Parece que a Alemanha se está a por a…jeito.
Ao modo pouco edificantes como as suas lideranças ( com a
srª Merkel e o seu tenebroso ministro
das finanças [que parece inspirado no
“alemão” do filme “Dr. Estranhoamor” de Kubrik] à cabeça) tem vindo a
chantagear a Europa em geral e a Grécia em particular para lhes impor um modelo
de austeridade que só vai gerar mais miséria e alimentar os extremismos,
junta-se agora a sua imprensa “local” de “referência” como o Der Spiegel.
A Alemanha devia ser a primeira a olhar com alguma humildade
para a sua história e saber a diferença entre impor o “Tratado de Versalhes”
aos países em dificuldades, em vez do “Plano Marshall”.
A Alemanha e os alemães que legitimam aquele tipo de
lideranças, deviam recordar-se de três ou quatro coisas, a saber:
- as suas elites financeiras e empresariais tem
maioritariamente raízes na acumulação de capital conseguida com o trabalho
escravo dos judeus e dos presos políticos durante o nazismo, situação que foi
maioritariamente perdoada no pós guerra, em nome da solidariedade dos
vencedores ocidentais para como um país totalmente destruído e que precisava
dessas empresas e desses sectores financeiros para recuperar;
- pela mesma razão referida acima, à Alemanha foram perdoadas
as indemnizações de guerra devidas pela destruição causada pelos seus exércitos
e pelas lideranças nazis em vários países da Europa, entre os quais a Grécia;
- em nome da solidariedade, em vez de lhe ser imposto um
novo “Tratado de Versalhes”, foi-lhe proposto o Plano Marshall, em condições
muito vantajosas para a recuperação económica da Alemanha ocidental;
- a Alemanha ocidental foi aceite como fundadora da CEE,
permitindo-lhe recuperar o mercado perdido com a guerra e com a criação da RDA,
tendo beneficiando do alargamento continuado desse mercado, sem esquecer o
papel que os emigrantes oriundos do sul (Itália, Espanha, Portugal..) tiveram
na recuperação da economia alemã;
- por ocasião da unificação alemã, mais uma vez, em nome da
solidariedade europeia, todos os cidadãos da União Europeia tiveram de
contribuir, mais ou menos directamente, para o esforço de recuperação da nova
Alemanha, com contenção salarial, com aumento de impostos…;
- a criação do euro, da forma atabalhoada que levou à estagnação
e à crise nos países que aderiram a essa moeda,
mais uma vez beneficiou quase exclusivamente o sector financeiro alemão.
Será que os alemães pensam que, a partir de agora, e porque
ainda revelam algum crescimento numa Europa em recessão (até quando?), podem
fazer o seu caminho sozinhos ou apenas com alguns aliados de circunstância? Se
é isso que pensam, então talvez seja tempo para começarem olhar para leste e de
se interrogarem se pretendem enfrentar isoladamente, ou com a má vontade da
generalidade dos cidadãos europeus, fartos da arrogância alemã, a futura
recuperação dos objectivos imperialistas russos [o recente resultado das
eleições na Sér via são um forte sinal que a União Europeia está a deixar de
ser atractiva para esses povos, surgindo a Rússia com alternativa…].
E já agora, pensam os alemães que as suas industrias e o seu
sector financeiro vão conseguir enfrentar sozinhos, com um mercado comum
europeu enfraquecido por uma mão-de-obra barata e uma taxa explosiva de
desemprego, a concorrência económica agressiva e o dumping social praticado
pela China, pela Índia e por outras potências “emergentes”? Acharão por acaso
os líderes alemães e os seus “empregados” da Comissão Europeia que a solução
para enfrentar esses novos desafios, passa por impor na Europa o “modelo
social”(?) chinês ou indiano?
Em vez de andarem a ofender com a arrogância histórica do
costume os países e os cidadãos que enfrentam dificuldades, muitas das quais
por culpa própria, mas muitas delas provocadas pela imposição do modelo de
austeridade alemão, talvez fosse tempo de a sua opinião pública se começar a
interrogar sobre muitas das questões acima referidas.
Nós, os europeus não alemães, estamos cada vez mais fartos
da vossa arrogância, da vossa má fé e do vosso racismo de pacotilha…
Sem comentários:
Enviar um comentário