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domingo, 15 de fevereiro de 2009

Torres-García e Vieira da Silva


Por pouco perdia a exposição “A Intuição e a Estrutura de Torres-García a Viera da Silva, 1929-1949” que esteve até hoje no Museu Berardo, pois só ontem, dia 14, a consegui visitar.
Esta exposição colocou em confronto dois dos mais importantes pintores influenciados pelo vanguardismo parisiense da primeira metade do Século e que nutriam uma grande admiração pelos trabalhos respectivos.
Vieira da Silva e o uruguaio Torres-García nunca se conheceram pessoalmente, mas trocaram correspondência sobre os trabalhos que ambos desenvolveram, onde se cruzam influências do cubismo, do abstraccionismo geométrico e do expressionismo abstracto, e, em menor grau do surrealismo, embora cada uma apresente marcas individuais muito próprias.
Uma das características comuns de ambos os pintores foi a independência face às várias correntes vanguardistas da época, aproveitando os caminhos que elas apontavam, mas sem perder a originalidade das suas propostas pictóricas.
Outra característica comum foi a temática dos espaços urbanos e a manutenção de elementos figurativos entre os abstractos.
Vieira da Silva (1908-1992) e Torres-García (1874-1949) pertenciam a gerações diferentes, sendo este mais velho do que ela 34 anos. Vieira da Silva descrevia o mundo de Torres-García como “um mundo severo e alegre; um mundo onde eu entrei em 1929 e onde ainda hoje continuo a morar”.
Nesta exposição tivemos a possibilidade de conhecer muitas obras de Vieira da Silva que estão em França, nomeadamente no Centro Pompidou.
Esta foi a terceira grande exposição de Vieira da Silva que pude visitar, e de cada vez saio extasiado pela criatividade da artista a quem Salazar recusou a nacionalidade portuguesa.
A primeira grande exposição vi-a em Pontevedra, há vários anos, numa das muitas viagens que fiz à Galiza. Incluía essa exposição os seus quadros de maiores dimensões e a maior parte deles, propriedade dos irmãos Brito, nunca os voltei a ver expostos.
A segunda foi no Museu Arpad Szenes-Vieira da Silva, uma das mais completas sobre a pintora portuguesa, num dos meus museus preferidos de Lisboa.
Cada vez que visitamos a obra de Vieira da Silva é um mundo sempre renovado que se abre à nossa frente.
Ficamos a aguardar a próxima exposição retrospectiva.

1 comentário:

Unknown disse...

Olá Venerando,

eu perdi mesmo!!!!
Mas com esta tua síntese já não perdi "tudo"!!!!
Aguardemos a próxima!!!!

M.C.