Aqui há uns dias, no início desta semana, a conhecida
agência de pirataria financeira Moody´s divulgou uma nota sobre Portugal
afirmando que, ao analisar os últimos dados estatísticos, podia afirmar que “o programa” de austeridade “continua no bom
caminho e há espaço para optimismo".
Foi o suficiente para os habituais comentadores e
jornalistas de economia entrarem numa onda de euforia: agora é que é, os
mercados confiam em Portugal, não somos a Grécia…e por aí "afora".
“Esqueceram-se” contudo de alguns “pequenos pormenores”: é que os tão elogiados dados só
foram possíveis com :
- um aumento do
desemprego para níveis nunca conhecidos em Portugal, rondando os 20% e mais de
1 milhão de desempregados;
- cortes radicais nos
salários, que já eram dos mais baixos da Europa, e desvalorização generalizado do factor tarbalho, com reduções drásticas nos direitos do trabalho;
- o aumento da
precaridade do emprego, situação em que vivem mais de 70% dos assalariados;
- o aumento da emigração para níveis idênticos, se não
superiores, aos dos anos 60 e com a agravante de ser constituído maioritariamente
por jovens qualificados ( a tal “geração mais qualificada de sempre”);
- o agravamento geral da situação social do país (alunos que
abandonam os estudos porque não têm dinheiro para estudar; doentes que abandonam
tratamentos por falta de dinheiro, agravamento da saúde mental com graves
consequências pessoais e familiares, adiamento da maternidade, pessoas que entregam as casas aos bancos, aumento generalizado da
miséria e da pobreza….);
- a falência
desenfreada de pequenas e médias
empresas, aquelas que são o sustento económico do país;
- o aumento generalizado dos impostos, que nos colocam ao
nível dos países nórdicos sem que os cidadãos cumpridores tenham benefícios
sociais idênticos aos desses países.
E a "procissão" ainda vai no adro.
Nos próximos seis meses,
quando os Funcionários Públicos deixarem de receber os subsídios de Férias e de
Natal, levando a uma quebra radical do dinheiro em circulação, a maior parte das
situações acima descritas vão-se agravar muito mais.
A euforia só pode ser justificada porque os patrões para os
quais esses comentadores e jornalistas trabalham, os bancos, as grandes
empresas estatais ou privadas, assim como os políticos profissionais, os gestores de topo que lideram Fundações e as
Parcerias Público Privadas, são os intocáveis que beneficiam com todos esses
sacrifício feitos pelos cidadãos.
Ou seja, os “criminosos”, isto é, o sector financeiro e os
políticos que os servem, responsáveis pela actual situação de calamidade
pública, aos quais podemos juntar os que recebem salários e reformas de luxo,
os que beneficiam de isenções especiais e de escandalosos "prémios" e ajudas de custo, os que fogem ao pagamento devido de
impostos, os corruptos de sempre, os branqueadores de dinheiro de origem
duvidosa, continuam a ter razão para estar eufóricos, porque a crise não os
atinge e até beneficiam dos fundos do FMI e da União Europeia, pagando nós, os
cidadãos, os custos dos juros.
Tanta euforia quase fez esquecer um relatório, ontem divulgado pela UNICEF, onde se fica a saber que 27% das crianças em Portugal
estão em situação de carência, apresentando Portugal um dos piores resultados
entre os países analisados. Pior que nós só a Letónia, a Hungria, a Bulgária e
a Roménia .
Se a amostra incluir apenas as famílias monoparentais, essa
percentagem sobe para os 46,5%. Mas a
situação ainda é pior para as crianças cujos pais estão desempregados,
atingindo a percentagem de …73,6%.
A UNICEF alerta ainda para o facto de, tendo esses dados sido
obtidos com indicadores de 2009, o pior para Portugal ainda “está para vir”.
(...já sei, já sei, a srº Lagarde há-de vir dizer que estão melhor que as crianças africanas e que a culpa, para ela que não paga impostos, é dos pais que não pagam impostos...ao que chegámos!!...fazer do nivelamento para os índices de vida africanos o objectivo do FMI para os países europeus!!!...mas isto é outra História!!?)
(...já sei, já sei, a srº Lagarde há-de vir dizer que estão melhor que as crianças africanas e que a culpa, para ela que não paga impostos, é dos pais que não pagam impostos...ao que chegámos!!...fazer do nivelamento para os índices de vida africanos o objectivo do FMI para os países europeus!!!...mas isto é outra História!!?)
Ficamos assim a perceber o optimismo da Moody´s e os custos
para os País, para os cidadãos e em especial para as futuras gerações, que é
manter esses criminosos satisfeitos…
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