Anda por aí um grande reboliço à volta das comemorações do 25 de Novembro.
Uma certa direita revanchista
e intolerante, apoiada na ignorância atrevida das redes sociais, pretende fazer dessa data uma espécie de
anti-25 de Abril, tentando reescrever a história.
Muito do que se passou nesse
tempo ainda é desconhecido ou vive sob uma cortina de fumo lançada pelo combate
e pelo preconceito ideológico que marcavam a época e, hoje, cada vez mais,
marcam a interpretação desses factos.
Contudo, já existe um bom
leque de historiadores que nos esclareceram, de forma objectiva sobre o
verdadeiro significado dessa data, um Pacheco Pereira, uma Irene Flunser
Pimentel, uma Maria Inácia Rezola, um António Costa Pinto…., sem esquecer a
memórias de muitos protagonistas, de um Vasco Lourenço a um Salgueiro Maia, de
um Costa Gomes a um Victor Alves, e tantos outros.
Por eles, pelo menos, ficamos
a saber o que não foi o 25 de Novembro:
Não foi o tão apregoado fim do
PREC ou do Gonçalvismo. Estes já estavam em declínio ou arredados do poder;
Não foi uma tentativa de
tomada do poder pelo PCP, este apenas pretendia garantis a sua influência junto
dos sindicato e de certos sectores do Estado;
Não foi uma tentativa de
controle soviético do país, pois essa não era o objectivo do poder soviético
para Portugal;
Não foi um golpe de estão
esquerdista, apenas um protesto mal amanhado de uma parte militar;
Não foi o fim das conquistas
do 25 de Abril;, pois estas foram consagradas na Constituição de 1976;
Não foi o regresso do
“fascismo”, pois o grupo revanchista que se colou ao 25 de Novembro, o de Jaime
Neves e outros, foi igualmente travado nessa data;
Não foi a vitória da
democracia sobre o “totalitarismo”, pois não, só não existia um regime
totalitário, como a democracia só se viu totalmente consagrada e consolidada
entre 1976 e 1981;
Tudo isso são mitos cridos por
ambos os lados da barricada.
Não foi muitas outras coisas
que vamos ouvir hoje a ser dita na Assembleia da República nas bancadas mais à
direita….
Quanto muito o 25 de Novembro
foi o momento de recolocar nos carris o projecto inicial do 25 de Abril, que só
se completaria em 1976 com as eleições para os vários órgãos de poder
democrático e popular e a aprovação da Constituição.
O 25 de Abril foi um dia
inicial, o 25 de Novembro foi um dia de passagem a caminho desses objectivos
iniciais.
Fazer do 25 de Novembro aquilo
que alguma direita pretende, e apoucar a sua verdadeira dimensão, é fazer um 25
de Novembro dos “pequeninos”.
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