Pesquisar neste blogue

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Quer o Bloco de Esquerda ser o “Chega da Esquerda” ??

 


Estou à vontade.

Tenho votado algumas vezes no Bloco de Esquerda (BE), talvez tantas como no PCP e um pouco menos no PS.

Não alinho na absurda comparação entre o “Chega” e o “Bloco”, nem confundo “radicalismo” com “extremismo”.

Ser-se radical é uma coisa, ser-se extremista é outra.

O PCP e o BE são radicais, no bom sentido, goste-se ou não,  que é o de “ir à raiz dos problemas”, ser incisivo, convicto, ter valores de que não prescinde e bater-se coerentemente por ideais, coisa fora de moda, eu sei, mas que muito prezo.

Por isso, confundir radicalismo com extremismo, só por ignorância, má-fé e preconceito ideológico.

Como já explicou José Pacheco Pereira numa das suas últimas crónicas do Público, goste-se ou não deles, o BE e PCP evoluíram do radicalismo por vezes próximo do extremismo para o respeito e a integração nas instituições da democracia liberal, mesmo que recorram por vezes a uma retórica que parece contrária a esses valores.

Já o “Chega” tem como objectivo subverter o sistema democrático, apontando como modelo a seguir o dos países de Vilvegrado , os tais da “democracia iliberal”(está escrito no seu programa) e defende uma série de atitudes socialmente aberrantes (basta dar uma vista de olhos pelo seu programa).

Espanta-me por isso que a evolução recente do BE seja a de alinhar pelo mero protesto, como se viu agora pela desaprovação do Orçamento de Estado, um dos Orçamento mais “à esquerda” do regime democrático. Não sendo o ideal há sempre a possibilidade de se abster, não o de votar ao lado da direita, uma direita que ainda por cima navega ainda mais à direita do que estamos habituados.

Na história da esquerda portuguesa, se tivermos comparação possível no extremismo de esquerda como extremismo de direita do “Chega”, ele só se pode fazer com os anarquistas dos primeiros tempos, os bombistas das FP-“25 de Abril”, a retórica dos maoistas do MRPP ou do PCP(ml), nunca com o PCP ou com o BE, muito menos na história recente desses partidos.

Por isso espanta-me a recente evolução do BE.

Será que o BE se quer transformar no “Chega” da esquerda, embarcando no discurso da intolerância e do populismo descabelado, embora de sinal contrário?

Esperamos bem que não e que seja uma mera desorientação momentânea face à gravidade da situação em que se vive.

 

 

Sem comentários: