As malfadadas agências de rating voltam novamente a ser badaladas.
Pensava que estavam totalmente descreditadas, mas parece que continuam
a existir entre nós devotos dessas agências de pirataria financeira.
Parece que essa gente continua a considerar Portugal como “lixo”, uma
classificação humilhante que, mais do
que classificar os classificados, classifica os classificadores.
Todas elas elogiam o governo português pela estabilidade e até falam em “melhorias
económicas”, “mais forte do que se previa” (Moody´s), mas preferem manter-nos
no “lixo” financeiro que eles próprios promovem.
Ou melhor ainda, continuam a manter-nos no “lixo”…mas “com perspectiva
estável”!!!! O que será isso de “lixo estável”????
E, mais grave, resolvem enviar recados sobre a composição do governo,
como o fez a Moody´s.
Procurei na net as listas de classificação dadas por esses piratas financeiros
e descobri algumas situações verdadeiramente caricatas e pouco abonatórias dos
ratings vomitados por essa gente.
Se se percebe as classificações de topo, os chamados AAA e AA, o que se
segue é uma lista totalmente disparatada.
Por exemplo, para a Stand & Pool ‘s, países como a Estónia, Letónia,
Lituânia ou República Checa, ou, pior ainda, Marrocos, Arábia Saudita, Chile,
Peru, Marrocos, Colômbia, Tailândia, Uruguai e Índia, são
menos “lixo” do que nós.
A fazerem-nos companhia no “lixo” estão a Rússia, o Azerbeijão, a
Indonésia e a Bulgária!!!!
A Fitch não difere muito da anterior, nalguns casos com resultados
ainda mais disparatados.
Para estes especuladores, a Arábia Saudita e o Chile até merecem nível
A!!!
Menos “lixeira” do que Portugal são, para essa gente, o México, o
Kazaquistão, o Azerbeijão, a Bulgária, a Colombia, a Hungria, a Índia, a
Indonésia, Marrocos, Namíbia, Panamá, Peru, Filipinas, Roménia, Russia,
Tailândia, Turquia e Uruguai.
Tão “lixo” como Portugal são a Costa Rica a Guatemala e a Macedónia.
A Moody’s vai no mesmo sentido.
Para estes especuladores, países como a Malásia, o México, a Arábia
Saudita, a república Checa, a Estónia, Letónia e Lituânia, bem como o Botswana, a Polónia e a Eslováquia conseguem o nível
A!!!
Para estes predadores, são menos “lixo que Portugal, países como a
Bulgária, a Colômbia, a Hungria, a India, a Indonésia, o Kazaquistão, o Panamá,
as Filipinas, a Roménia, a África do Sul, a Tailândia e o Uruguai, enquanto o
Azerbeijão, a Costa Rica, a Guatemala, Marrocos, Paraguai, Russia e Turquia nos
fazem companhia na “lixeira”.
Com uma classificação menos escandalosa, mas por um caminho parecido,
vai a lista a canadiana DBR, que dá um AA ao Chile e classifica como lixo, mas
menos lixo que Portugal, o Brasil, a Colombia, a India, o México, a Turquia e o
Uruguai…
Descobri, entretanto, que existem pelo menos mais três agências de
rating “credenciadas”, uma japonesa e duas chinesas.
As chinesas conseguem ser tão ou mais disparatadas, nas suas
classificações, do que as ocidentais.
A agência chinesa Dagong chega mesmo ao desplante de dar uma
classificação AA à …Coreia do Norte, ao lado da Alemanha, da Austrália ou do
Canadá!!!!(nesta agência Portugal está atrás da Argélia, da Bolívia, da
Bulgária, da Colômbia, da Hungria e ao “nível” de uma Nigéria ou de uma Tunísia….!!!!).
A japonesa JCR parece a única que classifica os países com alguma
lógica e, talvez por isso, Portugal surge com a classificação de A.
Parece-me perfeitamente disparatado que uma classificação do valor
financeiro e de classificação de investimento
de um país não leve em linha de conta os Direitos Humanos e Socias em vigor
nesses países, bem como a qualidade de vida e as desigualdades.
É esta a perspectiva do único “rating” credível, aquele que é emitido
pela ONU, o chamado índice de desenvolvimento humano.
Neste, Portugal aparece na posição real, em 45º lugar, na “1ª divisão”,
entre os classificados, os verdadeiros “AAA”, como países com “Desenvolvimento
Muito Elevado”, no mínimo uma “divisão” à frente de muitos dos países que
aquelas agências colocam à frente de Portugal.
Não é grave que um bando de especuladores anónimos usem um duvidoso
critério para levarem a bom termo a sua tarefa de agiotas.
O grave é que sejam levados a sérios por políticos, economistas, jornalistas
e instituições que, com base naqueles
duvidosos critérios classificativos, decidam sobre o destino de populações
inteiras.
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