No meio da histeria que se abateu sobre os pequenos gobelzinhos do comentário político e económico, um dos argumentos mais usados em defesa do afastamento de partidos da esquerda da àrea do poder, e na diabolização dos mesmos, tem sido o de os acusar de "anti-europeistas" e de "eurocepticismo" e de "desrespeitarem" tratados e instituições europeias.
Para esses, questionar a forma desastrada como nasceu o euro, e a responsabilidade desta moeda na decadência da União Europeia e no empobrecimento dos seus cidadãos, é ser "euroceptico" ou "anti-europeu" .
Para esses, questionar o caminho anti-social que tem sido seguido por eurocratas não eleitos e por instituições sem controle democrático, ao longo da última década, é ser "euroceptico" e "anti-europeu".
Para esses, questionar a forma como foram elaborados alguns dos mais desastrosos tratados europeus, aprovados nas costas dos cidadãos europeus e, na maior parte das vezes, por instituições não democráticas, como o BCE, o Eurogrupo ou o Conselho Europeu, é ser "eurocéptico" e "anti-europeus".
Para nós, a única forma de salvar o que resta do projecto solidário e democrático da União Europeia só pode passar por discutir muitas daquelas decisões e combate-las.
E discuti-las e combate-las não quer dizer que não se respeitem os compromissos e os tratados, enquanto estiverem em vigor.
Mas respeitar compromissos, principalmente quando eles foram decididos por outros, nas nossas costas e em nosso nome, não quer dizer que se concorde com eles e que não se trave uma batalha legal e política para os aperfeiçoar ou rever.É assim que funciona a democracia.
Os verdadeiros "eurocepticos", os verdadeiros "anti-europeus", são os que insistem num caminho que vai levar a Europa ao desastre social, económico e político.
Os avisos já estão aí, por toda a parte.
Continuar a insistir que discutir o "Deus" Euro , discutir a "Pátria" União Europeia, ou discutir a Autoridade (ou "austeridade"?...) dos tratados, como o tratado orçamental, imposto por instituições não democráticas, é ser-se "euroceptico" ou "antieuropeísta", leva-nos a recordar outros tempos em que esse tipo de retórica , noutro contexto histórico, também era utilizado como propaganda ideológica:
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