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sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

“Obrigado” Alexandra Reis!

                                   

A partir de agora, quando se discutirem salários, pensões  e a justa remuneração de quem trabalha, nada voltará a ser como dantes.

Vai passar a haver um antes e um depois de “Alexandra Reis”.

O caso Alexandra Reis foi a gota de água que veio desmascarar a lengalenga de comentadores, economistas,  governantes, e instituições europeias, quando algum sindicato, trabalhador ou pensionista revindicam por justiça salarial ou da pensão.

Lembram-se o que muita dessa gente disse quando se discutiu o cumprimento da lei para aumentar as pensões ou os salários?

A velha desculpa do “irrealismo” ou a nova desculpa do “passo à frente da perna” já não  vai pegar.

Também deixa de haver espaço, de uma vez por todas, para medidas de austeridade à custa dos salários e das pensões.

Quando um administrador de uma empresa pública, ao fim de 4 anos de trabalho, de onde sai de forma pouco clara, transitando ao fim de 3 meses para outra empresa pública e desta para um cargo governativo, funções pelas quais já beneficia de chorudo ordenado, ainda recebe uma indemnização de 500 mil euros, e quando se sabe que não foi caso único, e até já houve quem fosse indemnizados com o dobro, não se pode ouvir mais a desculpa do costume do “irrealismo” das revindicações  salariais de quem trabalha.

Ainda por cima num dos países da União Europeia onde os salários e as pensões já são dos mais baixas.

Ainda por cima quando essa empresa pública cortou nos salários dos seus trabalhadores e recebeu ajuda dos contribuintes para se reestruturar.

O que se soube sobre a escandalosa indemnização não é novo, é apenas a ponta do iceberg do que se passa com as administrações de empresas públicas, da banca, que recebeu ajuda pública dos contribuintes para sobreviver, e de muitas grandes empresas privadas em dificuldade, sempre à “mama” da ajuda estatal.

Recordo-me de uma empresa local, em dificuldades, que cortava nos ordenados dos seus trabalhadores, os despedia e acabou por encerrar mas que, durante anos, nas mãos da banca, os administradores nomeados por esta, sempre que chegavam, a primeira coisa que faziam era aumentar os seus próprios salários e renovar a frota automóvel da administração.

Nada do que se passou com Alexandra Reis é novo, mas foi a gota de água para todos, trabalhadores, pensionistas, cidadãos contribuintes,  dizermos basta e deixar de ir na cantiga “austeritária” que nos é vendida por economistas, comentadores,  governantes e instituições europeias.

Nem que seja por termos todos abertos os olhos de vez, até é caso para dizer: “Obrigado Alexandra Reis”!!!

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