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domingo, 27 de setembro de 2009

A "VINGANÇA" DA MAIORIA SILENCIOSA




Neste dia, mas em 1974, o “País” (Lisboa e pouco mais…) via aparecer nas suas paredes um sinistro cartaz anónimo convocando a “Maioria Silenciosa” para uma manifestação de apoio ao General Spínola, que se devia realizar no dia seguinte, 28 de Setembro.

Hoje sabe-se que a convocação dessa manifestação obedecia à estratégia política do então Presidente da República, que queria afastar o MFA do centro do poder e impor um regime presidencialista.

Para desencadear esse tão mal preparado golpe palaciano, Spínola precisava, para se legitimar, do apoio de uma “grandiosa” manifestação que o apoiasse, a tal “Maioria Silenciosa”.

De imediato o MFA, a esquerda (PS, PCP e MDP/CDE) e o centro (o então PPD) se uniram e organizaram as barricadas que, na madrugada do dia 28 de Setembro, impediram a entrada em Lisboa dos presumíveis manifestantes.

Claro que a “montanha pariu um rato”. O máximo que se conseguiu obter na revista feita aos veículos que se dirigiam a Lisboa foram uma mocas, uns canivetes e uma ou outra caçadeira, material exibido como se de um verdadeiro arsenal de guerra se tratasse.

Spínola não conseguiu os seus intentos, demitiu-se dias depois e o MFA viu reforçada a sua autoridade.

Da apregoada “Maioria Silenciosa” deixou de se ouvir falar durante muito tempo, até porque quem passou a dominar a vida política nacional foram as ruidosas minorias que se manifestavam diariamente nas ruas, interrompiam aulas e o trabalho para a realização de ruidosas assembleias ou dinamizavam intermináveis e ruidosos debates nos órgão de comunicação social.

Com mais ou menos sobressaltos, as eleições de 25 de Abril de 1975 e, principalmente , o “25 de Novembro” fizeram o país regressar a uma certa normalidade, enveredando-se em definitivo pela legitimidade democrática.

Contudo, quando entrámos para a então CEE, a meio da década de 80, a esquecida “Maioria Silenciosa” voltou a levantar a cabeça, entusiasmada com as possibilidades de rápido enriquecimento proporcionado pelos “fundos europeus”.

Engrossando o número de “novos-ricos” e exibindo com orgulho os seus carros de grande cilindrada comprados nas sucatas alemães e as suas barrigas proeminentes de intermináveis almoçaradas no McDonald, essa “Maioria Silenciosa” começou a decidir os resultados eleitorais, ora dando maiorias, ora desfazendo-as, ou inviabilizando, com a sua abstenção referendos importantes para a modernização do País.

Temendo a reacção, sempre imprevisível, dessa “Maioria Silenciosa”, os políticos começaram a vestir-se para ela, aparecerem-lhes ao jantar pelos ecrãs da TV e a recorrerem à demagogia para a cativarem.

Essa “Maioria Silenciosa” começou a ser designada de forma mais modernaça como “indecisos”, “consumidores”, “contribuintes”, “povo”. Até uma Ministra da Educação afirmou um dia que não se importava de perder o apoio dos profissionais sob a sua tutela, desde que conquistasse o apoio de tal “Maioria Silenciosa”, a quem ela designou por “Opinião Pública”.

As marcas dessa “Maioria Silenciosa” fazem-se notar por todo o lado: enchendo Centros Comerciais ao fim-de-semana, esvaziando bibliotecas, museus, cinemas e teatros; conduzindo como loucos nas auto-estradas construídas para ela; tornando desaconselhável e irrespirável a frequência dos Estádios de Futebol; aumentando as audiências da TVI; fazendo os títulos do “Correio da Manhã” e do “24 Horas”; esgotando das bancas as revistas “cor-de-rosa”; transformando os livros de Miguel Sousa Tavares em bestsellers; enriquecendo Tony Carreira.

Hoje essa maioria silenciosa vai-se manifestar mais uma vez, mas o mais grave de tudo é que , todos nós, num qualquer momento das nossas vidas, já fomos “Maioria Silenciosa”…

2 comentários:

Anónimo disse...

E a maioria silenciosa torna-se a maioria berrante logo que alcança o poder. A sua descrição é excelente e denota principalmente o eleitor torreense que tem sucessivamente dado o poder autárquico aos tiranetes do PS. Com papas e bolos se enganam os saloios de Torres...
Não me identifico porque amanhã seria certamente perseguido pelo líder socialista local e pela sua horda, arriscando falência do meu pequeno comércio, policiamento cerrado da fiscalização municipal, ameaças à minha família e a entrada na condição de "intocável". Nesta terra, quem não é por nós é contra nós e tem de ser abatido.

Anónimo disse...

Torrienses no seu melhor:

http://tomaracidade.blogspot.com/2009/09/lamentavel-e-vergonhoso.html