Em democracia não se combatem ideias aberrantes proibindo a sua difusão, mas combatendo-as e denunciando-as com argumentos sólidos.
Por isso, discordo totalmente da tentativa liderada pela ex-candidata
presidencial Ana Gomes, de propor a ilegalização dessa aberração que é o Chega,
até porque esse tipo de iniciativas, em democracia, tem o condão de vitimizar o
alvo dessa medida e dar-lhe mais força.
A superioridade moral da democracia reside no facto de permitir que se
manifestem e organizem todo o tipo de tendências políticas, representativas de
todo o tipo de ideologias, mesmo antidemocráticas.
Claro que existem limites e tudo o que ultrapasse a manifestação e
divulgação de ideias, por mais aberrantes que sejam, como as representadas pelo
Chega, cairá na alçada da justiça e da lei.
Tentativas insurrecionais, do tipo daquela a que assistimos
recentemente no Capitólio, nos Estados Unidos, manifestações de violência
racista ou politica, organização de milícias armadas, actos de terrorismo,
devem ser punidos exemplarmente em qualquer democracia.
Apesar de esse tipo de acções serem preconizadas por algumas das
figuras tenebrosas que lideram esse partido, havendo entre elas antigos
terroristas do MDLP/ELP, criminosos condenados por violência racista, figuras obscuras ligadas à corrupção financeira,
uma coisa é a condenação judicial desses
crimes, outra coisa é ilegalizar um partido que, tendo gente dessa na sua
liderança, oficialmente não defende nem organiza esse tipo de actos no seu programa.
É preferível ter esse tipo de gente a agir legalmente do que na clandestinidade. Pelo menos conhecemos cara dos facínoras.
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