Não deixa de ser irónico que os mesmos que, nos últimos anos, andaram a
apregoar pelos “setes ventos” (vulgo comunicação social de “referência”), o “fim
da História” ou “o mundo que mudou” para justificar todas as malfeitorias do "austeritarismo" neoliberal contra os direitos sociais e contra os a legitimidade democrática validada
em urna pelos cidadãos europeus, que, somada, um pouco por toda a Europa, nem
sempre através das melhores escolhas, recusa a “TINA” ( “não há alternativa” em
inglês, outra das falácias dessa gente…), sejam aqueles que, agora, desenterram
histórias passadas ou o “horror” do PREC (“Processo Revolucionário em Curso”,
uma referência aos idos de 1974-1975 em Portugal, do pós 25 de Abril à consolidação
da democracia).
Também não deixa de ser curioso que muitos desses “comentadores”, os
que eram vivos na altura, estavam então
do lado mais negativo do tal PREC , ora fomentando, apoiando ou participando
nas acções terroristas da extrema–direita (que teve no ELP e no MDLP o
expoente máximo), ora como activos
participantes na extrema-esquerda
maoista ( que considerava o PCP “social-fascista”, “revisionista” e “burguês” e
se aliaram muitas vezes aos partidos de direita para o combater).
A actual situação de diálogo à esquerda, mesmo que não venha, como
penso que não vai, a resultar num
governo estável, e não sirva para travar a constituição de um governo de
direita, que foi, apesar de tudo, o que foi legitimado em urnas, teve pelo
menos o mérito de desmascarar a retórica primária de muitos comentadores,
políticos e professores universitários.
O verniz engravatado de muita
dessa gente tem vindo, assim, a estalar no mais primário argumentário anticomunista que
se pensava há muito morto e enterrado.
Afinal, para eles, o "mundo mudou", mas o muro de Berlim ainda não caiu e a história só terminou no capítulo que mais lhes convém...
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