Anos 60 – O Carnaval de Torres afirma-se
Logo em 1946 retomou-se a tradição do carnaval de rua, constituindo-se uma comissão que levou a efeito a evocação da Iª Visita do Rei Carnaval a Torres Vedras. Os Reis de Carnaval foram recebidos e aclamados quando da sua chegada à estação de caminho de ferro, organizando-se um vistoso cortejo, que, percorrendo as ruas da vila, visitou as colectividades recreativas, a cujas direcções SS.MM. apresentaram os seus desejos de muita alegria, durante os três dias que lhe eram consagrados.
Mas foi só em 1950 que se organizou um cortejo com as dimensões da fase anterior. Em 1951 tomaram posse os novos "reis" do carnaval, Levy Miguel dos Santos (o "rei") e António Agostinho ("a rainha").
Contudo, em 1953 o carnaval sofreu nova interrupção e, apesar de se ter realizado em 1955, só a partir de 1960 conhece um novo alento.
Realizando-se em 1959 uma reunião magna no Teatro-Cine para relançar o Carnaval de Torres, formou-se uma comissão que, apoiada na estrutura organizativa da Física de Torres, recuperou, em 1960, o cortejo de rua que teve lugar durante dois dias, agora ao Domingo e à terça-feira.
Nos anos 60, a chegada dos reis do carnaval passou a efectuar-se no Domingo de manhã, na estação de comboios, sendo recebidos com o discurso do “primeiro-ministro”. Nos anos 90 acrescentou-se a essa cerimónia a entrega, pelo Presidente da Câmara, da chave da cidade à comitiva real.
Os discursos de carnaval, proferidos pelos sucessivos “primeiros-ministros” em honra à comitiva real, como acto de abertura oficial do Carnaval de Torres, tornou-se uma ocasião especial para fazer crítica social e política, especialmente interessante nos anos 60, quando a censura ainda dominava.
É neste período que surgem os “Zés Pereiras”, os quais, acompanhados dos gigantones e dos cabeçudos, se tornaram uma presença obrigatória no Carnaval de Torres até aos nossos dias. É então também que surge a “Pandilha”, presente pela primeira vez em 1948, que, percorrendo as colectividades locais, aproveitava a ocasião para fazer crítica social e política, o que lhes acarretou alguns problemas com as autoridades.
Facto inédito foi a visita feita ao "rei" do carnaval de Torres, no carnaval de 1970, por um segundo "rei" ("D.Rachadinho I", rei da "Brejenjolândia" d` àlém sizandro) que, chegando ao aero-clube de Santa Cruz com a sua corte, se encontrou com o de Torres para a "Assembleia ANU" (Assembleia dos Naturais do Universo), que teve lugar no Campo do S.C.U.T. no Sábado Gordo.
Deste período, nas décadas de 60 e 70, há que recordar João Maria Brandão de Melo, rei do carnaval durante 25 anos, desde 1966, e que "abdicou", em 1990, a favor de seu filho Bruno Brandão de Melo, representando o primeiro caso de sucessão dentro da mesma família, ou José Manuel Abrantes, "rainha" durante 19 anos, até 1991, "a" "rainha" mais bonita de sempre", tendo enganado muitos incautos , que "a" perseguiam julgando que era mesmo uma mulher. Ao abdicar a favor de António Manuel dos Reis (Mima), tornou-se na primeira “rainha mãe” da história do Carnaval de Torres.
Até 1974 o carnaval só conheceu uma interrupção em 1963 e 1964, por imposição das autoridades, por causa da “guerra colonial”.
Luís Brandão Pereira de Melo foi um dos principais responsáveis pelo relançamento do carnaval nos anos 60, período no qual se destacou a arte de um Luís Faria.
Finalmente a Liberdade
As liberdades conquistadas a 25 de Abril prometiam uma nova expansão do Carnaval, pois esta quadra sempre se deu mal com ditaduras e autoritarismo.
