A invenção do Carnaval de Torres (1922/23 – 1926)
Em 1922, um grupo de mascarados percorreu as várias colectividades da então vila de Torres Vedras, fazendo a ligação entre o tradicional carnaval das colectividades e o carnaval de rua.
O êxito dessa iniciativa levou à formação, no ano seguinte, de uma comissão para estruturar melhor o carnaval de 1923. Neste, imitando o que se fazia em Coimbra e em Lisboa, realizou-se a primeira recepção, na estação ferroviária, ao Rei do Carnaval, então ainda sem a companhia da “rainha. Seguiu-se um cortejo carnavalesco que, saindo do pátio de Francisco Alves, percorreu todas as colectividades da vila.
“Nascia” assim o carnaval de Torres.
No ano seguinte, o rei "D.Carnaval II" foi esperado na estação do caminho de ferro, recebido por um "esquadrão de cavalaria e burraria" e por um "batalhão de marinheiros de água doce", "ministros" e "embaixadores". Foi ainda recebido por vários coches, de entre os quais se destacou um com os "altos dignatários", como o "cardeal", "o bispo", o "cónego", e o "acólito". Esta paródia a elementos da Igreja foi posteriormente abandonada, quer devido a pressões políticas, quer pelo facto de, em dois anos sucessivos, aqueles que se disfarçaram de cardeais terem falecido, o que contribuiu para a superstição, todos se recusando, daí para a frente, assumir essa máscara.
O cortejo seguiu depois em visita às sociedades de recreio, tendo lugar um banquete de gala no Hotel Natividade. À tarde realizou-se um desafio de futebol na Porta da Várzea. As festas terminaram no "Grémio Artistico e Comercial" com o baptismo do príncipe real e a presença, pela primeira vez da "rainha", desde logo representada por um homem, Jaime Alves, costume que se manteve até aos nossos dias.
Este torriense foi “ a rainha” que reinou durante mais anos, até ao início dos anos 50, acompanhado no trono, durante as três primeiras décadas de Carnaval de Torres, pelo “rei” Álvaro André de Brito. Este “reinado” foi apenas interrompido em 1940, fazendo de rainha Gil Lopes.
É neste período que surgem as célebres “matrafonas”, ainda hoje imagem de marca do Carnaval de Torres.
Anos 30 e 40
Durante os anos de 1927 a 1929 o carnaval de rua organizado conheceu a sua primeira interrupção. Estávamos nos primeiros anos da Ditadura Militar do 28 de Maio, facto que não terá sido alheio a esse interregno.
Em 1930 o Carnaval de Torres regressa às ruas e, no ano seguinte, tem lugar a primeira “batalha de flores”, em recinto fechado e pago, realizando-se o cortejo num único dia, na segunda-feira de carnaval, com desfile de carros alegóricos particulares e de firmas comerciais
O ano de 1933 foi o da afirmação e projecção a nível nacional do Carnaval de Torres, com participação financeira da câmara municipal e uma vasta campanha de propaganda na imprensa nacional, alargando-se o desfile para dois dias e às ruas Tenente Valadim e 9 de Abril. Estiveram presentes mais de 20 mil pessoas. Também pela primeira vez foi atribuído um prémio para o carro de carnaval mais original.
Neste ano, os "reis" chegaram de comboio, na manhã de 2º-feira, lendo-se, na ocasião, um discurso de recepção real, da autoria de Domingos Lino. Para os saudar, as janelas foram engalanadas com colchas.
A Segunda Guerra provocou um novo interregno nestes festejos, a partir de 1940.
Nesse ano de 1940 estavam proibidos os festejos de carnaval, por causa da guerra. Para tornear mais esse obstáculo, constitui-se uma comissão formada por um representante de cada colectividade (Tuna, Grémio, Operário, Casino e Sporting Club de Torres) que pediu ao presidente da Câmara para autorizar a realização do tradicional carnaval de Torres. Este autorizou-o, desde que não se fizesse propaganda, para não chegar ao conhecimento das autoridades de Lisboa, e foi assim que o carnaval de Torres ainda se realizou esse ano.
No ano seguinte, 1941,ensaiou-se o mesmo estratagema, desta vez sem êxito, devido à pressão das autoridades, mantendo-se a proibição no ano seguinte.
Em 1943, apesar da proibição do carnaval de rua, este regressou às colectividades, no Grémio, no Operário, na Tuna e no Casino. Nestas duas últimas colectividades exibiu-se a "Orquestra Sulfidrofónica", diversão musical formada por alunos da Escola Secundária Municipal de Torres Vedras. No Casino chegou mesmo a realizar-se uma recepção ao rei carnaval e reviveu-se o célebre corso, com desfile de “carros” e o tradicional discurso de carnaval.
