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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

História do carnaval de Torres - 1

Os primórdios
A primeira referência a brincadeiras de carnaval em Torres Vedras data do tempo de D. Sebastião, num documento datado de 1574.Trata-se de uma queixa de um morador da Vila de Torres Vedras contra uns "moços folgando com um galo” no dia do Entrudo e que provocaram uma briga.
Só com o aparecimento da imprensa local, em 1885, surgem as primeiras referências ao Carnaval de Torres, geralmente referido como “desengraçado” e “sem espírito”. Durante anos este limitou-se aos bailes e récitas nas colectividades e em casas particulares, quase sem nenhuma animação de rua, excluindo um ou outro grupo de mascarados desfilando numa ou noutra carruagem enfeitada.
Em 1901 o carnaval incluiu uma novidade, a primeira exibição do "animatógrafo" em Torres Vedras, no Grémio, segunda feira de carnaval, dia 25 de Fevereiro .
Não foi o assassinato de D. Carlos, em Fevereiro de 1908, que impediu o carnaval desse ano, realizado menos de um mês após aquela tragédia, de ter sido o mais animado e o mais político dos até então festejados em Torres Vedras, o que talvez revele a influência dos republicanos na recuperação do carnaval de rua.
Com o advento da Republica o carnaval de rua, em Torres Vedras, começa a adquirir maior animação.
1912 parece ter sido um ano crucial, referindo-se “A Folha de Torres Vedras” à importância do programa então elaborado pelas colectividades da terra (Casino, Grémio, Tuna e “Salão-avenida animatographo”), que deu ao carnaval desse ano uma animação “extraordinária, superior à dos anteriores (...)”, tendo-se até formado uma comissão para animar as ruas que, acompanhada da filarmónica ("Torreense"?), o fez pedindo donativos “para distribuir na terça-feira um bodo aos pobres”.Também para os dois dias de carnaval foi organizada, pela classe dos tanoeiros, uma aparatosa mascarada, executando"graciosas danças", sendo ainda muito comentado um grupo de mascarados que surgiu na terça-feira parodiando as tropas contra-revolucionárias de Paiva Couceiro (este, no ano anterior, tinha ensaiado uma primeira tentativa de restauração da monarquia) “arrancando as gargalhadas a toda a gente, pela graça e sobretudo pela cópia fiel dos aguerridos paivantes de mantas às costas e marmitas e entre os quais se viam policias, guardas municipais, muitos padres e jesuítas”.
Quem sabe se não terão sido estes os antepassados das “tropas” que ainda hoje costumam acompanhar o cortejo "real","ministros" e"matrafonas".
Esta manifestação chegou mesmo a merecer destaque nas páginas da "Ilustração Portuguesa", onde se publicou aquela que é a mais antiga fotografia conhecida do Carnaval de Torres.
Até aos anos 20,o carnaval torriense continuou em dispersas, variadas e espontâneas actividades: enfarinhar o cabelo das raparigas, atirar saquinhos de grainha, tremoço seco e farinha,"assaltos" em grupo a casas particulares, alguns grupos de rapazes percorrendo as ruas em trens abertos, carroças e galeras (de tracção animal), umas burricadas e a visitas a colectividades locais.

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