A situação na Catalunha parece cada vez mais complicada de gerir, sendo evidente que existe uma profunda divisão na sociedade catalã entre independentistas e "unionistas" (defensores da "Espanha una e indivisível") e o que se passar nos próximos dias vai ter repercussões nas restantes regiões espanholas, principalmente no País Basco.
Até agora a irracionalidade tem marcado as decisões políticas, com a agravante da comunicação social espanhola ter perdido todo o sentido de isenção, como acontece com as televisões ( ver também AQUI) e os ditos jornais de referência, com o "El País" a liderar a "poucavergonhice" da falta de isenção.
Vimos há dias uma grande manifestação, não tanto assumidamente a favor da independência, mas de solidariedade para como as vítimas da intervenção musculada da Guarda Civil em Barcelona, defendendo igualmente o direito democrático de os catalães escolherem livremente o seu futuro.
Dias depois uma outra grande manifestação, com gente de branco, onde se misturaram independentistas e defensores da manutenção da ligação a Espanha, exigiam o que cada vez mais gente exige, o diálogo entre as partes.
(Veja-se, a propósito, AQUI o modo como alguns "nacionalistas espanhóis", mesmo assim, tentaram boicotar esse evento)
Mariano Rajoy continua na sua via cega a caminho do desastre, ele que dirige o partido responsável por se ter chegado aqui ao vilependiar um estatuto de autonomia anteriormente referendado e confirmado pelo parlamento espanhol.
Ontem foi a vez dos defensores do "Estado único e indivisível" se manifestarem em Barcelona, sendo, das três manifestações, a que recorreu,de forma continuada, aos mais fortes ataques pessoais aos adversários e aos slogans mais violentos e radicais, ( ver AQUI a atitude violenta de alguns) não sendo de estranhar que grande parte desta manifestação tivesse contado com gente da fora da Catalunha, despejada em Barcelona em autocarros fretados para o efeito e onde contaram com a presença, mal disfarçada, de gente de extrema-direita (Leia-se mais AQUI).
Não deixa de ser curiosa a maneira como alguns comentadores e jornalistas tentam confundir a opinião pública, tentando meter no mesmo saco os "independentistas" catalães e o nacionalismo xenófobo da extrema-direita em crescimento por essa Europa fora (como o fez, despudoradamente o El País) quando, de facto, o verdadeiro extremismo nacionalista é o dos que defendem o mito da Espanha Una e Indivisível, e que sempre engoliram mal a criação do estatuto de autonomia para algumas regiões espanholas, e que agora se escondem atrás da retórica e de Rajoy e do seu PP, aliás, um partido que tem as suas origens no franquismo.
O que não há duvida é que há uma divisão na sociedade catalã sobre o próximo passo a dar, agravado pela chantagem de sectores financeiros e dos burocratas de Bruxelas.
Quanto a mim, num país democrata, no sei da União Europeia, a única hipótese de resolver a situação a bem é recorrendo à via democrática, ou seja, organizar um referendo onde a vontade do povo catalão seja ouvida, ou seja, exactamente o contrário de tudo aquilo que o governo de Madrid tem vindo a fazer.
Aguardam-se, esta semana, cenas dos próximos capítulos.
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