Pensava que o Cavaco já se tinha reformado de vez e nos deixasse em paz
com as suas intriguices.
Mas não, o homem está de volta, com um livro intitulado “Quinta-feira e
Outros Dias”, aparentemente um título original de mais para o habitual
cinzentismo do personagem.
Um leitor do jornal Público, no passado dia 14 de Fevereiro,
explica-nos a origem de tão “original” título: o livro de poemas “Quinta-Feira
e Outros Poemas”, de Miguel Franco (dramaturgo que viveu entre 1918 e 1988)
Numa nova versão do “nunca me engano e raramente tenho dúvidas , Cavaco
explica ter desenvolvido um método de registo de “intervenções e conversas”,
recorrendo a um bloco azul de folhas A5, desenvolvido nos seus “tempos de estudante
universitátio” que “lhe permite (…) relatar fielmente o que se passou” (Público
12 de Fevereiro 2017).
Talvez por isso, como se interroga ironicamente o citado leitor do
Público (Ademar da Costa da Póvoa do Varzim), talvez tenha sido aquele método
que levou Cavaco a memorizar o título do livro de poemas que plagiou para o
título da sua nova obra.
Enfim, mais um caso de mal disfarçado de plágio a que os políticos portugueses
nos vão habituando.
Seja como for, eu, que gosto muito de livros, que, enquanto tive algum
poder de compra, os adquiria vorazmente, houve, contudo, sempre um tipo de livro, dos quais, mesmo
oferecidos, fugi como o diabo da cruz,
memórias de gente cinzenta, principalmente se têm por autor nomes como “Cavaco
Silva”.
Por isso não vou dedicar à “obra”
mais do que um ou dois cometários baseados nalguns “digest” filtrado pela imprensa.
Ao que parece a “obra” ,que será hoje editada, debruça-se sobre os tempos da sua relação com
José Sócrates.
É fácil, agora, bater no “morto”. Mas Cavaco nunca foi conhecido pela
coragem, mas, pelo contrário, como “alimentador”
de tabus, movendo-se fantasmagoricamente pelos corredores do poder.
Recorda-nos o jornal Público de hoje alguns momentos da sua relação com
o governo Sócrates, como os elogios que o pior presidente da nossa democracia
teceu ao “ímpeto reformista de Sócrates”, durante o primeiro governo deste, o
tal “ímpeto reformista” que teve como principais alvos os professores e os
funcionários públicos e as negociatas que arruinaram o país.
Mais tarde, quando o barco já de afundava fez o que se espera sempre de
personagens como Cavaco, tira o tapete a um Sócrates fragilizado e afirma, no
discurso de tomada de posse do segundo governo de Sócrates, em 9 de Março de
2011, que não havia mais condições para sacrifícios.
Viu-se a sua “coerência” ,sobre essa afirmação, durante os anos
seguintes, os do governo de Passos Coelho, quando assinou por baixo todas as “reformas
estruturais” que nos sacrificaram todos,
isto é, o monstruoso aumento de impostos sobre a classe média, os cortes no
ordenados e nas pensões, a destruição do já de si irrisório “Estado Social” português,
o corte em direitos sociais e a total
submissão à Troika, deixando mesmo que se fosse “além da Troika”.
Espero que, depois de descer á cidade para lançar o seu lixo intelectual
e debitar mais algumas alfinetadas cheias de lugares comuns, regresse
calmamente ao seu covil para gozar a sua “merecida” reforma.
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