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segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

No 75º aniversário da libertação de Auschwitz


(Foto publicada pelo Spiegel, de um conjunto inédito de um "álbum de fotografias das SS", que pode ser visto AQUI


Passam hoje 75 anos sobre a libertação do campo de concentração da Auschwitz por parte do Exército Vermelho.

O Holocausto foi o maior crime praticado por “humanos”.

Não existe nenhum outro crime que lhe seja comparável, pela frieza, pela organização, pela pura desumanidade.

Comparar o Holocausto com qualquer outro crime contra a humanidade é vulgariza-lo.

Claro que, só nos últimos 100 anos, foram cometidos os mais hediondos e terríveis crimes contra gente indefesa, do Gulag soviético, aos massacres norte-americanos no Vietname, dos crimes de Pinochet e de outras ditaduras latino-americanas, aos crimes do governo sionista contra os palestinianos, dos crimes do Uganda aos crimes da guerra civil angolana, dos crimes do Apartheid aos crimes racistas nos Estados Unidos, dos crimes dos maoistas na China aos crimes dos japoneses na primeira metade do século XX , dos   crimes do colonialismo aos crimes do terrorismo islâmico.

A lista é interminável, mas, mesmo assim, qualquer desses terríveis crimes fica muito aquém do Holocausto, não apenas pelo número e pela concentração temporal dos crimes, mas pela frieza, violência, desumanidade, calculismo, organização  e imprevisibilidade deste último.

Muitos dos crimes acima referidos tiveram, “apesar de tudo”, a sua “lógica” ou foram perpetrados “no calor do momento”, por "excesso de zelo" ou "descontrole", e , ao contrário dos organizadores do Holocausto, os seus criminosos autores não se vangloriavam publicamente dos seus actos.

Sem que nada disto sirva para desvalorizar ou desculpar esses crimes, as vítimas daqueles crimes sabiam, muitas vezes, porque eram as vítimas: adversários políticos, combatentes, resistentes, populações em cenário de guerra…

Pelo contrário, no Holocausto, a maior parte das vítimas nunca tinham esboçado um acto de resistência, não tinham ideologia política, eram pessoas vulgares, nem percebiam muitas vezes a razão da sua detenção.

“Apenas” não pertenciam à “raça superior”, eram judeus (muitos não professavam), eram ciganos ou eram eslavos ( e, se os nazis vencessem, a lista estender-se-ia a latinos e africanos…).

Pior ainda, muitas das vítimas do Holocausto, nem sabiam ao que iam e, para evitar incontroláveis cenas de pânico, os nazis orquestravam a chegada aos campos, para disfarçar o destino dos prisioneiros.

Toda a organização dos campos obedecia à frieza de uma “simples” organização administrativa, com registos, “metas” de “produtividade”, e toda uma burocracia do horror.

Se a negação do Holocausto é crime, a sua evocação não pode ser vulgarizada com comparações ou, ainda menos, com o abjecto aproveitamento político por parte do sionismo.

A intolerância, o desrespeito pelos “adversários”, o fanatismo ideológico e religioso, a xenofobia foram as sementes desse grande crime, e são as sementes de outros crimes contra a humanidade.

Numa época em que essa intolerância, desrespeito pelos “adversários”, fanatismo ideológico e religioso e xenofobia estão em crescendo, mesmo nas sociedades mais estáveis e democráticas, mesmo em circunstâncias diferentes, será importante manter viva a memória desse crime ignóbil.

Holocaustos, nunca mais!

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