(Fonte. Blog Olho de Fogo)
Ficou célebre, aqui há uns anos, uma frase de Cavaco Silva, então primeiro-ministro, ao ser abordado por jornalistas sobre um caso qualquer, do qual já não me lembro, que lhes respondeu: “Deixem-me trabalhar”.
Hoje assistimos a uma situação inversa ao sentido dessa frase.
O primeiro-ministro José Sócrates e os seus “boys” andam a fazer tudo para justificarem a sua incapacidade em governar sem maioria absoluta, procurando inventar “coligações negativas” onde existe a democracia e o parlamento a funcionar ou inventando “intrigas” na liberdade do Presidente da República em exprimir as suas opiniões.
Apesar da atitude “dialogante” de José Sócrates a partir da sua derrota nas eleições europeias, com o tempo o “diálogo” deu lugar à arrogância e autoritarismo que está no genes do primeiro-ministro.
Logo no dia das eleições procurou transformar o desaire eleitoral do PS, que perdeu a maioria absoluta e quase meio milhão de votos, numa “grande vitória”.
Depois, cinicamente, convidou todos os partidos com assento parlamentar, da direita à esquerda, para governarem com ele em coligação. Numa atitude mais oportunista do de pragmática de apego ao poder, para ele qualquer partido servia. No fundo, quando partiu para essas pseudo negociações, Sócrates sabia que essa tentativa não resultaria em nada. Para haver coligações tem de haver um programa em comum, livremente e longamente preparado pelas partes envolvidas. Não seria a mesma coisa governar com o apoio do CDS ou do PCP, do PSD ou do BE.
Depois resolveu que governaria com o programa eleitoral do PS, sem modificar uma linha, porque “tinha ganho as eleições”. Esqueceu-se contudo que os portugueses deram aos outros partidos, no seu conjunto, a maioria absoluta no parlamento, que esses partidos também tinham um programa, que em muitas situações, devido à arrogância e autoritarismo do primeiro governo maioritário de Sócrates, alguns pontos desses programas até se conjugavam para alterar certas medidas desse governo.
Não sei, se por coincidência ou não, a partir do rebentamento do caso “face oculta”, José Sócrates e os seus “boys” entraram na irresponsabilidade pura e dura, provocando o confronto onde devia haver negociação, vendo inimigos por todo o lado, até no Presidente da República.
A esperança de Sócrates e da sua gente é provocar eleições antecipadas, vitimizando-se e acreditando que recupera a maioria absoluta, já que está mais que provado que o pendor autoritário de José Sócrates não lhe permita governar de outro modo.
O mais grave é que ele vá arrastar o PS consigo para o abismo.
Com o PSD como está e o PS a caminho do desastre, está o caminho aberto para um qualquer salvador oportunista.
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