Tudo o que se passa no interior dos partidos do centrão, aqueles que
nos governam desde que temos democracia, não pode passar indiferente ao cidadão
comum.
É que, umas vezes em maioria, outras em coligação, são esses dois
partidos que lideram o rumo da democracia portuguesa e não se vislumbra uma
alteração a essa situação na próxima década.
A disputa pela liderança desses partidos, mesmo que não nos
identifiquemos com eles, como é o meu caso, é assunto que deve preocupar todos,
até porque, mesmo quem não vote neles, sofrerá as consequências das decisões
dessas lideranças.
É assim que, sem me identificar com o PSD, partido que, apesar de tudo,
é fundamental para o funcionamento do regime democrático português, me preocupa
a situação interna nesse partido.
No PSD sempre existiram várias tendências, uma mais de centro-esquerda,
muito minoritária, outra mais de centro-direita e, com Cavaco, Durão e Passos
Coelho, outra de direita radical, neoliberal, intolerante e populista que tem
sido dominante nos últimos tempos, mas que perdeu a liderança para Rui Rio,
que, tal como o presidente de República ( e, no passado, Sá Carneiro),
representa uma tendência mais “centrista” (mais liberal, dialogante,
democrática e com preocupações sociais).
Sabendo-se que o PS se vai desgastando no poder, é credível que o
vencedor das eleições internas do PSD possa vir a tornar-se, na próxima década,
o novo primeiro-ministro, por isso não pode ser indiferente, ao cidadão comum,
quem vai liderar o partido nos próximos tempos, até porque, desta vez, existe uma diferença assinalável,
quer do ponto de vista ideológico, quer do ponto de vista de estilos, entre os
candidatos.
Por isso, como cidadão que já sofreu na pele as consequências das
lideranças do PSD, é óbvio que torço para que seja Rio a vencer a segunda
volta.
Sem me identificar com a ideologia do PSD e de Rui Rio, parece-me que,
apesar de tudo, ele será um líder mais tolerante e dialogante, com preocupações
sociais, mais “centrista” e mais próximo de uma democracia aberta e
constitucional.
Pelo contrário, Montenegro representa tudo o que de pior existe naquele
partido, que, um dia no governo, vai voltar a repor as malfadadas “reformas
estruturais” (leia-se, cortes salariais e nas pensões, destruição de direitos
sociais, privatização maciça de serviços públicos, destruindo o pouco que resta
do nosso fraco Estado Social) do cavaquismo e do passos-coelhismo.
Para além disso, Montenegro representa o lado mais negro da política, o
das negociatas de bastidores, submissão ao pior dos interesses financeiros, sem
esquecer a submissão aos interesses obscuros das maçonarias, Opus-Dai e Grupo
de Bildberg.
Por isso, como cidadão, que sofreu na pele (e bem) as políticas do “ir
além da troika” que estão por detrás da candidatura de Montenegro, só posso
dizer que…entre Rio e Montenegro venha “o diabo”…mas escolha Rio!
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