O professor da Universidade do Porto Luís Fernandes, na sua crónica de hoje do Público, intitulada “Se conduzir não Leya” chama a atenção para uma notícia, publicada no Jornal de Notícias no passado 9 de Fevereiro, segundo a qual a editora Leya mandou destruir dezenas de milhares de livros.
A notícia do JN referia que dezenas “de milhar de livros da autoria de Jorge de Sena, Eugénio de Andrade, Eduardo Lourenço e Vasco Graça Moura, publicados pela ASA ao longo da última década, foram destruídos recentemente pelo Grupo Leya”
Segundo um ex-editor da ASA que denunciou a situação, em “média, foram destruídos 90% dos livros disponíveis, restando escassas dezenas de exemplares de cada obra.
“Nos 96 títulos atingidos, incluem-se obras marcantes como "Daqui houve nome Portugal", uma antologia de verso e prosa sobre o Porto organizada e prefaciada por Eugénio de Andrade, e "21 retratos do Porto para o século XXI", uma edição comemorativa dos 150 anos da morte de Almeida Garrett que inclui textos, pinturas, desenhos e fotografias de dezenas de autores”.
Ainda segundo Cruz Santos, actual responsável da editora e livraria Modo de Ler, “a medida "é um acto anticultural gravíssimo" e poderia ter sido evitada se a Leya tivesse seguido a sua sugestão de oferecer os livros em causa a escolas, hospitais ou prisões".
É isto que acontece quando a cultura, tal como a educação, a saúde , a comunicação social ou a segurança social, se tornam negócio apetecível, levando a que entrem em jogo os tubarões do mundo financeiro que investem em tudo o que lhes cheire à obtenção de lucros rápidos e chorudos.
Não é pelo amor à arte e à cultura que essa gente se torna proprietária de editoras, livrarias, salas de cinema ou títulos de revistas e jornais.
Hoje investem aqui, amanhã, se o lucro cair, destroem tudo, empregos inclusive, e lançam-se noutros negócios mais lucrativos, talvez no fabrico de enchidos ou no negócio das sucatas.
Alguém dizia que, no tempo da ascensão do nazismo, quem começa por queimar livros acaba a queimar homens.
Hoje, porque isso não é politicamente correcto nem economicamente rentável, essa gente que "governa" a economia deste país “limita-se” a queimar empregos e salários...e livros!
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