Escrevi AQUI, dias antes das eleições o
que era, para mim, ganhar ou perder estas eleições para cada uma das forças
políticas concorrentes, ressalvando, contudo que pode ser “abusivo fazer uma
leitura nacional das eleições autárquicas, pois cada concelho e cada freguesia
é uma realidade distinta que não encaixa na lógica partidária nacional”.
Tendo em conta essa ressalva, pois em cada
um dos 308 concelhos e em cada uma das 3 092 freguesias do país houve
vencedores e derrotados, tendo como base a “grelha” que elaborámos podemos
apontar:
- o PS
como o grande vencedor destas eleições, ao manter e até reforçar a liderança da
Associação Nacional de Municípios e ao vencer em Lisboa, embora sem conseguir a
maioria absoluta. Mas o PS conseguiu mesmo ultrapassar esse mínimo, aumentando
o número de Câmaras eleitas, de 149 para 159. Contudo, embora tivesse
conseguido um bom resultado no Porto, não conseguiu evitar a maioria absoluta
de Rui Moreira, mas foi o partido vencedor na maior parte das capitais de
distrito e na maiores cidades do país. Algumas dessas vitórias podem ser “vitórias
de Pirro” , pela dimensão inesperada, como acontece em Almada, onde a candidata
vencedora do PS era apenas uma figura decorativa, para marcar calendário, o que
não quer dizer que venha a surpreender;
- O CDS foi o “segundo” vencedor, se bem que mais
em termos simbólicos do que quantitativos, embora a análise dos seus resultados
globais seja complicada por ter concorrido em coligação em muitas Câmaras,
algumas vencedoras, sendo difícil distinguir o contributo próprio para essas
vitórias, como aconteceu no Porto. Mas, sozinho, conseguiu vencer 6 câmaras,
acima do mínimo de 5 que tínhamos apontado como um bom resultado, obtendo igualmente
um excelente resultado em Lisboa e juntando-se aos vencedores no Porto;
- os independentes conseguiram um bom resultado no Porto e ultrapassar o
número de 13 Câmaras anteriormente eleitas, passando agora a gerir 17. Apesar
do escândalo da vitória de Isaltino Morais, não se deu a “isaltinação” das
Câmaras independentes, já que os outros casos de “dinossauros” a contas com a
justiça que procuraram cavalgar a onde “independente” perderam onde
concorreram.
- nem grande vencedor ou vencido, o BE não conseguiu ganhar Câmaras, mas
conseguiu, contudo, aumentar significativamente o número de vereadores eleitos,
ganhando poder negocial para a formação de Câmaras sem maioria absoluta, como
em Lisboa, e tendo aumentado em 50% o número de votos, começando a
consolidar-se num terreno até aqui difícil, nas autarquias. Além disso surge
associado às vitórias no Funchal e em Peniche ;
- o PSD foi o grande derrotado destas eleições,
não conseguindo chegar às 100 câmaras eleitas (sempre em coligação, conquistou
98), teve resultados desastrosos em Lisboa e no Porto, resultado que, tal como
vaticinamos, condenaria a liderança de Passos Coelho;
- a CDU foi
a outra derrotada da noite, não conseguindo manter o mínimo de 30 Câmaras (ficou-se
pelas 24), perdendo Câmaras emblemáticas como Almada e Beja ( ou, aqui na
região, a Câmara de Peniche), apesar do excelente resultado em Setúbal e de um
resultado sólido em Lisboa. O único aspecto positivo é que não perdeu Câmaras
para a direita e, onde perdeu, não permitiu, na maior parte dos casos, que o
adversário vencesse com maioria absoluta, continuando a ser a principal força
de oposição em muitos município.
Um outro facto a ter em consideração foi a
diminuição da abstenção e dos votos brancos ou nulos, o que contribui para credibiliza
este acto eleitoral.
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