(Cartoon de Vasco Gargalo - Revista Sábado)
Depois de 4 anos de investigação chegou-se finalmente à acusação.
Agora, o que todos os cidadãos devem exigir, é que a justiça seja
célere e clara, não deixando escapar ninguém, não deixando qualquer dúvida
sobre inocência ou culpabilidade.
A mim, o que me espantou não foi a “qualidade” da gente envolvida, mas
o facto de nunca se ter ido tão longe noutros casos de corrupção politica, como
no caso BPN.
As ligações quase mafiosas entre o poder financeiro e o poder político,
envolvendo também empresários, e gozando da conivência de alguma comunicação
social (o próprio BES chegou a financiar “féria de sonho” a dezenas de
jornalistas da área económica, como se soube AQUI), eram de há muito conhecidas
e ganharam dimensão com a afluência a Portugal de milhões em fundos estruturais
e europeus, aliando-se a um certo espírito “novo-riquista” de uma classe
politica, alojada no chamado “centrão” e à sombra do maná desses fundos.
Todo o percurso biográfico de Sócrates encaixa perfeitamente nesse novo
tipo de políticos formados no “centrão” e no cavaquismo, que gerou dezenas de casos
nas últimas décadas, muitos dos quais ficando-se pela superfície ( casos BPP e
BPN), outros nem sequer avançando (tecnoforma), mas que eram o resultado lógico
desse “nova mentalidade”, políticos esses que colocavam no topo da sua vaidade
um qualquer título académico forjado ou comendas distribuídas entre amigos em solenes
cerimónias (leia-se, aproposito, o que AQUI escrevi em 2014 e AQUI em 2016).
Além disso, casos como o de Sócrates revelam-se exemplares, mesmo na
Europa, pois não são muito diferentes de muitos outros mal esclarecidos
envolvendo, só para citar alguns de memória, um Tony Blair, um Juncker ou um
Rajoy, com a diferença de que estes morreram no ovo de uma justiça muito
dependente do poder politico e financeiro.
Esperemos que este caso e o seu consequente julgamento faça escola, não
só na história da justiça portuguesa, mas como modelo a seguir numa Europa que
se deseja renovada.
Nós, os cidadãos, que pagámos para a festa, não vos largaremos, nem um
momento, até que seja feita justiça, uma justiça que deve ser também pedagógica,
para que todos os novos candidatos a Sócrates, em Portugal ou por essa Europa
fora, saibam que não estão acima da lei.
Que se faça justiça, e de forma célere!
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