3,46

Canadá – 3,28;

Austrália – 3,25;

Bélgica – 2,87;

Irlanda – 2,84; BCG

Espanha – 2,74;

Brasil – 2,74;

Suécia – 2,74;

Turquia – 2,74;

África do Sul – 2,72;

Média da União Europeia (27+1 RU) – 2,45;

França – 2,38;

Média MUNDIAL – 2,33 (2,62 no mês anterior);

Angola – 2,29;

Estados Unidos – 2,01;

Situação “boa” (abaixo de 2,5%):

Grécia – 2,22; BCG

Holanda – 1,80;

Rússia – 1,73;

Cuba – 1,63;

Finlândia – 1,59;

República Checa – 1,56; BCG

Alemanha – 1,54;

Coreia do Sul – 1,53;

PORTUGAL– 1,50 (1,83  no mês anterior); BCG

Nova Zelândia – 1,47;

Índia – 1,45;

Japão – 1,44;

Suíça -1,33;

Dinamarca – 1,04;

Noruega – 0,94; BCG

Áustria – 0,75;

Israel – 0,85;

Palestina – 0,83;

Islândia – 0,48; BCG

 Ao contrário dos quadros anteriores, este é um dos que tem evoluído positivamente, mostrando que o aumento e aceleração de casos nesta segunda vaga não está a provocar tanta mortalidade como a primeira, na relação com o aumento de casos, talvez porque a média etária de infectados é agora mais baixa.

 Este é um dos quadros que melhor consegue aferir sobre a eficácia na resposta à crise.

 Neste caso é positiva a posição de Portugal, melhor que  a média Europeia e Mundial.

Apesar de uma população envelhecida, de ilhas de pobreza, de um sistema de habitação em situação crítica, da tentativa de destruição do Sistema Nacional de Saúde nos tempos da Troika, comparativamente com a situação de países mais ricos e em situação mais favorável, é caso para dizer que, até agora, apesar de tudo, Portugal é um dos países mais resilientes ao efeito da pandemia.

Pensamos que será o resultado deste ranking, quando estiver tudo devidamente contabilizado e ultrapassada a pandemia, que nos vai mostrar a verdadeira dimensão da eficácia da resposta de cada país a esta crise, e Portugal, por enquanto, parece ser um dos que se está a sair melhor na resposta à crise.

Sem mais comentários, fiquem com os dados e tirem as vossas conclusões.

Voltaremos agora só daqui a um mês, com nova divulgação e análise dos dados.