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sexta-feira, 19 de março de 2010

O Exemplo Francês

Da esquerda para a direita, Marie George Buffet, do PCF, Martine Aubry do PSF, e Cécili Duflot dos "verdes", ontem à saida da reunião no Café Industrie, em Paris - Foto de Philippe Wojazer/Reuters/Libératrion


Para lá do “futubolês” , do decadentista PEC, da ridícula “lei da rolha” e das trafulhice e negociatas socráticas, o mundo continua a rolar para lá do nosso provincianismo.

Em França, depois da estrondosa vitória da esquerda desse país na primeira volta das eleições regionais, foi dado um passo histórico.

A dois dias da segunda volta os três partidos e movimentos da esquerda francesa resolveram unir-se para derrotar a direita na segunda volta das regionais que se realiza domingo.

Uma primeiro acordo foi ontem assinado no café Industria, em Paris, entre as três líderes da esquerda, Martine Aubry pelo do Partido Socialista Francês, Cécile Duflot, pelos “verdes” do movimento “Europe Ecologie” e por Marie George Buffet, do Partido Comunista Francês, em nome da Frente de Esquerda liderada por este partido.

Ainda há pouco tempo os comentadores do costume, cá deste lado, auguravam um péssimo futuro à nova líder do PS francês, que derrotou a neo-liberal Ségolène Royal, esta uma espécie de José Sócrates de sais lá do sítio, derrotada nas presidenciais de 2007 por Sarkozy, mas que era a menina bonita desses comentadores e da actual liderança do PS português.

Agora Aubry conseguiu um resultado histórico nas regionais e prepara-se para assumir uma alternativa de esquerda a Sarkozy unindo-se sem complexos à restante esquerda.

Os resultados obtidos mostram que, quando os socialistas assumem, sem complexos, uma postura de esquerda, os resultados surgem.

Um exemplo para o que resta da esquerda no PS. É que, depois do “furacão” Sócrates, os socialistas portugueses devem preparar-se para uma longa travessia no deserto, da qual só se salvarão se recuperarem os seus valores de esquerda.

Claro que, se o PS francês não é, felizmente, o PS português, também o PC francês nada tem a haver com o conservadorismo ideológico do PCP, nem os “verdes” do lado de lá dos Pirenéus são os radicais “fracturantes” do Bloco de Esquerda.

Talvez fosse bom à esquerda portuguesa, aproveitando a previsível travessia do deserto, para o qual contribuiu com muita areia, aproveitar a longa viagem que se avizinha para a estudar e aprender com o exemplo francês.

2 comentários:

Unknown disse...

A grande diferença entre o P.S português e o françês, é que Socrates tem o grande complexo da esquerda, e com estas politicas de alianças à direita, vai de facto fazer como diz uma grande travessia no deserto.
Cómo é que este partido se pode advogar de esquerda se as suas politicas são maiorotáriamente de direita, e contra os que produzem riqueza.Ainda agora com o PEC, que de certeza vai ser aprovado pela maioria de direita, vai mais uma vez contra quem trabalha, e não contra as grandes fortunas deste país.´
É de facto lamentável o que lemos todos os dias nos nossos jornais, é só corrupção vindas dos lados do P.S., e só jobs for the boys.

Venerando António Aspra de Matos disse...

Nem mais!