Lamentavelmente, as lutas políticas que se seguiram àquela data e a afirmação de um novo tipo de “ditadura”, a económica, quase acabaram com o Carnaval de Torres.
Este não se realizou em 1975, e só em 1978, com a formação de uma comissão de carnaval, patrocinada pela Câmara Municipal e pela respectiva comissão de turismo, regressou às ruas de Torres.
Em 1983 e 1984 o carnaval passou por um novo período difícil, sofrendo um grave rombo orçamental em 1983 e interrompendo a sua realização em 1984, devido às graves consequências, para a região, das inundações do inverno de 1983.
É então que a vereação da cultura e turismo, presidida por António Carneiro, tomou nas suas mãos a decisão de se responsabilizar pela organização do evento, transformando-o num dos principais cartazes turísticos da região.
O carnaval de 1985 marcou assim um novo e definitivo arranque do Carnaval de Torres, iniciando-se aí aquela que é a sua fase actual. A partir de 1988 a sua organização passou a obedecer a uma temática unificadora, que, ao longo dos anos, foi passando do recinto do corso para todas as entidades envolvidas na animação daquela quadra : bares, desfile das escolas, grupos espontâneos de mascarados.
A partir dos anos 90 o desfile de todos os alunos das escolas do concelho mascarados, na Sexta-feira antes do Carnaval, tornou-se num dos pontos altos da festa, generalizando-se a formação de grandes grupos de mascarados que percorrem colectividades, discotecas e bares durante esses dias, e que animam ainda os corsos diurnos e, desde 1995, o corso nocturno de Sábado.
Mais polémico foi a criação, neste ano, do carnaval de Verão, que se realiza em Santa Cruz.
Este período mais recente fiou marcado pela qualidade dos carros alegóricos imposta pela arte de José Pedro Sobreiro, que fez escola e teve excelentes seguidores em vários artistas locais que colaboram na imagem iconográfica do Carnaval, com destaque para António Trindade, António Travanca e Sarzedas. Actualmente deve-se à empresa Gulliver a responsabilidade pela arte oficial do carnaval, cabendo a organização a uma empresa municipal.
Logo em 1946 retomou-se a tradição do carnaval de rua, constituindo-se uma comissão que levou a efeito a evocação da Iª Visita do Rei Carnaval a Torres Vedras. Os Reis de Carnaval foram recebidos e aclamados quando da sua chegada à estação de caminho de ferro, organizando-se um vistoso cortejo, que, percorrendo as ruas da vila, visitou as colectividades recreativas, a cujas direcções SS.MM. apresentaram os seus desejos de muita alegria, durante os três dias que lhe eram consagrados.
Mas foi só em 1950 que se organizou um cortejo com as dimensões da fase anterior. Em 1951 tomaram posse os novos "reis" do carnaval, Levy Miguel dos Santos (o "rei") e António Agostinho ("a rainha").
Contudo, em 1953 o carnaval sofreu nova interrupção e, apesar de se ter realizado em 1955, só a partir de 1960 conhece um novo alento.
Realizando-se em 1959 uma reunião magna no Teatro-Cine para relançar o Carnaval de Torres, formou-se uma comissão que, apoiada na estrutura organizativa da Física de Torres, recuperou, em 1960, o cortejo de rua que teve lugar durante dois dias, agora ao Domingo e à terça-feira.
Nos anos 60, a chegada dos reis do carnaval passou a efectuar-se no Domingo de manhã, na estação de comboios, sendo recebidos com o discurso do “primeiro-ministro”. Nos anos 90 acrescentou-se a essa cerimónia a entrega, pelo Presidente da Câmara, da chave da cidade à comitiva real.
Os discursos de carnaval, proferidos pelos sucessivos “primeiros-ministros” em honra à comitiva real, como acto de abertura oficial do Carnaval de Torres, tornou-se uma ocasião especial para fazer crítica social e política, especialmente interessante nos anos 60, quando a censura ainda dominava.
