A edição de hoje do jornal “Público” revela que, em média,
os salários dos presidentes das empresas do PSI-20 ( as mesmas que desviam os
seus lucros para paraísos fiscais), subiram 5,3% em 2011, apesar da crise
actual.
Mas o mais surpreendente encontra-se no interior das páginas
desse jornal, onde se fica a saber que, em média, esses salários são…44 vezes
superiores à média do que pagam aos seus trabalhadores.
Os casos mais escandalosos são, e por esta ordem, a PT, onde
o salário dos seus gestores chega a ser …127 vezes superior ao que é pago aos
seus trabalhadores, seguindo-se a Jerónimo Martins (Pingo Doce e outros), com
salários 110 vezes superiores ao da média dos empregados, sendo, aliás, esta
empresa a que paga em média os salários mais baixos do PSI-20 (seguindo-se ,
neste caso, a PT…), a SONAE, em terceiro lugar, pagando aos seus
administradores 71 vezes mais do que paga aos seus trabalhadores, sendo estes
também os terceiros mais mal pagos desse conjunto de empresas.
Acima daquela média, já de si escandalosa, seguem-se: a
SEMAPA (57 x mais) e a Galp (56 x mais).
Entre aquelas que pagam mais de 20 x aos seus gestores, em
relação ao que pagam aos seus trabalhadores, estão a CIMPOR (38 x), a Portucel
(33x), a ZON (31x),a EDP (27x), o BPI e
o BANIF (26x),a Sonae Com (24x) e o BCP
(23x).
Um leque salarial com uma diferença superior a 20 vezes no
seu seio parece-me discutível e escandaloso nos dias que correm, num país como
o nosso.
Esta deve ser a única crise que não atinge os bancos e as
grandes empresas, nem os seus gestores de topo ou, se atingidos, muitas vezes por irresponsabilidade própria, são os seus próprios trabalhadores e os contribuintes e cidadãos em geral que têm de se sacrificar para que as elites que dirigem essas empresas não percam o seu estilo de vida.
Como dizia um amigo meu, num sistema capitalista a liberdade
individual mede-se pelo rendimento disponível de cada um.
Sendo Portugal um dos países onde existe maios desigualdade
entre os muito ricos e os muito pobres, que se reflecte também no escandaloso
leque salarial aplicado nessas empresas, é caso para dizer que essas diferenças
reflectem também a diferença de liberdade que cada um tem para gerir o seu
destino.
O pior de tudo é que muitos dos gestores dessas empresas, ou
outros por eles, são os mesmos que vêm para a televisão e para a comunicação
social defender cortes e congelamentos
salariais dos trabalhadores, que acusam de “viver acima das suas
possibilidades”.
Olhando para os salários dessa gente ficamos a saber o que é
que eles querem dizer com “salários altos” e com “viver acima das nossas
possibilidades”…
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