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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

...Em Busca de Darwin.


O bicentenário do nascimento de Charles Darwin que se comemora hoje, inspira-me, a mim que não sou da área das ditas ciências naturais, algumas reflexões .
A sua imensa curiosidade pelo mundo que o rodeava, é um dos primeiros temas para reflectir. Sem curiosidade e sem paixão pelo que se investiga, duvido muito que, por muitos cursos que se frequentem ou diplomas que se coleccionem, se consiga passar da mediania. As nossas escolas e o nosso ensino, aliás, são construídas para a mediania ou mesmo para nivelar pela mediocridade, como parece ser o caso actual.
A situação não seria muito diferente no tempo de Darwin, pois este não passou de um aluno medíocre, um pouco à imagem do que aconteceu, um século depois, com esse vulto do pensamento científico do Século XX, Albert Einstein.
A escola, ontem como hoje, não está preparada para aguçar a curiosidade de quem saia da norma.
A organização dos horários, dos programas, dos exames, a valorização das médias estatísticas e dos ranckings ou a panaceia tecnológica do discurso oficial sobre o ensino, apelam para tudo, menos para o desenvolvimento do espírito crítico e criativo ou da curiosidade científica. Darwin não sobreviveria no actual sistema de ensino.
Recordo-mo de, nos primeiros anos de liceu, visitar os campos das redondezas para recolher plantas nas aulas de Ciências do professor Semedo Touco ou visitar os monumentos do concelho, durante as aulas de Religião e Moral do Padre Joaquim, eu que nem era crente. A estes passeios, muito fiquei a dever o gosto pela natureza e pelo património. Contudo estes casos eram excepção.
Hoje, qualquer professor que queira sair com os seus alunos do espaço de uma sala de aula para uma visita de estudo, sujeita-se a uma imensidão de trabalhos, desde a reorganização do seu horário, ao preenchimento de um sem fim de relatórios e autorizações e, no final, à má-criação generalizada dos alunos que revelam, na maior parte dos casos, uma grande falta de curiosidade pelo conhecimento, ou por algo que vá para além do seu telemóvel ou do “futebolês” .
Qual seria o jovem cientista dos nossos dias que se proporia a fazer uma volta ao mundo durante cinco anos, sujeitando-se às mais duras condições de sobrevivência, como o fez Darwin em 1836, com 22 anos, a bordo do navio da Real Marinha Britânica HMS Beagle?
E quem seria o jovem cientista que, sem se preocupar com o êxito fácil imediato e mediático, se submeteria a esperar quase mais vinte anos para publicar a sua obra fundamental e desafiar os dogmas estabelecidos?
É esse espírito de aventura, de curiosidade e de paixão permanente pelo conhecimento que é, quanto a mim, o grande exemplo da vida de Darwin.
Continuemos a buscar o Darwin que há em nós.

2 comentários:

Luisa disse...

Olá Venerando! Não sejamos pessimistas, então como agora a curiosidade não era generalizada, então como agora os sistemas de ensino eram muito imperfeitos. Felizmente graças a Darwin sabemos que estamos em evolução.

Joaquim Moedas Duarte disse...

Belo postal, V M!

Vou fazer a página LUGAR ONDE sobre Darwin. Posso usar uma parte do que escreveste aqui? Claro que refiro a proveniência...
Abraço