É neste período que surgem os “Zés Pereiras”, os quais, acompanhados dos gigantones e dos cabeçudos, se tornaram uma presença obrigatória no Carnaval de Torres até aos nossos dias. É então também que surge a “Pandilha”, presente pela primeira vez em 1948, que, percorrendo as colectividades locais, aproveitava a ocasião para fazer crítica social e política, o que lhes acarretou alguns problemas com as autoridades.
Facto inédito foi a visita feita ao "rei" do carnaval de Torres, no carnaval de 1970, por um segundo "rei" ("D.Rachadinho I", rei da "Brejenjolândia" d` àlém sizandro) que, chegando ao aero-clube de Santa Cruz com a sua corte, se encontrou com o de Torres para a "Assembleia ANU" (Assembleia dos Naturais do Universo), que teve lugar no Campo do S.C.U.T. no Sábado Gordo.
Deste período, nas décadas de 60 e 70, há que recordar João Maria Brandão de Melo, rei do carnaval durante 25 anos, desde 1966, e que "abdicou", em 1990, a favor de seu filho Bruno Brandão de Melo, representando o primeiro caso de sucessão dentro da mesma família, ou José Manuel Abrantes, "rainha" durante 19 anos, até 1991, "a" "rainha" mais bonita de sempre", tendo enganado muitos incautos , que "a" perseguiam julgando que era mesmo uma mulher. Ao abdicar a favor de António Manuel dos Reis (Mima), tornou-se na primeira “rainha mãe” da história do Carnaval de Torres.
Até 1974 o carnaval só conheceu uma interrupção em 1963 e 1964, por imposição das autoridades, por causa da “guerra colonial”.
Luís Brandão Pereira de Melo foi um dos principais responsáveis pelo relançamento do carnaval nos anos 60, período no qual se destacou a arte de um Luís Faria.
Finalmente a Liberdade
As liberdades conquistadas a 25 de Abril prometiam uma nova expansão do Carnaval, pois esta quadra sempre se deu mal com ditaduras e autoritarismo.
Lamentavelmente, as lutas políticas que se seguiram àquela data e a afirmação de um novo tipo de “ditadura”, a económica, quase acabaram com o Carnaval de Torres.
Este não se realizou em 1975, e só em 1978, com a formação de uma comissão de carnaval, patrocinada pela Câmara Municipal e pela respectiva comissão de turismo, regressou às ruas de Torres.
Em 1983 e 1984 o carnaval passou por um novo período difícil, sofrendo um grave rombo orçamental em 1983 e interrompendo a sua realização em 1984, devido às graves consequências, para a região, das inundações do inverno de 1983.
É então que a vereação da cultura e turismo, presidida por António Carneiro, tomou nas suas mãos a decisão de se responsabilizar pela organização do evento, transformando-o num dos principais cartazes turísticos da região.
O carnaval de 1985 marcou assim um novo e definitivo arranque do Carnaval de Torres, iniciando-se aí aquela que é a sua fase actual. A partir de 1988 a sua organização passou a obedecer a uma temática unificadora, que, ao longo dos anos, foi passando do recinto do corso para todas as entidades envolvidas na animação daquela quadra : bares, desfile das escolas, grupos espontâneos de mascarados.
A partir dos anos 90 o desfile de todos os alunos das escolas do concelho mascarados, na Sexta-feira antes do Carnaval, tornou-se num dos pontos altos da festa, generalizando-se a formação de grandes grupos de mascarados que percorrem colectividades, discotecas e bares durante esses dias, e que animam ainda os corsos diurnos e, desde 1995, o corso nocturno de Sábado.
Mais polémico foi a criação, neste ano, do carnaval de Verão, que se realiza em Santa Cruz.
Este período mais recente fiou marcado pela qualidade dos carros alegóricos imposta pela arte de José Pedro Sobreiro, que fez escola e teve excelentes seguidores em vários artistas locais que colaboram na imagem iconográfica do Carnaval, com destaque para António Trindade, António Travanca e Sarzedas. Actualmente deve-se à empresa Gulliver a responsabilidade pela arte oficial do carnaval, cabendo a organização a uma empresa municipal.
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