Hoje é o último dia de esperança para evita a catástrofe climatérica.
Os supremos interesses do cifrão, as intermináveis querelas políticas e a cambada de incompetentes que governa o mundo não augura nada de bom para a Cimeira de Copenhaga.
Só se Obama nos salvar e chamar os líderes do mundo à razão.
Entretanto, completamos hoje a excelente reportagem fotográfica do El País, denominada “A Mudança Climatérica na Primeira Pessoa”, da autoria da jornalista Mathias Braschler e da fotógrafa Monika Fischer, um último grito de desespero daqueles que são já as primeiras vítimas da situação.
“AGORA O GELO JÁ NÃO ESTÁ TÃO SEGURO”
Billy e Eileen Jacobson, de 74 e 52 anos, respectivamente, são esquimós de Tuktoyaktuk, no Nordeste do Candá. Alimentam-se principalmente do que caça. Por causa do aumento da temperatura estão a começar sentir mudanças bruscas: “Agora o gelo já não é tão seguro. Antes atravessávamos o lago com uma sensação de total tranquilidade. Agora, quando viajamos, temos que olhar para todos os lados porque aparecem poças de água por todo o lado”.
“OS PINHEIROS MORREM TODOS EM CINCO ANOS”
Chris Brower é um distribuídos de produtos ecológicos de 43 anos, do Colorado (Estados Unidos). A maioria dos pinheiros das Montanhas Rochosas está a morrer. Uma praga de escaravelhos sem precedentes está a matar as arvores devido à subida da temperatura no inverno: “Passámos dois anos muito maus de seca. Os escaravelhos instalaram-se nos pinheiros. Creio que em cinco anos todos os pinheiros estarão mortos”.
“TUDO ISTO ERA UM GRANDE LAGO”
Abakar Maydocou Mahamat, de 59 anos, actualmente agricultor, foi pescador no Lago Chade. A aldeia de Abakar estava muito próximo daquele lago, trabalhando como pescador. Teve de se tornar agricultor quando a água do lago secou: “Quando eu era jovem havia muita água. Chovia três dias seguidos e o campo estava verdejante, era tudo mais bonito. Mas agora chove tão pouco! Tudo isto à volta era um grande lago”.
“VIVEMOS COMO NUM BARCO”
Avetik Organisovitch Nazaryan (56 anos), Luzmila Nikolaevna Nazaryan (37) e a sua filha Liana Avetikovna Nazaryan (5) habitam sobre o gelo, na Libéria (Rússia). Nesta região a camada de gelo está a derreter-se, provocando danos nas habitações. Afirma Avetik que “vivemos como num barco. Debaixo da casa apenas existe um metro e meio degelo. No verão respiramos envoltos no vapor que invade permanentemente o ar”.
“ESPERO QUE AS PESSOAS MUDEM”
Scott Sutton de 44 anos é o encarregado do campo de golfe Wild Horse, em Las Vegas (USA). O clima nesta região está agora mais seco. A falta de água tem multiplicado as iniciativas para a poupar. Neste campo estão a substituir a relva por plantas autóctones: “Penso que não temos alternativa. Só espero que as pessoas se apercebam e comecem a mudar de atitude”.
“O MEU POVO ESTÁ MUITO CANSADO”
Sombou Bury,de 25 anos pertence à minoria peul do Mali. A tribo nómada dos peul está a sofrer as consequências da falta de chuva. Acreditam que a sua forma tradicional de vida está em risco: “ Nós, o povo peul, estamos muito cansados. As mulheres, os animais, todos nós, estamos cansados. Não temos nem água nem com que dar de comer aos animais”.
“TEMOS DE PENSAR NOS NOSSOS FILHOS”
John Glance é um musico californiano de 55 anos. Posa junto da paisagem que rodeia a sua casa, calcinada por um incêndio em Setembro último. Os fogos são cada vez mais frequentes e violentos na Califórnia, devido às altas temperaturas: “Creio que temos que pensar nos nossos filhos e netos, porque eles perguntarão um dia :em que é que vocês estavam a pensar?”.
“O GRANIZO PARECE PEDRA”
António Esposito é um Agricultor Italiano de 55 anos. As tempestades de granizo estão a aumentar no sul da Itália e estão a converter-se num grande problema para os agricultores. Uma tempestade de granizo em Maio passado destruiu completamente a horta de melancias de Esposito: “ O que cai não é simples granizo, são pedaços de gelo do tamanho de uma pedra”.
“ A SITUAÇÃO DOS GLACIARES É DRAMÁTICA”
Johann Kaufmann de 36 anos é director de guias de montanha na Suiça. Os glaciares, a grande atracção turística da zona onde vive, estão em nítido retrocesso. Ele é directamente afectado: “É dramático o que se está passando. Devido ao aumento da temperatura não se forma gelo suficiente para alimentar o glaciar, nem para manter o seu equilíbrio”.
“NÃO QUERO IR VIVER PARA OUTRO LUGAR”
Taibo Tabokai de 15 anos vive numa aldeia inundada no atol de Abaiang. A sua aldeia,Tebunginako já perdeu um faixa costeira de cem metros: “Veio gente de fora que nos reuniu a todos para nos explicar que não devemos ter esperança, que podemos perder tudo o que temos aqui. Não quero ir viver à força para outro lugar”.
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