Pesquisar neste blogue

sábado, 28 de março de 2009

A propósito de uma efeméride - a luta política republicana na região Oeste,nos anos 30 (T. Vedras, Peniche e Lourinhã) - 1


Nesse dia 28 de Março de 1939 as tropas franquistas entravam em Madrid. As esperanças dos republicanos espanhóis chegava ao fim. Valência e Alicante cairiam nos dias seguintes.
Encerrava-se assim um dos mais negros capítulos da década de 30 do século XX.
As forças nazi-fascistas revelavam-se imparáveis e invencíveis. Pouco mais de cinco meses depois começava a Segunda Grande Guerra.
Por cá, com a derrota republicana em Espanha, Salazar respirava de alívio. Pelo contrário, a oposição, então ainda dominada pelos republicanos, sofria essa derrota como se fosse sua.
Os anos 30 foram marcados, em Portugal, por uma série de revolta militares que procuraram restaurar o regime republicano derrubado no 28 de Maio de 1926.Todas saíram derrotadas.
Em 1933 a ditadura militar deu origem ao “Estado Novo”, regime que se consolidou durante essa década, numa mistura de autoritarismo conservador tradicional com a mística vanguardista do fascismo italiano.
Francisco Horta Catarino foi um homem que viveu intensamente esse período. A sua experiência deu origem a uma edição de autor, publicada depois do 25 de Abril, em 1977, intitulada “Falando do Reviralho (A Roda do Crime contra a Humanidade”, onde, entre outras peripécias, revela o modo como se viveu esse período na região Oeste, em Peniche, na Lourinhã, emTorres Vedras, e no Sobral de Monte Agraço.
São alguns desses acontecimentos que hoje aqui recordamos.

Francisco Horta Catarino – o percurso de um resistente

O contacto de Francisco Catarino com a acção republicana iniciou-se logo em Fevereiro de 1927, de forma involuntária e anónima, pois, trabalhando no Porto nessa data, e ao deparar-se com os militares na rua, logo se ofereceu para participar na revolta. Esta durou vários dias, até se esgotarem as munições, acabando os revoltosos por se renderem, depois de recolherem as armas que distribuíram pelo povo, entre o qual estava Horta Catarino.
Não sendo conhecida a sua participação, nada lhe aconteceu.
No ano seguinte iniciou o seu serviço militar, sendo incorporado num batalhão de recrutas para prestar serviço no grupo de esquadrilhas de Aviação aquartelado na Amadora. Foi progredindo na carreira militar, como cabo, furriel e, mais tarde, sargento.
Quando se dá a revolta de 26 de Agosto de 1931 comandada por Sarmento de Beires (revolta que terminou em Torres Vedras), preparou armamento para o caso daquele militar procurar apoio na Amadora, o que não aconteceu.
Perante mais essa derrota dos militares republicanos, Francisco Horta Catarino decidiu dedicar-se à carreira militar, não se deixando “envolver em conspirações com fins políticos”.
Contudo, as circunstâncias da vida puseram-no de novo em conflito com a ditadura. Escolhido para representar os sargentos da sua unidade militar como correspondente do órgão da classe, a revista “Marte”, publicou um artigo que não agradou às autoridades, vindo a ser detido por causa disso, e por suspeitas, infundadas, de pertencer a uma célula comunista militar, iniciando um percurso de prisões que o acompanharia pela vida fora.
Foi libertado poucos meses depois, após a polícia política ter reconhecido o erro.
O nosso sargento prosseguiu a sua vida militar, sendo integrado no Quartel de Alverca. Aí envolveu-se em actividades conspirativas contra o regime, acabando mais uma vez, em 1934, por ser preso e embarcado para a prisão-fortaleza de S. João Baptista, em Angra do Heroísmo.
Aqui, estando na companhia de outros 18 sargentos na sua situação, concebeu o plano de dinamizar a Organização Revolucionária de Sargentos (ORS).
Em meados desse ano foram libertados . Ao chegar ao continente, Francisco Horta Catarino recebeu guia de marcha para Peniche, onde ficava a residir em situação de residência fixa.
E é a partir deste momento que a sua biografia mais nos interessa .

Sem comentários: