O direito dos povos à autodeterminação é um dos Direitos Humanos
consignado na Carta das Nações Unidas.
Esse direito no seio de um país democrático só se pode manifestar de
uma maneira, pela consulta democrática ao povo e nação que o reivindica.
O Estado espanhol, liderado por um partido, o PP, legítimo herdeiro ideológico
do regime franquista, liderado por um dos políticos mais incompetentes e
irresponsáveis que a Espanha democrática conheceu, o mesmo partido responsável
por tomar medida em relação ao estatuto autonómico que contribuiu para extremar
posições, está a ultrapassar todas as marcas admissíveis num regime europeu e
democrático.
Escudando-se em leis absurdas e inadequadas, o governo de Madrid está a
reagir de forma absurda e antidemocrática ao legitimo direito do povo da Catalunha
de escolher o seu futuro.
Um regime democrático não pode negar o próprio direito democrático e
nenhuma lei pode estar acima ao direito à manifestação democrática do desejo de
um povo.
A única maneira, em democracia, de evitar o extremar de posições e de
evitar o apoio a um independentismo mais radical seria o de permitir a
organização de um referendo democrático onde se pudesse oscultar a legitima
vontade dos habitantes da Catalunha.
Ora o que estamos a assistir é a uma ataque à democracia por parte dum
governo de um pais democrático, com a conivência de uma comunicação social, a
espanhola, totalmente manipulada, e com
a conivência do maior partido da oposição, o PSOE e do silêncio cúmplice da
monarquia.
Sabe-se, aliás, que as noticias que hoje circulam na comunicação social espanhola são
totalmente manipuladas, uma vergonha para essa mesma comunicação social, que inclui
órgãos de referência como o “El País” e o “El Mundo”.
E esse referendo só pode ser feito na Catalunha, consultando os
catalães, e não em toda a Espanha, como, absurdamente, alguns defendem. Era o
mesmo que defender que todos os britânicos participassem no referendo pela independência
da Escócia, que os russos participassem em referendos pela independência dos
países bálticos e da Ucrânia, ou os
turcos referendassem a independência dos curdos, absurdo ainda maior num país
democrático e no seio da União Europeia.
Também é absurdo o argumento de alguns contra o desejo de autonomia da
Catalunha, misturando o nacionalismo autonomista destes com o populismo
nacionalista que grassa pela Europa, confundindo “nacionalismo” com “Nação” e
patriotismo. Esquecem-se que o
nacionalismo populista é o do governo espanhol que recupera o velho slogan
franquista da “Espanha Una e Indivisível”.
Por outro lado, numa Europa das Nações, como o é a União Europeia, mas
onde as decisões que a todos dizem respeito são tomadas por uma elite de
burocratas, geralmente contra os próprios cidadãos, a única forma de ganhar
força negocial a favor dos povos dessas nações é negociar directamente com
esses burocratas, e só as “nações” e os seus representantes o podem fazer,
situação de aumenta o desejo de essas “nações” (como a Catalunha, o País Basco,
a Escócia e os flamengos, entre outros) tomarem o poder nas suas mãos e
negociarem directamente com o centro da União.
Não deixa também de ser curioso ver os mesmos que se opõem ao direito
dos catalães escolherem o seu destino , defenderem o direito da Escócia à autodeterminação,
apenas porque estes defendem a
integração na UE contra o “brexit”. Dois
pesos e duas medidas. Pura hipocrisia.
Os catalães tem todo o direito a escolher o seu destino, e o único modo
de o fazer é através de uma consulta democrática.
A independência será o melhor destino desse povo? Não sei. Mas os
catalães sabem!
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