Formado na intolerância e na violência que marcou a história recente do seu país, antigo “criança-soldado” da guerra da bósnia, o “Chef” Stanisic, quer importar esse espírito arruaceiro para Portugal.
Se dúvidas havia sobre o seu desrespeito pelas instituições
democráticas, elas ficaram ontem evidente pelo modo com se dirigiu ao líder do
CDS, que lhe foi demonstrar apoio pela discutível greve da fome iniciada por
esse empresário e conhecida estrala da TV e da imprensa cor-de-rosa,
recentemente presenteado com uma milionária transferência televisiva.
Em Março passado defendia uma posição totalmente diferente,
embora do mesmo modo arruaceiro que o caracteriza, como se pode ler no excerto
da notícia publicada em 16 de Março no site da revista “Evasões” do Jornal de
Notícias:
“O Governo não tem tomates para fechar os restaurantes”. Durante
a sua intervenção no Jornal das 8, este fim de semana na TVI, Ljubomir Stanisic
pedia para que o Governo decidisse encerrar os restaurantes portugueses, de
norte a sul, como medida de segurança e prevenção face à propagação do
Covid-19.
“Os restaurantes que se lixem, o mais importante é a saúde
pública”, defendia o chef, numa altura em que discotecas foram encerradas, os
bares obrigados a fechar às 21h00, e a medida atribuída aos restaurantes se
fixou na limitação dos comensais a um terço da capacidade de cada espaço.
“Há 11 anos em Lisboa, esta é a primeira vez que fechamos as
portas em vez de as abrir… É uma decisão difícil mas inequívoca: não podemos,
em boa consciência, continuar abertos. Sentimos que temos de fazer tudo ao
nosso alcance para proteger as famílias – as nossas, as da nossa equipa, as dos
nossos clientes – e o mundo! É uma decisão que tomamos sozinhos, sem apoios,
sem ajudas, sem rede, com a noção de que o golpe financeiro que sofreremos
poderá levar muito tempo a sarar”, explicou o chef e rosto de “Pesadelo na
Cozinha”, da TVI.
Desde então, a hashtag #Tomates ganhou dimensão nas redes
sociais e o apoio de outros colegas e figuras da indústria da restauração”.
Agora pede exactamente o contrário, com o apoio de alguns
empresários da noite, que o acompanham na “greve da fome” frente à Assembleia
da República.
Em Portugal o diálogo e a negociação faz-se através das
instituições representativas, associações, ordens, sindicatos e, porque vivemos
em democracia, será bom recordar ao “chefe” Stanisic, também com os partidos
políticos.
A forma arrogante como ele ontem se dirigiu ao líder do CDS, um
partido parlamentar, goste-se ou não do que ele representa, e eu não me
identifico com ele, como todos sabem, foi reveladora das intenções arruaceiras
do protesto, que, baseando-se em preocupações legítimas, recorre à chantagem
emocional de uma disparatada “greve da fome.
Aliás, Francisco Rodrigues foi interrompido ao referir-se à
forma oportunista como André Ventura se estava a aproveitar da iniciativa, e a
partir daí as coisas “esquentaram”, com ameaças veladas proferidas pelo famoso “Chef”.
O tratamento dado ao líder do CDS contrastou com a forma como
foi recebido André Ventura, presente, pouco depois nesse mesmo local, onde o
líder da extrema-direita se movimentou à vontade e dando entrevistas às
televisões, com os “grevistas” a assistirem serenamente.
Movimentos inorgânicos como este, tais como em tempos o dos
camionistas, são o palco privilegiado para a expansão dos Andrés Venturas
deste país.
Stanisic talvez seja o líder que esses extremistas precisam,
para contrabalançar com um André Ventura de “falinhas mansas”.
Ainda recentemente , numa entrevista à TVI em Dezembro de 2019, dizia-se capaz de arrancar a cabeça às pessoas "quando encontro injustiças".
Talvez fosse tempo de alguém explicar ao “chef” que Portugal não
é a Jugoslávia.
(ver o momento do referido "confronto":
Sem comentários:
Enviar um comentário