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quinta-feira, 26 de outubro de 2017

As tragédias que vendem e dão votos.

Ando por aqui há 6 décadas, testemunhei muitas tragédias por esse mundo fora, umas por “culpa” da Natureza, outras com origem natural, mas potenciadas por mão humana, outras totalmente provocadas pelo homem.

Quando a tragédia é provocada por mão humana existem autoridades policiais para investigar e condenar os responsáveis.

Quando as tragédias são naturais, mas potenciadas por erro humano, existem autoridades que investigam e exigem responsabilidades, ao mesmo tempo que apresentam sugestões para que não se repitam.

Quando essas tragédias têm origem natural, não há muito a fazer a não ser a prevenção.

É natural a revolta das vítimas e todas as interrogações.

O que não é natural, e a isso nunca assisti em vida, é o despudorado aproveitamento politico à volta da tragédia dos incêndios, antes de se investigar a sério as suas causas .

E nessas causas mistura-se:

- a mão humana (onde estão os terroristas que atearam os incêndios, quem lhes pagou, que ideologia politica professam?);

- a imprevisibilidade das condições atmosféricas (onde estavam os comentadores e políticos, agora tão preocupados com as “responsabilidades do Estado” , quando ambientalistas e ecologistas alertavam para essas alterações e as suas consequências numa estrutura florestal dominada pelo eucalipto?);

-a desertificação e envelhecimento do interior (onde andavam esses mesmos jornalistas, comentadores e políticos quando se tentou avançar com a regionalização, quando se acabou com os governos civis, quando se encerraram serviços públicos nesse interior esquecido);

-e a falta de meios para combater eficazmente estes super-fogos (onde estavam esses mesmos quando se entregou a privados o combate aos fogos ou quando se cortou a eito nos serviços florestais em nome do “ajustamento”?).

Já percebemos que a preocupação dos comentadores, dos jornalistas e dos políticos de carreira já está a desviar-se para as tricas, a interpretação de atitudes, frases, ou gestos que mostrem o efeito da tragédia nas relações entre Costa e Marcelo, e, em breve, esse interior vai voltar ao esquecimento dessa gente, virando-se a sua atenção para a aproxima crise partidária ou para o próximo “caso”, se este servir par abalar a “geringonça”.

... até que uma nova tragédia se torne terreno fértil para as manifestações demagógicas de “caridadezinha” e “pesar” pelos eternos esquecidos deste país !

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