Dizem que o General De Gaulle afirmou um dia que o “patriotismo é
quando o amor pelo seu próprio povo vem primeiro e o nacionalismo, quando o ódio
pelos demais povos vem primeiro”.
Li algures que essa frase não pertencia a De Gaulle, que a citou o adaptou doutro autor que não consegui identificar. Mas o que interessa é o seu conteúdo, que distingue patriotismo ( e Nação, diremos nós…) de nacionalismo.
Li algures que essa frase não pertencia a De Gaulle, que a citou o adaptou doutro autor que não consegui identificar. Mas o que interessa é o seu conteúdo, que distingue patriotismo ( e Nação, diremos nós…) de nacionalismo.
Nos dias que correm é importante distinguir o sentido dessas palavras,
em vez de as tentar misturar no mesmo significado, como o fazem, por um lado os
fascistas xenófobos em crescimento por essa Europa fora ( mas que,
curiosamente, escondem o seu ideal fascista, consciente ou inconscientemente,
atrás do seu “nacionalismo”) e por outro, todos aqueles que procuram rotular pejorativamente
de “nacionalistas” todos aqueles que criticam os excessos da globalização, o “austeritarismo”
das instituições Europeias e a sua politica a favor do sector financeiro (os
célebres “mercados”) contra os cidadãos
europeus, metendo tudo no mesmo “saco” do “populismo” (outro conceito
abusivamente utilizado por estes).
A confusão tem vindo agora a ser ainda mais acentuado pelos mesmos
comentadores, jornalistas e políticos na forma como tratam a situação Catalã.
E o que confunde ainda mais essa gente é o facto de os catalães afirmarem
o seu patriotismo defendendo o direito a terem uma “nação”, ao mesmo tempo que
defendem o seu direito de se manterem na União Europeia, fazendo tudo de forma
democrática (mas não “legalista”) e pacífica.
É ainda mais curioso ver, ao lado dos defensores da “legalidade
democrática” e do “direito” da Espanha sobre as nações ibéricas, todos os
fascistas e nacionalistas espanhóis, cantando os velhos hinos fascistas e desembainhando
as velhas bandeiras do franquismo, marchando ao lado dos “democratas” do PP,
dos “Cidadanos” ou do envergonhado PSOE, mesmo que, no domingo em Barcelona,
tenham sido “aconselhados” a disfarçar esses símbolos.
E eu pergunto-me: onde está o “nacionalismo”? entre os defensores da “Espanha
Una e indivisível” ou entre os defensores do direito dos Catalães a construírem
a sua “pátria”?
Mas não me admiro com os que confundem tudo, pois são os mesmos que
classificam toda a esquerda como “extrema-esquerda”, classificação tão absurda,
no caso de Portugal (PCP e BE), da Espanha (Podemos e IU) , da França
(Mélanchon) , da Grécia (Syriza) ou até da Grã-Bretanha (Corbyn) e Estados
Unidos(Sanders), como o seria o de classificar o CDS ou o neoliberalismo de
extrema direita.
Uma coisa é ser extremista, outra é ser radical. Existe uma esquerda
que, para ser coerente com os seus valores, deve ser “radical” ( mas não intolerante,
antidemocrática ou antiliberal), assim como existe uma direita radical (mas não
extremista ou intolerante) no seu conservadorismo ou no seu neoliberalismo.
A confusão de conceitos foi sempre usada historicamente pelos fascistas
de todas as tendências (como no pretenso “socialismo” do “nacional-socialismo” )
para melhor fazerem chegar a água ao seu moinho.
Que a mesma confusão seja alimentada por gente “democrática” e “liberal”
já nos parece mais grave, como é grave que, nessa confusão alinhe alguma
imprensa de referência ( em Espanha é triste ver o rumo de um jornal como o El
País…).
Para desmentir todo o tipo de atoardas contra catalães, estes têm vindo a demonstrar uma
grande resiliência face a todo o tipo de provocações e atitudes intolerantes
lançadas pelo governo de Madrid (com o beneplácito da coroa e o silêncio cúmplice
do PSOE), revelando a sua grandeza e que, mais uma vez, são os primeiros a saber recuar para evitar o
desastre, e estender a mão aos “adversário”, colocando agora a batata quente
nas mãos do intolerante Rajoy.
Saberá Rajoy (… e o rei …e o PSOE) estar à altura dos acontecimentos?
Duvido.
Até aqui o “extremismo”, a “intolerância” e o “nacionalismo” tem estado
do lado do PP ( …e do rei …e do silêncio cúmplice do PSOE) e o desejo de
decidir democraticamente, em diálogo e com abertura, tem estado, mesmo com erros pontuais, do lado dos
catalães.
Os patriotas estão na Catalunha. Os nacionalistas em Madrid!
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