Ando por aqui há 6 décadas, testemunhei muitas tragédias por esse mundo
fora, umas por “culpa” da Natureza, outras com origem natural, mas potenciadas
por mão humana, outras totalmente provocadas pelo homem.
Quando a tragédia é provocada por mão humana existem autoridades
policiais para investigar e condenar os responsáveis.
Quando as tragédias são naturais, mas potenciadas por erro humano,
existem autoridades que investigam e exigem responsabilidades, ao mesmo tempo
que apresentam sugestões para que não se repitam.
Quando essas tragédias têm origem natural, não há muito a fazer a não
ser a prevenção.
É natural a revolta das vítimas e todas as interrogações.
O que não é natural, e a isso nunca assisti em vida, é o despudorado
aproveitamento politico à volta da tragédia dos incêndios, antes de se investigar a sério as
suas causas .
E nessas causas mistura-se:
- a mão humana (onde estão os terroristas que
atearam os incêndios, quem lhes pagou, que ideologia politica professam?);
- a
imprevisibilidade das condições atmosféricas (onde estavam os comentadores e políticos,
agora tão preocupados com as “responsabilidades do Estado” , quando
ambientalistas e ecologistas alertavam para essas alterações e as suas
consequências numa estrutura florestal dominada pelo eucalipto?);
-a
desertificação e envelhecimento do interior (onde andavam esses mesmos
jornalistas, comentadores e políticos quando se tentou avançar com a
regionalização, quando se acabou com os governos civis, quando se encerraram
serviços públicos nesse interior esquecido);
-e a falta de meios para combater
eficazmente estes super-fogos (onde estavam esses mesmos quando se entregou a
privados o combate aos fogos ou quando se cortou a eito nos serviços florestais em nome do “ajustamento”?).
Já percebemos que a preocupação dos comentadores, dos jornalistas e dos
políticos de carreira já está a desviar-se para as tricas, a interpretação de
atitudes, frases, ou gestos que mostrem o efeito da tragédia nas relações entre
Costa e Marcelo, e, em breve, esse interior vai voltar ao esquecimento dessa gente,
virando-se a sua atenção para a aproxima crise partidária ou para o próximo “caso”, se este servir par abalar a “geringonça”.
... até que uma nova tragédia se torne terreno fértil para as manifestações demagógicas
de “caridadezinha” e “pesar” pelos eternos esquecidos deste país !
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