O jornal “Correio da Manhã” é um nojo em termos jornalísticos, que
envergonha o jornalismo português e devia envergonhar quem nele trabalha, pelo
menos aqueles que ocupam cargos de chefia.
Copia o pior do que se faz no jornalismo ocidental e, pior do que isso,
deu o mote à maior parte do “estilo” jornalístico que campeia na comunicação
social televisiva e até já contaminou o jornalismo escrito de “referência”, que
usa e abusa dos títulos bombásticos e sensacionalistas para vender papel.
Podem argumentar que o “Correio da Manhã” é o jornal que mais vende em
Portugal, e portanto é daquilo que o povo gosta. Mas,para mim, isso não é
argumento e só mostra a indigência cultural deste país.
Mas daí a proibir o jornal de dar as notícias no estilo nojento como as
costuma dar, vai uma grande distância. Vivemos num país livre e democrático e,
desde que não me obriguem a nada, cada um come do que gosta.
O que aconteceu é que aquele jornal, usando um método eticamente
reprovável, mas legal, se constituiu como assistentes no processo que decorre
contra José Sócrates, tendo acesso ao conteúdo do mesmo para passar a
informação para ser publicada do jornal.
Que essa informação seja divulgada fora de contexto, de forma cirúrgica
e acompanhada por comentários ou títulos bombásticos que são mera opinião, não
espantará ninguém. Esse é o estilo do jornalismo que se faz por aquele lado.
Penso até que o facto do principal “ataque” a Sócrates vir daquele
jornal até pode ser uma vantagem para o arguido, tendo a conta a falta de
credibilidade do “Correio da Manhã”.
Mas não foi isso que aconteceu e a defesa de José Sócrates resolveu
actuar de um modo que se aproxima da simples censura.
O que tudo isto revela de grave é que aquele processo, eticamente reprovável,
de ter acesso a processos judiciais é habitualmente usado por aquele jornal ( e não só) para lançar lama conta qualquer
cidadão anónimo deste país que tenha um processo a decorrer em tribunal.
Fosse o arguido um pobre e miserável pequeno delinquente ou pequeno
criminoso, daqueles que enchem as páginas daquele jornal, e nada acontecia
àquele jornal.
Mas, mesmo aquela situação eticamente reprovável não é da responsabilidade do “Correio da Manhã”,
existe porque é legal e porque a justiça em Portugal funciona com funciona,
neste caso, como noutros, muito mal.
Por isso, quanto a nós, mesmo um vómito jornalístico como o “Correio da
Manhã” tem direito à vida e deve ser livre de divulgar as alarvidade e do modo
alarve e boçal a que nos acostumou, pois é isso que faz parte da sua identidade
e esse é o custo de vivermos em
liberdade.
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