Em 1922, um grupo de mascarados percorreu as várias colectividades da então vila de Torres Vedras, fazendo a ligação entre o tradicional carnaval das colectividades e o carnaval de rua.
O êxito dessa iniciativa levou à formação, no ano seguinte, de uma comissão para estruturar melhor o carnaval de 1923. Neste, imitando o que se fazia em Coimbra e em Lisboa, realizou-se a primeira recepção, na estação ferroviária, ao Rei do Carnaval, então ainda sem a companhia da “rainha. Seguiu-se um cortejo carnavalesco que, saindo do pátio de Francisco Alves, percorreu todas as colectividades da vila.
“Nascia” assim o carnaval de Torres.
No ano seguinte, o rei "D.Carnaval II" foi esperado na estação do caminho de ferro, recebido por um "esquadrão de cavalaria e burraria" e por um "batalhão de marinheiros de água doce", "ministros" e "embaixadores". Foi ainda recebido por vários coches, de entre os quais se destacou um com os "altos dignatários", como o "cardeal", "o bispo", o "cónego", e o "acólito". Esta paródia a elementos da Igreja foi posteriormente abandonada, quer devido a pressões políticas, quer pelo facto de, em dois anos sucessivos, aqueles que se disfarçaram de cardeais terem falecido, o que contribuiu para a superstição, todos se recusando, daí para a frente, assumir essa máscara.
O cortejo seguiu depois em visita às sociedades de recreio, tendo lugar um banquete de gala no Hotel Natividade. À tarde realizou-se um desafio de futebol na Porta da Várzea. As festas terminaram no "Grémio Artistico e Comercial" com o baptismo do príncipe real e a presença, pela primeira vez da "rainha", desde logo representada por um homem, Jaime Alves, costume que se manteve até aos nossos dias.
Este torriense foi “ a rainha” que reinou durante mais anos, até ao início dos anos 50, acompanhado no trono, durante as três primeiras décadas de Carnaval de Torres, pelo “rei” Álvaro André de Brito. Este “reinado” foi apenas interrompido em 1940, fazendo de rainha Gil Lopes.
É neste período que surgem as célebres “matrafonas”, ainda hoje imagem de marca do Carnaval de Torres.
Anos 30 e 40
Durante os anos de 1927 a 1929 o carnaval de rua organizado conheceu a sua primeira interrupção. Estávamos nos primeiros anos da Ditadura Militar do 28 de Maio, facto que não terá sido alheio a esse interregno.
Em 1930 o Carnaval de Torres regressa às ruas e, no ano seguinte, tem lugar a primeira “batalha de flores”, em recinto fechado e pago, realizando-se o cortejo num único dia, na segunda-feira de carnaval, com desfile de carros alegóricos particulares e de firmas comerciais
O ano de 1933 foi o da afirmação e projecção a nível nacional do Carnaval de Torres, com participação financeira da câmara municipal e uma vasta campanha de propaganda na imprensa nacional, alargando-se o desfile para dois dias e às ruas Tenente Valadim e 9 de Abril. Estiveram presentes mais de 20 mil pessoas. Também pela primeira vez foi atribuído um prémio para o carro de carnaval mais original.
Neste ano, os "reis" chegaram de comboio, na manhã de 2º-feira, lendo-se, na ocasião, um discurso de recepção real, da autoria de Domingos Lino. Para os saudar, as janelas foram engalanadas com colchas.
A Segunda Guerra provocou um novo interregno nestes festejos, a partir de 1940.
Nesse ano de 1940 estavam proibidos os festejos de carnaval, por causa da guerra. Para tornear mais esse obstáculo, constitui-se uma comissão formada por um representante de cada colectividade (Tuna, Grémio, Operário, Casino e Sporting Club de Torres) que pediu ao presidente da Câmara para autorizar a realização do tradicional carnaval de Torres. Este autorizou-o, desde que não se fizesse propaganda, para não chegar ao conhecimento das autoridades de Lisboa, e foi assim que o carnaval de Torres ainda se realizou esse ano.
No ano seguinte, 1941,ensaiou-se o mesmo estratagema, desta vez sem êxito, devido à pressão das autoridades, mantendo-se a proibição no ano seguinte.
Em 1943, apesar da proibição do carnaval de rua, este regressou às colectividades, no Grémio, no Operário, na Tuna e no Casino. Nestas duas últimas colectividades exibiu-se a "Orquestra Sulfidrofónica", diversão musical formada por alunos da Escola Secundária Municipal de Torres Vedras. No Casino chegou mesmo a realizar-se uma recepção ao rei carnaval e reviveu-se o célebre corso, com desfile de “carros” e o tradicional discurso de carnaval.
1 comentário:
Parabéns, Venerando, por este belo trabalho de divulgação histórica! Este comentário é extensivo a toda a série sobre o Carnaval de TV.
Abraço!
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