(Fotografia do site EPHEMERA)
Já fui a muitas manifestações, menos nos
últimos tempos do que na minha juventude ou nos tempos do “socratismo-coelhismo”,
mas gosto de saber ao que vou.
As manifestações convocadas para o último
Sábado, para além de legítimas, revelavam, nas suas palavras de ordem, uma
intensão que todas as pessoas de bem subscrevem por baixo: “solidariedade para
com as vítimas dos incêndios”, “pela defesa da floresta”, “agradecimento aos
bombeiros” e “nunca mais!”.
O problema era o que se escondia por detrás da
organização dessas manifestações, principalmente em Lisboa, já que nas outras
localidades essas manifestações nos pareceram mais genuínas ( mesmo que fossem visíveis
cartazes contra Costa no Porto…).
Em vésperas da apresentação de uma moção e
censura do CDS ao governo, por puro oportunismo político, depois de termos sido
bombardeados na comunicação social por uma miserável propaganda de uma direita
ressabiadas que se aproveitou de forma
indigna da tragédia para atacar o governo, o que se devia exigir, nessas
manifestações, era clareza de intensões,
Pela minha parte fiquei esclarecidos sobre a
intensão de quem estava por detrás dessas manifestações, à medida que fui
conhecendo os “organizadores”:
- Um dos grupos que convocou a "manif" para Lisboa, era liderado por um tal Paulo Gorjão, um dos apoiantes de
longa data de Passos Coelho, uma espécie de ideólogo do “passoscoelhismo” ,
homem ligado à obscura loja maçónica “Mozart”;
- Noutro dos grupos,o único lider que revelava a sua ideologia, um tal Nuno Pereira da Cruz ,,
poucos dias antes dos incêndios, no dia 10 de Outubro, publicava, na sua página
do facebook a seguinte prosa:
“PSD: 3,2,1 go!
“É certo que Costa está a viver um estado de graça, mas o dificil seria não o viver. Costa governa sem os sindicatos nas ruas, sem a contestação do PCP e BE, tem a economia a crescer e distribui rendimentos todos os dias às pessoas. Mas Costa não é imbatível. Não considero que o senhor que se segue no PSD esteja condenado a ser um líder de transição e que a vitória de Costa seja certa.
“Agora, o importante é que esse líder seja o líder desejado, que esta eleiçãoseja disputada, intensa, com grandes discussões e reflexões. Para isso é preciso integrar todos os militantes neste processo e seduzir a sociedade civil.
“Gostaria que a eleição do proximo líder fosse procedida de um congresso onde os candidatos se defrontassem, onde o PSD fizesse uma demonstração de força e vitalidade. E dois dias depois do congresso, as eleições. Abertas a todos os militantes e simpatizantes. Mas não é isso que vamos ter. Talvez venha a ser um dos temas desta campanha.
“Venha então o debate interno necessário dentro do único partido genuinamente português. Que não é herdeiro de nada, nem segue qualquer ideologia internacional. Paz, pão, povo e liberdade. 3,2,1 go!”.
Atrás
deste último escudava-se um pequeno número de gente anónima, mas nos quais,
vasculhando as suas páginas do facebook, se pode descobrir um estilo muito
próximo daquela ideologia.
-Uma terceira convocatória e que acabou por absorver os outros era liderada por Rui
Maria Pêgo, talvez o rosto mais credível das três
organizações que convocaram a manifestação para Lisboa.
Mesmo
assim, o aparente “apartidarismo” e caracter “independente” desta manifestação
ficou manchada e revelou a sua natureza quando apareceu um cartaz acusando
todos os governos “PS,PSD e CDS” , sendo os responsáveis deste cartaz, ligados ao
MAS, um grupo dissidente do BE, agredidos
por manifestantes, não tanto pela acusação ao “governo”, mas porque incluiu o
PSD e o CDS no lote. Alguns manifestantes deixaram mesmo cair o seu verniz “independente”
e “apartidário” berrando para as televisões que “a rua não é da esquerda”.
As
vitimas da tragédia, os bombeiros e a nossa floresta agora destruída, não
mereciam esse comportamento.
Uma direita
que se esconde por detrás do anonimato e de um pseudo “independentismo” e “apartidarismo”
não merece a nossa confiança, mesmo que se escude em palavras de ordem que
todos podemos subscrever.
Chega
de manipulação.
É tempo de arregaçar as mangas e fazer como em
1755: “enterrar os mortos e cuidar dos vivos”.
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