O clima não explica tudo
Por António Galopim de Carvalho
“A sorte do Governo é
que a mais do que fragilizada oposição não tem nada a propor aos portugueses.
In Público de 19 de
Outubro de 2017.
“Eu,
António Marcos Galopim de Carvalho, com 86 anos de idade, professor catedrático
jubilado da Universidade de Lisboa, nas Faculdades de Ciências e de Letras,
ex-director do Museu Nacional de História Natural (durante 20 anos), doutorado
pela Universidade de Paris e de Lisboa, autor de cerca de 300 títulos, entre
artigos científicos, de divulgação e de opinião, de centenas de “posts”
em blogues e no Facebook, de 20 livros dirigidos aos ensinos secundário e
superior e à divulgação científica e de seis de ficção. Colaborador, sempre a
título gracioso (e borla, como diz o povo), com dezenas de escolas, autarquias
(de todas as cores políticas) e universidades de todo o país.
“Isto tudo, ao estilo de quem está a “puxar
pelos galões” (que todos os que me conhecem e me lêem sabem que não puxo), para
conferir algum peso ao desabafo de uma convicção muito minha, muito séria, como
cidadão declaradamente independente dos aparelhos partidários.
“O Verão
quente e extremamente seco que vivemos (as alterações climáticas estão a
alertar-nos para tempos difíceis) justifica a dimensão e a intensidade dos
incêndios florestais que tanta dor infligiram a tantas famílias e tantos
prejuízos causaram à economia do país. Mas não explica o elevado número de
focos de incêndio, em locais diversos, detectados durante a noite, sem
trovoadas secas nem fundos de garrafas de vidro ao sol. O calor e a secura
propagam e alastram os fogos mas não os iniciam.
“Os
imensos e trágicos incêndios do passado fim-de-semana (falou-se em mais de
500), alguns iniciados de noite, afiguram-se-me como que um “aproveitar” os
últimos dias deste Verão que nos entrou Outono adentro (pois sabia-se que a
chuva vinha aí) para dar continuidade a uma guerra surda contra o Governo
legítimo cujos sucessos são, por demais, conhecidos cá dentro e lá fora.
“Basta ler
e ouvir os comentadores dos jornais e das televisões ao serviço dos poderosos,
para perceber como esta tragédia nacional continua a ser utilizada por eles
nesta guerra. E a verdade é que têm tirado algum proveito (não todo) desta
estratégia. É notório que o Governo está fragilizado. Também por culpa sua,
diga-se, que, em minha opinião, não soube ou não quis “partir a loiça” na
altura certa. Neste momento, e com tamanha e bem orquestrada campanha contra a
“geringonça”, a sorte do Governo é que a mais do que fragilizada oposição não
tem nada a propor aos portugueses”.
Professor catedrático
jubilado
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