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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A máscara no Carnaval de Torres - 4


Na sua já longa história, houve máscaras que se distinguiram no Carnaval de Torres, umas assumidas individualmente, outras em grupo.
De entre as primeiras destacou-se a imaginação de Edmundo Carnide que, nos anos 30, vestido de bôbo, percorria o país a fazer propaganda ao carnaval ou, mais recentemente um Stélio que, vestido de polícia, “desorganizava” o trânsito das ruas do côrso, máscara que continua a aparecer por iniciativa de um neto seu.
De entre as segundas, o destaque vai para as “Matrafonas”, imagem de marca do Carnaval de Torres, homens mascarados de mulheres. Esses grupos de “matrafonas” surgiram por iniciativa de “indivíduos que vestiam um fato de mulher - mas que não ficava bem a senhora nenhuma. Procuravam era vestir um fato que lhes ficasse horrivelmente mal e feio. Por exemplo, não se usavam colares encarnados, pois ele procurava era arranjar um colar encarnado; não se usavam toucas na cabeça, pois ele procurava era arranjar uma touca horrivelmente mal feita para ir para a rua”.
O costume de os homens se mascararem de mulheres já existia nalgumas aldeias do concelho, onde os homens do campo, com poucas posses, recorriam às roupas velhas das mulheres e a caraças feitas de caixas de sapato para se mascararem, de forma barata, durante o entrudo.
Aparecem referenciadas pela primeira vez em 1900, integradas numa “dança vinda de Runa e em que figuravam em travesti de bailarinas uns perfeitos mocetões, um dos quais” comentava a imprensa da época, “até impressionou vivamente dois amigos nossos”.
O "travesti" é uma das máscaras mais características e populares do carnaval. Época de transgressão, de violação das fronteiras e regras sociais, a inversão de papéis tradicionais, nomeadamente os domésticos, entre homem e mulher, é dos mais comuns.
Nas primeiras descrições conhecidas do carnaval de rua em Torres Vedras aparecem sempre referências a outros grupos de mascarados, que se têm mantido até aos nossos dias, como os “ministros” ou os “militares” que acompanham o cortejo real.
Outro grupo que integrou os festejos carnavalescos ao longo de muitos anos foi a " Pandilha". Criado provavelmente em 1948 e, tomando o nome de um outro agrupamento mais antigo, manteve-se em actividade até 1990, sempre com a mesma composição do início, sendo um bom exemplo das tradicionais cégadas. Em todas as noites das segundas feiras de carnaval , este grupo percorria as colectividades locais, onde se realizavam os bailes de carnaval e criticava ou gozava com as situações que marcavam a vida torriense, através das suas rábulas : “eram para aí uns 20 ou 30 que deliciaram as mentes pérfidas torreenses que adoram gozar com a desgraça alheia”. Kropotkine Vicente dos Santos foi o grande dinamizador da "Pandilha", da qual se destacaram também Jucelino Batalha, Stélio Justino Batalha, Francisco Porfírio (o "Chico da Bola"), Fernando Leiria, Augusto Cândido, Carlos Alberto Miranda, Jorge Ferraz, Pedro Calado e Luís Manuel Correia ("Corneta"),entre outros.
Actualmente, um dos momentos altos do carnaval torriense tem lugar na Sexta-feira que antecede o Entrudo com o desfile de máscaras pelas ruas da cidade, onde participam milhares de alunos das escolas e jardins de infância do concelho, costume que se iniciou em 1991, quando a Escola Secundária Madeira Torres promoveu um concurso de máscaras por turmas, para desfilarem pelas ruas da cidade naquele dia da semana.

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