Parafraseando a frase assassina
de António Costa contra António José Seguro, a propósito do resultado eleitoral
do PS nas eleições europeias, onde este ganhou por “poucochinho” no primeiro embate contra a
coligação, os resultados destas eleições deram muitas “vitóriazinhas” e muitas “derrotazinhas”.
Em primeiro lugar a coligação de direita, que obteve uma “vitóriazinha”
porque, apesar de tudo, cortou a “meta eleitoral” em primeiro lugar e, em
eleições, ganha quem chega à frente, mesmo que por “poucochinho” .
Foi uma “vitóriazinha” porque ele foi conquistada apesar da “derrotazinha”
de ter perdido mais de seiscentos mil votos e vinte e oito deputados, face àquilo que os
partidos da coligação, no seu conjunto, tinham conseguido em 2011.
Enfim foi também uma “derrotazinha” da coligação de direita que,
ganhando, perdeu a maioria absoluta e terá de governar contra a maioria “absolutíssima”
“anti-austeritária” do eleitorado e do parlamento ….ou uma “vitóriazinha de
Pirro”…
Também a CDU obteve uma “vitóriazinha” (que a costumada cegueira irrealista
da sua direcção política procurou, em patéticas afirmações na noite eleitoral,
transformar em “vitoriazona”…) porque ganhou menos de quatro mil votos e mais
um deputado e contribuiu, embora “poucochinho”, para que a coligação de direita
perdesse a maioria absoluta, disfarçando a “derrotazinha” de ter perdido esta
ocasião única para se tornar na terceira força política do parlamento, de recuperar
os dois dígitos na percentagem de eleitores e de ter deixado de ser, talvez de
forma irreversível, a grande referência
da esquerda à esquerda do PS.
Por sua vez o PS sofreu uma assinalável “derrotazinha”, a primeira derrota
eleitoral depois de ter vencido, mesmo
que por “poucochinho” , as últimas eleições pós – socráticas, as autárquicas e
as europeias, em conjunturas bem mais complicadas de vencer do que estas.
Resta-lhe a consolação de ter obtido a “vitóriazinha” de ter recuperado
menos de duzentos mil votos e mais onze deputados (tantos como o Bloco de Esquerda…)
e de estar nas suas mãos a viabilidade das políticas austeritárias do governo.
Foi assim que, na Grécia, o PASOK se
eclipsou…Enfim…outra “vitóriazinha de “Pirro”…
Mas nem tudo foram “vitóriazinhas”
ou “derrotazinhas”.
Houve também GRANDES VITÓRIAS e GRANDES DERROTAS.
Em primeiro lugar a Grande Vitória pessoal de Paulo Portas, que ontem não disfarçava a sua
euforia, e do seu CDS, que vão ser os grandes beneficiados da “vitóriazinha”
da coligação, que lhe pode permitir, em
ganhos eleitorais, disfarçar a provável “derrocada” do seu Partido, caso
tivesse concorrido sozinho a estas eleições, mas, mais do que isto, vir a ter
um grupo parlamentar que se pode tornar na terceira força política parlamentar,
tonando o PSD o segundo partido, com menos deputados que o PS, e ser, no futuro, um partido charneira que
pode dar muitas dores de cabeça a Passo Coelho.
Em segundo lugar, a real e verdadeira Grande Vitória nestas eleições ,
a do Bloco de Esquerda, que ultrapassou os 500 mil votos, e conquistou onze novos deputados, tornou-se o
terceiro político parlamentar (até ver o que se vai passar com a organização no
parlamento dos partidos da coligação), ganhou em muitos distritos onde os
partidos à esquerda do PS nunca tinham conseguido representação parlamentar e canalizou
o voto dos descontentes.
Ainda por cima, reduziu a cinzas os partidos que tinham surgido de
cisões internas que anunciavam o eclipse de BE.
Uma outra Grande Vitória foi a
do partido Pessoas, Animais e Natureza,
trazendo, pela primeira vez ao
parlamento, neste século XXI, uma nova formação política, ainda por cima uma
formação que apresenta algumas questões inovadoras, tais como, para além da
bandeira de longa data de acabar com os canis de abate, a defesa da criação de um novo índice para aferir a
qualidade de vida de um país, o “índice de Felicidade Interna Bruta”, idéia que tem vindo a ganhar peso
internacionalmente, ou uma jornada de trabalho de30 horas (há muito tempo
aplicado na Suécia com excelentes resultados na produtividade e riqueza daquele
país) Se souber usar o novo espaço de divulgação das sua ideias inovadoras e
ambientais pode vir a ser, no futuro, muito mais que um epifenómeno político.
Quanto aos Grandes Derrotados, eles foram, em primeiro lugar Marinho e
Pinho e a sua postura populista e arruaceira, ou o Livre que não conseguiu
mostrar que tinha propostas diferentes das do Bloco de Esquerda ou que a sua
razão de ser ía muito além das simples questiúnculas pessoais e de feitio, que
ao longo do tempo tanto têm contribuído para minar a esquerda.
Mas , quem saiu verdadeiramente derrotado nestas eleições, foi a Política austeritária imposta pela União
Europeia e pela Troika e diligentemente aplicada pelo actual governo. Há que
não esquecer que, mesmo a coligação fez toda a campanha eleitoral à volta da
tentativa (que pelos visto resultou) de se demarcar da Troika e das medidas de
austeridade…
Enfim, de “vitóriazinha” em “vitóriazinha” e de “derrotazinha” em “derrotazinha”,
cá iremos andando até as próximas eleições parlamentares, que, quanto a nós,
não tardarão mais de dois anos.
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