A “besta” está de volta.
As coisas não são simples, nem a preto e branco.
Tal como o Tratado de Versalhes, ao humilhar o povo alemão, “criou”
Hitler, a forma como a NATO e o ocidente humilharam os russos, depois do fim da
União Soviética, “criou” Putin.
A forma como os Estados Unidos desvalorizaram o papel da ONU
no período pós-soviético, intervindo quase sempre sem mandato internacional, um
pouco por todo o mundo, serviu de modelo à justificação retórica de Putin para
atacar os países vizinhos e agora a Ucrânia.
O uso e abuso da retórica “antiterrorista” para invadir o
Afeganistão e o Iraque, usada pelo “ocidente”, é agora usado por Putin para justificar
a invasão da Ucrânia.
A destruição da Jugoslávia e os bombardeamentos da NATO na
Sérvia, com a justificação de acabar com o genocídio, é agora copiada a pente
fino por Putin para acabar com o “genocídio” dos russos na Ucrânia.
Claro que, como aconteceu em 1939, quando Hitler invadiu a Polónia,
a altura não é para discutir o passado histórico ou as responsabilidades, a
prioridade é destruir a “besta”.
Foi pena é que os líderes ocidentais não tivessem aprendido
nada com a História e tivessem permitido o renascimento da “besta”, agora sob a
forma de Putin.
A História não se repete, mas surge sob novas roupagens.
Putin não é Hitler, mas a invasão da Ucrânia é uma violação do direito
internacional tão grave como foi a invasão da Polónia por Hitler.
Claro que, em matéria de violação do direito internacional,
a NATO e os Estados Unidos não têm lições a dar.
A Guerra, em pleno século XXI, é uma barbaridade, um anacronismo
civilizacional, e por isso é preciso que, num momento propenso a intolerâncias
e fanatismos, de parte a parte, suja alguém que consiga travar o descalabro
desta guerra.
Já vimos que esse alguém não é a NATO, que se alimenta da
guerra, mesmo a dos “outros”, nem os Estados Unidos, que dependem económica e
financeiramente do militarismo.
A ONU está enfraquecida, sem grande poder de acção, graças à
forma como foi marginalizada pela NATO e pelos Estados Unidos.
O PAPA Francisco, das poucas vozes humanistas, só tem o
poder da palavra.
A “neutral” China, não tem interesse em destabilizar a
Europa, que já controla financeiramente, mas vê aqui a oportunidade de
enfraquecer os Estados Unidos, a União Europeia e o amigo da “onça” Putin e,
portanto, vai ficar a ver “onde param as modas”, para, no fim, “sair por cima”.
A Turquia, que detém um dos maiores exército da NATO, logo a
seguir ao dos Estados Unidos, é governado por um autocrata, igual a Putin, com
pouco interesse em envolver-se numa guerra contra a Rússia, e tudo fará para
ficar fora deste conflito.
Erdogan, paradoxalmente, até pode surgir como um dos raros intermediários
entre o Ocidente e Putin.
Mas o importante agora é ir direito ao essencial: apoiar o
povo ucraniano contra a brutal e desigual intervenção militar russa e não
confundir os russos com o ditador Putin.
Por outro lado, é preciso criar um Tribunal Penal
Internacional, independente, quer da propaganda ocidental, quer da propaganda
de Putin, para reunir provas e informações para condenar todos os crimes de
guerra perpetrados durante esta guerra, quer pelo exército russo, quer pelo
exército ucraniano, quer pelas milícias russas, quer pelas milícias ucranianas,
como forma de travar o pior da guerra.
Mas, por agora….TODOS SOMOS UCRANIANOS e solidários com o seu povo!
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